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Melhores livros de fantasia resenhados aqui

Toda boa lista de melhores livros de fantasia não deixa de incluir obras do cânone, como “O Senhor dos Anéis” e as “Crônicas de Nárnia”. No entanto, esta lista segue um caminho um pouco diferente, oferecendo recomendações de leitura igualmente incríveis e dignas de destaque.

1. Duplo Fantasia Heroica e volume 2– Christopher Kastensmidt e Roberto de Sousa Causo

Essas duas edições de 2011 trazem histórias de fantasia ambientadas no Brasil colonial. O primeiro volume traz duas noveletas, “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara”, de Christopher Kastensmidt, e “A Travessia”, de Roberto de Sousa Causo. A primeira é a primeira parte da sequência “A Bandeira do Elefante e da Arara” e a segunda é a continuação da “Saga de Tajarê”, vista no livro “A Sombra dos Homens”. No segundo volume, temos “A Batalha Temerária contra o Capelobo” e “Encontros de sangue”.

Ambas edições trazem texto de alta qualidade. A temática brasileira os posiciona num espaço distante das “tradicionais” narrativas fantásticas, quase sempre apoiadas no folclore europeu.

A série de Christopher evolui com novas histórias e foi lançada na forma de um RPG, A Bandeira do Elefante e da Arara. Um RPG que possui diversos livros de aventuras premiadas.

Roberto Causo é um dos maiores escritores de ficção científica, tendo criado o Universo GalAxis, onde trabalha seus personagens mais conhecidos: Shiroma, matadora ciborgue e Jonas Peregrino, ambos presentes em vários contos, noveletas e romances.

Porém Bruxa – Carol Chiovatto

Uma São Paulo fantástica é apresentada ao leitor em Porém Bruxa. Ísis é uma bruxa monitora, responsável por resolver problemas ligados ao sobrenatural em sua cidade.

Com sequestros, assassinatos e mistérios em seu caminho, Ísis conta com a ajuda de um grupo de amigos diverso para solucionar um grande mistério e enfrentar uma terrível ameaça sobrenatural.

Neste universo, um mundo mágico, bem brasileiro, se constrói misturando o cotidiano de nossa maior metrópole com diversos tipos de magia incluindo a presença de pajés, orixás, portais dimensionais, sociedades secretas, entre outros.

Além de tratar de um mistério, a trama percorre alguns temas atuais, como a diversidade, preconceitos, sexismo, intolerância religiosa, relações abusivas, as más influências que líderes religiosos inescrupulosos podem ter sobre seus fiéis etc.

A autora é habilidosa e combina humor, uma boa construção de personagens, os dramas da protagonista, com uma trama que mantém acessa a curiosidade do leitor.

Para quem curte fantasia urbana, é uma excelente oportunidade de ler uma obra do gênero que consegue se sustentar muito bem no contexto tupiniquim.

Últimos Deuses – Eric Peleias e Hiro Kawahara

Essa HQ tem uma premissa muito interessante: o que aconteceu com os deuses que eram cultuados por povos antigos? Se existiram, por onde andam?

Nessa história, deuses que não são mais adorados correm risco de extinção.

Sol é uma mortal que descobre, no meio de montanhas nevadas, sem querer, o refúgio de antigos deuses liderados por Odin.

Enquanto isso, Isimud, um imortal, perde sua companheira humana. Seu sofrimento é grande, o que o leva a unir-se a outros deuses com o propósito de realizar um sacrifício e libertar um deus aprisionado que tem o poder de trazer os mortos de volta à vida.

A arte de Hiro Kawahara é de traços bem expressivos e sintéticos. Sua narrativa visual estabelecer uma atmosfera muito interessante capaz de envolver o leitor.

Nas belas 96 páginas coloridas dessa HQ, ele e Eric Peleias reimaginam e trazem à vida deuses de diversas mitologias como Rá, Odin, Hercules, Fortuna, Quetzalcóatl, Savitar, entre outros.

