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A Fúria dos Reis – George R. R. Martin

Fúria dos ReisFiquei devendo essa resenha também (terminei de ler o livro uns meses atrás). Considerando os aspectos gerais da obra, acho que vale tudo o que dissemos sobre o primeiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo, A Guerra dos Tronos, e não vamos repetir.

O autor segue com a mesma estrutura do primeiro livro, cada capítulo revela parte da trama sob o ponto de vista de um personagem. Temos dois novos “portadores de capítulo”, Theon Greyjoy (que já vimos no primeiro livro) e Davos, um cavaleiro de origem popular que serve Stannis Baratheon, a um dos reis que disputam o trono dos Sete Reinos. Os Stark ainda tem a maioria da participação. Para se ter uma noção da ênfase dada a cada personagem, contamos, três com Davos, Cinco com Daenerys, 7 capítulos para Catelyn e para Bran, Jon e Sansa empatados com oito, Dez para Arya, e o grande “vencedor” com quinze capítulos: Tyrion.

Sob este ponto de vista notamos que o autor parece ter crescido seu gosto por Tyron, que continua sendo o personagem mais interessante da série até então. A linha de estória de Arya também é muito interessante, coincidentemente é a minha segunda personagem favorita.

O segundo livro também é muito bom, mas um pouco menos encantador que o primeiro. É um livro de meio de série dá aquela sensação de saindo do meio de algo e de chegar a lugar algum. As múltiplas tramas e personagens “redondos”, com seus vícios e virtudes, continuam o ponto forte a obra. Um retrato um pouco amargo e violento da natureza humana. A magia (e religião) que apareciam timidamente no primeiro volume, revelam-se mais presentes na continuação e causando consequencias fortes no curso da estória.

A trama principal gira em torno da disputa pelo trono dos Sete Reinos (ou sua divisão em feudos) entre Joffrey Baratheon, Stannis o irmão mais velho (vivo) do rei Robert, do caçula Renly, Robb Stark (o rei do Norte) e Balon Greyjoy (das Ilhas de Ferro).

Em termos de expansão gradual do universo criado, o leitor irá conhecer mais da história pregressa à cronologia presente enquanto visita uma nova locação nos Sete Reinos, as Ilhas de Ferro sob o olhar de Theon Greyjoy que finalmente regressa a seu lar após longo exílio. Já a jornada de Daenerys mostra mais do mundo ao leste, em especial a cidade Qarth, um lugar cheio de facções de poder. Os dragões da herdeira dos Targaryen chamam a atenção de muitos por aquelas bandas e podem trazer vantagens ou problemas à líder do pequeno bando de Dothrakis remanescentes do grande grupo liderado pelo seu falecido esposo, Khal Drogo.

Bom, o objetivo não é ficar contado detalhes da estória e constituir “spoilers”… Neste sentido o resumo é que: é ligeiramente menos empolgante que o primeiro, as características da obra se mantém e novos horizontes são abertos. Nos deixa um bocado curiosos o que ainda vem por aí… Sete livros de “mil páginas” (versões em inglês) cada… De certo, quando completa as Crônicas de Gelo e Fogo serão uma das mais longas sagas de fantasia já produzidas.

Neste meio tempo, fiquei conhecendo esse site muito bacana com notícias e resumos completos dos livros da série, vale dar uma conferida: http://towerofthehand.com/

 

Veja o livro no site Próxima Leitura.

Novos formatos eBook para Maré Vermelha

Maré VermelhaEstá disponível,  em novos formatos, para download, ou leitura online, o romance Maré Vermelha.