Se os humanos oram para os deuses, para quem os deuses oram?

Jack London e a Criatura de Salmon Pond – Ana Lúcia Merege e Allana Dilene

Sinopse

“Jack London e a Criatura de Salmon Pond” traz como protagonista o escritor Jack London (1876 – 1916), cuja vida foi uma sucessão de viagens e aventuras. Muitas serviram de base para seus livros, e estes, por sua vez, inspiraram as autoras Ana Lúcia Merege e Allana Dilene a imaginar uma nova história vivida por Jack. Ambientada no Klondike, na época da corrida do ouro, ela traz uma série de incidentes envolvendo uma misteriosa criatura, que poderia ser um lobo, um cão de trenó… ou algum outro ser, desconhecido e assustador. Esse livro se destina a leitores de aventura, aos aficionados por histórias de lobos e lobisomens e aos que curtem narrativas que criem uma atmosfera de suspense e terror na medida certa.

Este é um livro que mistura personagens reais com uma narrativa fantástica, num cenário gelado e inóspito do oeste do Canadá.

Escrito em parceria pelas autoras Ana Lúcia Merege (que já entrevistamos) e Allana Dilene, traz aos leitores uma narrativa de mistério, na qual, o jovem Jack London colabora com a investigação de uma série de assassinatos ocorridos nas imediações da fictícia Salmon Pond.

A investigação das mortes é conduzida por um policial chamado Slocum que encontra na figura de Jack London, tanto um ajudante, como um “entrave”. É uma história essencialmente de mistério policial, então um pouco da leitura é conduzida pelas perguntas: quem é o assassino e qual sua motivação para os crimes?

A própria capa e premissa e sinopse do livro já entregam um pouco o possível aspecto sobrenatural como motor da trama, não acredito que os leitores terão surpresas nesse aspecto, mas não significa que seja fácil descobrir o assassino antes da revelação (eu não consegui).

O foco da narração flutua entre personagens e é bem conduzida, exceto por um pequeno trecho, mas não chega causar nenhuma dificuldade de compreesão.

Além da expectativa em relação ao desfecho do mistério, a obra poderá agradar pela forma que apresenta bem os persoangens e as exóticas locações do “interior selvagem” do Canadá ainda no momento que vinha sendo desbravado. Ali vemos como vivem homens e mulheres que se submeteram a estar num local de clima inóspito à busca de riquezas como ouro, assim como a presença dos nativos indígenas da região, que cumprem grande papel na trama.

Em relação ao tamanho do livro, achei bom, e certamente vai agradar quem busca por uma leitura rápida. Acho que me faltou olhos para ver outras coisas interessantes, pois devo admitir que nunca li uma obra do escritor Jack London. De qualquer maneira, o livro tem um interessante posfácio que me deu maiores informações sobre o autor e gerou o interesse para conhecer sua obra. Tive curiosidade para procurar Klondike no Google Maps, e seja coinciência, ou não, caí extamente “em cima” do Museu Jack London.

Enfim, é um livro de mistério curto, bem narrado, com um toque de sobrenatural e desfecho satisfatório. Uma boa pedida!





Mistério de Deus – Roberto de Sousa Causo

Mistério de Deus é um romance de fantasia urbana ambientado na cidade de Sumaré, interior de São Paulo, no início dos anos 1990.  A trama se desenrola numa cidade do interior que representa bem um microcosmo do Brasil. Onde vemos gente honesta e trabalhadora, desigualdade social, violência urbana, políticos e polícia corrupta e traficantes de droga. Ali, a Gangue do Maverick ronda a região num possante e envenenado carrão preto, assassinando pessoas sem relevância social, como indigentes e prostitutas e os coletando seus corpos para fins macabros. O protagonista do livro, Alexandre Agnelli, tinha acabado de sair da prisão, e sua aparência e situação lhe conferiam o perfil perfeito para se tornar mais uma vítima dos assassinos, mas escapa por pouco e toma como missão pessoal, enfrentá-los.