Novos formatos: Leitura Online (HTML), Leitura Online (JavaScript), Kindle (.mobi), Epub (formato genérico para vários e-readers (Stanza, iPad, iPhone, Android, etc), PDF (em retrato, bom para imprimir), RTF (para editores de texto, bom para reformatar e imprimir), LRF (para Sony Reader) e Palm Doc (PDB) (para dispositivos Palm)! Baixe ou leia aqui! (na mesma página você pode baixar o primeiro livro da série, Olhos Negros)

Para quem sentir falta de cabeçalhos, numeração, etc, nestas versões, isto se deve ao fato de termos seguido o manual de boas práticas para formato eBook da Smashwords. Segundo o manual do serviço, menos itens de formatação proporcionam arquivos mais flexíveis e adptáveis a uma gama maior de dispositivos leitores de eBooks. Pequenos desvios de formatação entre versões diferentes de arquivo também são esperados, uma vez que os arquivos são gerados por um processo automatizado. Considero os desvios e perdas pequenas e vale a pena a conversão para ampliar compatibilidade com uma gama maior de dispositivos de leitura.

Além dos novos formatos, continuamos com o antigo PDF com diagramação especial (em paisagem para leitura em tela) e no leitor on-line (este mesmo PDF convertido) pela ferramenta issuu.com.

Boa leitura!

A Sombra dos Homens – Roberto de Sousa Causo

Sombra HomensA Saga de Tajarê: Livro 1

Editora: Devir
Páginas: 120
Ano: 2004

O livro narra a jornada do índio Tajarê, da Aldeia do Coração da Terra, que é convocado pelas forças mágicas da Terra como seu campeão para cumprir seus desígnios. A Tajarê não agrada cumprir o destino que lhe é apontado, lhe desagradam as mortes e o combate, mesmo assim, o chamado é forte e quase irresistível. O livro reune quatro partes narrativas, algumas das quais foram publicadas separadamente como contos na revista Dragão Brasil. Em A Sombra dos Homens, Tajarê e os seres da Amazônia mítica do século XI encontram-se com uma expedição de vikings vindos da Islândia chefiada pela sacerdotisa Sjala.

Nesta terra fantástica estão presentes criaturas do folclore brasileiro tais como os Uauiaras, botos que assumem forma de gente, antigos Guaranguás (peixes-boi) entre outros. Também se fazem presentes as Icamiabas, mulheres-sem-homem, as amazonas que se instalaram na região após o cataclisma que varreu do mapa a Atlântida. É do confronto de forças antagônicas e fusão de distintas mitologias que a narrativa se forma.

A idéia de resgatar e trabalhar possibilidades contidas num contexto de mitos brasileiros e não cair na “mesmice” de recorrer a referências estrangeiras tais como elfos, dragões, lobisomens e vampiros é louvável. Há muito potencial de desenvolvimento narrativas de literatura fantástica elementos do folclore brasileiro, ou mesmo da proto-nação brasileira.  A obra leva o leitor a um ambiente que recria uma espécie de mitologia brasileira, na realidade, dos povos indígenas que viviam no Brasil antes de seu descobrimento (e da formação da identidade da nação brasileira). Nesta linha o autor buscou incutir na linguagem utilizada trejeitos próprios de uma comunicação aproximada de linguagem indígena. Confesso que me falta conhecimento para atestar se é apropriada a forma pela qual o autor distorce o uso do português para aproximar de uma forma narrativa indígena. O efeito é curioso, mas trouxe consigo uma desvantagem que foi dificultar o entendimento da narrativa e, em alguns casos, torná-la um pouco enfadonha devido à repetição excessiva dos nomes dos personagens como forma universal de referência e tratamento. Outro aspecto negativo é a concatenação dos segmentos da história. Parece que como foram constituídos como contos separados, a junção das partes não cria um todo com continuidade fluida.

O livro tem também um interessante artigo por Bráulio Tavares intitulado: O herói e a sombra dos homens. Este procura situar a obra do autor e no contexto da literatura fantástica. Talvez, numa próxima edição, o artigo estivesse mais bem situado após a narrativa, na forma de apêndice (spoilers).