O romance é volumoso (600 páginas) e numa narrativa progressiva, introduz lentamente elementos do sobrenatural e horror. Ligados por laços de amizade, amor e do destino, outros três personagens se juntam a Alexandre nessa cruzada contra as trevas. Seu melhor amigo, João Serra, sua ex-colega de escola, Soraia Batista e o policial militar novato Josué Machado. 

Serra é apaixonado por automobilismo e possui um carro preparado, um Dodge Charger branco. Ele também já teve experiências como piloto profissional e já foi um dos mais famosos corredores de racha da região.

Soraia sempre foi a paixão de Alexandre, desde que eram mais jovens, é uma professora de inglês de escola pública e descobre, ao longo da trama, possuir mediunidade ostensiva, de modo que é ela que vem a descobrir pistas de algo sobrenatural e sombrio ligado às atividades da Gangue do Maverick. 

Por último, Josué é um policial recém formado, honesto, idealista e temente a Deus, que passa a ter sérios problemas adaptação junto aos policiais corruptos com que precisa trabalhar.

Algo muito interessante e que dá o colorido da obra é a exploração da subcultura de carros preparados (muscle cars) e corridas ilegais. Neste aspecto, o livro rende boas cenas de ação com características cinematográficas. Por outro lado, o livro é bastante ancorado na realidade brasileira e dá ao leitor, mesmo sem nunca ter visitado Sumaré, uma noção muito próxima daquela realidade, na medida em que usa bem a extensão do livro para propor um mergulho em personalidades, estabelecimentos, bairros, etc. Assim constrói uma imagem forte não só da cidade, mas de seus habitantes e de alguns aspectos da cultura nacional. Se o romance Xógun, de James Clavell dá ao ocidental uma possibilidade de mergulho profundo no Japão medieval, Mistério de Deus proporciona ao leitor um mergulho semelhante num recorte do microcosmo brasileiro do início dos anos 1990.

Outro aspecto que vale destacar e elogiar no romance é o estudo de personagens. Alexandre, Soraia, Serra, Josué, dois dos antagonistas, e diversos outros personagens secundários, são muito bem trabalhados. Nós vemos personagens tridimensionais, redondos, com perfis psicológicos diversos, fraquezas e hesitações que os tornam muito críveis e humanos.

O livro não se resume a uma caça e investigação em linha reta que levaria à solução do mistério em torno da gangue do Maverick. A linha de investigação leva a caminhos incertos e desenvolvimentos secundários e também, à própria construção de elos entre os personagens. A forma com que o relacionamento entre os personagens evolui, em paralelo às investigações, é cativante, de modo que é tão interessante desvendar o mistério, como observar a evolução nos arcos dos personagens. Dentro desse espírito de fazer a trama maturar lentamente são revelados outros personagens, como políticos e traficantes que Alexandre e Serra confrontam, mesmo antes de terem elementos suficientes para partir para o confronto derradeiro e da entrada do romance no segmento onde se explicita o aspecto de horror e sobrenatural. Para aqueles que apreciam o gênero de horror, vale o aviso de que a presença direta desses elementos é reduzida, mas quando surge, causa forte impressão. A revelação final e o próprio confronto com a criatura por trás da Gangue do Maverick também possui fortes características gráficas e as descrições dariam ótimo lastro para uma adaptação da obra para filme ou minissérie.

O livro tem ligações com o romance Anjo de Dor (2009), que ainda não lemos, e o tipo de narrativa dialoga com com o romance de fantasia urbana, A Corrida do Rinoceronte (2006), ainda que este último seja um romance muito mais curto.

O autor de Glória Sombria e Mestre das Marés, que são parte de uma das mais empolgantes séries de ficção científica nacional, mostra, nesse romance, outro aspecto de sua versatilidade, uma capacidade de mergulho mais fundo na psique dos personagens criados e também a forma crua e explícita de descrever o horror sobrenatural.

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