O balanço final é que é um livro um pouco difícil de digerir, apesar de ser curto. É corajoso no sentido de explorar uma temática pouco explorada por nossos autores de literatura fantástica. É um apontador de caminhos para que mais autores se desafiem a criar histórias fantásticas que escapem dos moldes de mitologias estrangeiras que muitas vezes tem pouca ou nenhuma relação com nossa identidade. Ainda há muito que explorar no fantástico e folclore brasileiro, em especial, neste subgênero de “capa e espada” (sword and sorcery) ou como o próprio autor chamou em seu fanzine, Borduna e Feitiçaria.

Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas.

Publicado em 2007 pela editora Planeta, pelo jovem autor estreante e roteirista Raphael Draccon, um livro que prometeu criar um universo que resgatasse o espírito juvenil da série animada cultuada nos anos 80, Caverna do Dragão. Cabe aos leitores conferirem, mas em minha opinião, o livro oferece um outro tipo de estória, divertida, sombria e instigante e que destrói e reconstrói personagens familiares ao nosso imaginário coletivo.

Como Raphael Draccon furou a fila.

Soube deste livro através de uma divulgação na Internet, há alguns meses. Chegando ao site oficial de divulgação da obra, pensei: “mais um autor de Fantasia Nacional conseguindo publicar… Que bom! E, é claro, mais um livro para minha concorrida fila de leitura”. Como de costume, fiz minhas malas para participar do EIRPG e especialmente do Fantasticon. Minha primeira atividade no evento foi participar de encontro do GELF, Grupo de Estudos de Literatura Fantástica, presidido pela criadora do GELF, a carismática escritora Rosa Rios. O tema foi “Contos de Fadas: Arquétipos e Fantasia através dos séculos” e fizemos leitura e discussão de textos relacionados a contos de fadas. (para detalhes, nada melhor que ler o relatório no Blog da Rosana). Acontece que o quinto texto, era justamente extraído o livro Dragões de Éter e os comentários da Rosana foram responsáveis pela “furada de fila” da obra do Raphael. Assim, saí do evento com uma cópia adquirida que já comecei a ler durante minhas férias, tendo passado por São Paulo, Ubatuba e Paraty.

O Livro

Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas – se passa em uma terra fantástica chamada Nova Ether, um mundo sem deuses, mas repleto de Semideuses e suas criações: Homens, trolls, anões, fadas boas e fadas corrompidas. Estas últimas ao ensinaram os segredos de magia negra às mulheres, deram origem às temíveis bruxas. Não há um protagonista na narrativa de Draccon, exceto talvez o próprio narrador, que participa ativamente da estória, abusando de seus “super-poderes” de contador de estórias, procurando sempre deixar narrativa mais instigante.

O livro é dividido em três atos e é composto por uma seqüência de capítulos curtos, o que facilita a leitura, mesmo quando se está com pouco tempo. De forma sempre alternada, somos introduzidos aos principais personagens da trama: Ariane Narin, os irmãos João e Maria Hanson, os também irmãos, príncipe Axel Branford e Anísio Branford, o pai destes, o Rei Primo Branford e mais uma dúzia de figuras importantes da cidade de Andreanne, capital do reino de Azarllum. Bom, você poderia dizer, e daí? O que este livro tem de ruim, ou de bom? Bem, eu diria, vamos por etapas.

Novos contos de Fada que ora surpreendem e ora dão arrepios

Com poucos minutos de leitura, começamos a perceber, além da personalidade forte do narrador, a grande sacada desta estória. A reutilização e reformulação de personagens dos contos de fada, tais como Chapeuzinho Vermelho e o infame pirata Capitão Gancho. Além disso, há criação de novos personagens baseados no contexto de histórias de fada e outras referências da cultura pop, como jogos da série japonesa Final Fantasy. Raphael constrói com habilidade uma trama de relações entre tais personagens dando uma perspectiva menos idealizada, algumas vezes explicitando a maldade, crueldade e repugnância de seus vilões, que é usualmente mascarada e atenuada nas versões politicamente corretas de contos de fadas aos quais nos acostumamos a ver, talvez uma conseqüência da divulgação de muitos destes contos pelas animações da Disney. Em contraposição aos contos em que a morte da mãe do Bambi constituiu elemento polêmico, bruxas cruéis e piratas sanguinolentos são vilões que habitam e ameaçam a paz do reino de Arzallum e suas personagens.

Pela estrada afora, eu vou bem sozinha! Levar estes doces para a vovozinha.

Outro aspecto divertido da narrativa de Draccon, é um realinhamento lógico de acontecimentos dos contos de fada. Por exemplo, tomemos a história de Chapeuzinho Vermelho. Que mãe mandaria sua filha de nove-dez anos, atravessar uma floresta potencialmente perigosa, habitada por lobos famintos? O que uma velha senhora de idade faria morando numa casa no meio de tal floresta? Por que o lobo, tendo a oportunidade de encontrar-se com a menina, desprotegida nesta trilha, não a devoraria? Por que e iria esperá-la na casa da vovó? E quem ficaria dando explicações para tais fatos? Afinal, é apenas um conto de fadas, ora bolas! A resposta: Raphael Draccon, que se propõe a responder tais questões, sendo este um dos fatores de boa diversão contida no livro.

Adiante, o que vem?

Sinceramente não sei como está sendo a receptividade da obra de Draccon pelo público. E devo dizer, por tratar-se de uma mistura de elementos e estilos, alguns leitores poderiam não se identificar com a obra. Afinal, há momentos em que o livro parece voltado para um público adolescente, em contrapartida, há momentos em que o autor não demonstra misericórdia. Como quando os vilões aparecem para fazer seu papel, e como mencionei, a crueldade e maldade de seus atos não é mascarada. Assim, temos a contraposição de capítulos leves com romance, bom humor e ação de violência moderada, com alguns momentos na trama que classificaria como no mínimo: sombrios.

Para terminar, gostaria de ressaltar o fato de que a publicação um livro de Fantasia, da envergadura de Dragões de Éter e suas 420 páginas, por um autor estreante, em nosso país, já é por sim um grande feito.

Em segundo lugar, se forem apontados problemas ou críticas ao autor, não deixaria que isso fosse impedimento para seguir em frente. Aprendi isso quando tive uma oportunidade de contato com o incrível autor inglês, Brian Talbot, numa oficina sobre a criação de roteiros visuais para histórias em quadrinhos. O que me marcou, foi uma amostra que autor trouxe de sua primeira obra publicada. Era de fato, um trabalho bem simples se comparado com as obras maravilhosas que o Sr. Talbot vem publicando nas últimas décadas. Quando começou, não dominava todas a as técnicas, mas nunca desanimou e seguiu em frente, para tornar-se um grande autor.

Vejo em Dragões de Éter essa mesma semente. Raphael se apresenta como autor, narrando uma trama complexa, com personagens interessantes e um mundo de fantasia inspirado em contos de fada, vídeo games e cultura pop. Uma boa diversão para aqueles que se identificam com releituras de personagens e estórias de fantasia. E como história bem construída, tem seu clímax no terceiro ato, o ponto em que passei a gostar do livro e relevar meu desejo secreto para que um dos personagens da trama fosse morto: o narrador. Quem sabe no próximo livro?

Fantasticon 2008 – breve relato

E mais uma vez viajamos para São Paulo para participar do Fantasticon!

O Fantasticon 2008 foi mais intenso que o de 2007.

Roberto Causo, fez o favor de escrever um relatório do evento em sua coluna no Terra Magazine. Leiam mais detalhes por lá!

Gostei da oportunidade de conhecer mais pessoas ligadas à literatura fantástica como por exemplo, o Jacques Barcia e Ana Cristina Rodrigues. Ambos com projetos interessantes aí na rede. A revista Kalíopes e o blog letra e vídeo.

Acabei saído de lá com uma cópia do livro Dragões de Eter de Rapahel Draccon. É sempre legal ver mais autores de fantasia sendo publicados.

Segue minha saga de conhecer e divulgar a literatura de fantasia…

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