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Categoria: HQs indies Page 1 of 5

Deby Dreamwalker Instagramável – Luíza Lemos e Marília Aguiar

Esse é um quadrinho de tiras num formato bastante peculiar e criativo. O Formato da HQ em 8 x 15cm simula um celular e é um spinoff da série de HQs produzidas pelas autoras Luíza Lemos e Marília Aguiar.

Esta edição saiu mediante uma parceria com a Skript Editora, e mostra um pouco do cotidiano da Deby, uma garota normal, amante de café, universitária e trabalhadora. Ela divide o apê com sua amiga Júlia e as tiras contam um pouco da sua vida, a convivência com a amiga, suas desventuras amorosas, dificuldades com o professor Fredo e seus estudos, situações chatas que tem que aturar no seu trampo numa comic shop (sebo) e alguns episódios divertidos e psicodélicos ligados aos seus sonhos.

As autoras são corroteiristas da edição, sendo que os desenhos são feitos pela Luíza e as cores pela Marília. Além disso, as autoras dividem diversas responsabilidades na produção da série, como fazer os envios, diagramação, divulgação, etc.

Imagem de um quadro da tira
(Leia a tira completa seguindo o link)

O traço cômico da Luíza Lemos é bem expressivo e as cores da Marília Aguiar seguem uma paleta agradável que dialoga bem com o aspecto onírico e psicodélico da HQ. Outro ponto que me chamou a atenção nas tiras é o trabalho minucioso relacionado aos cenários. É uma coisa que muitas vezes não vemos em HQs no formato de tiras, que se concentram principalmente na representação dos personagens sem dar muita atenção aos cenários.

Já a série, conta com artistas convidados para fornecer diversidade de representação aos episódios oníricos que fazem parte da história. A série teve sua primeira edição financiada via Catarse, já conta com duas edições e tem a seguinte sinopse:

Deby é uma mina normal com todas as dificuldades de ser uma jovem universitária e trabalhadora. Até que em um sonho descobre, através da bruxa Melisandra, que é capaz de acessar os infinitos mundos do Plano Onírico (Mundos dos Sonhos). Melisandra é uma bruxa especialista em resolver problemas relacionados ao Plano Onírico, mediante a um preço, claro. Ao perceber Deby como uma Dreamwalker, tenta recrutá-la. Mas a relação ente as duas não é nada harmônica. O que só torna a vida da garota ainda mais complicada do que já é.

Para adquirir as HQs você pode fazer contato com as autoras em seus perfis do Instagram, ou usar a modalidade do apoio mensa pela plataforma Apoia.se.

Dungeoneers #0 – Marcio Fiorito – Dayvison Manes

Dungeoneers #0, primeiro quadrinho autoral de Marcio Fiorito (Marvel, Valiant, IDW) foi lançado na CCXP 2022, mas tive a chance de adquirir na Feira de Quadrinhos da Casa que rolou de 16 a 18 de dez/22, em Belo Horizonte.

A fantasia medieval e histórias inspiradas em RPG estão entre as minhas favoritas, então, não deu pra resistir…

Esse número Zero tem apenas 12 páginas e é uma pequena introdução da série que o Fiorito pretende produzir. O traço do artista é excelente e, apesar da história curtinha, já consegue passar um clima de tensão e mistério.

Conhecemos um quarteto de aventureiros que vivem num mundo de fantasia e cujo ganhã-pão é explorar masmorras antigas e recuperar tesouros.

A capa é colorida, em papel couché 115 g, o miolo preto e branco, em papel offset 90 g, e estava à venda pelo preço de R$ 15,00.

Dungeoneers #0 foi escrita e desenhada por Marcio Fiorito, com letras e design de Deyvison Manes, as cores da capa são de Alex Guimarães.

Apesar de curtinha, recomendo conhecer o preview, pois temos personagens promissores e arte incrível! Tive oportunidade de bater um papo com o autor e ele está em dúvida quanto ao formato/tamanho para lançamento das próximas edições. Deixei minha sugestão para lançar episódios curtos… Ficamos na expectativa de ver o desenrolar da série!

Abaixo mais algumas imagens do quadrinho:

Márcio Fiorito nas redes:

Ilha dos Ratos – Vinícius Lobo

Faz pouco tempo que escrevemos sobre Caxinã, de Vinícius Lobo. Hora de conhecermos Ilha dos Ratos, a terceira HQ do autor. Nessa obra, Lobo mostra um trabalho mais maduro, tanto no roteiro, arte e narrativa visual que resultou numa obra-prima.

A chegada na ilha

Ilha dos Ratos é uma mistura de fábula, crítica social e história de investigação no estilo Noir. Lobo conta a história épica dos camundongos e ratazanas acompanham os humanos numa embarcação que os leva a um novo território, a farta e paradisíaca Ilha dos Ratos. Ali, os ratos constroem uma cidade próspera que atinge seu ápice envolta em fartura e felicidade. Porém, logo o crescimento desordenado e veloz da população leva a uma crise de profunda escassez de alimentos, evidenciando um problema na organização social dos roedores, a divisão de classes.

Período de fartura

Em meio a essa crise, roedores começar a buscar alimentos em outros lugares da ilha, tomada pelos humanos, enquanto uma série de desaparecimentos misteriosos começa a acontecer. É aí que entram os dois detetives, Hopper e Byers (homenagem a Stranger Things?).

A dupla de detetives foi bem construída e começa a investigar o desaparecimento de Laurindo. No início, a investigação aponta para o problema das excursões para procurar comida, mas acaba se esbarrando numa trama mais pesada e que quando revelada irá exigir grande sacrifício da dupla de detetives. Vale dizer que a história conta bom boas sequências de ação, tiroteio e pancadaria.

Além da trama e personagens, muito bem construídos, vemos uma crítica social na obra. Segundo o próprio autor, usar ratos no lugar de humanos, permitiu que abordasse alguns assuntos pesados com certo toque de leveza, e também explorar algumas metáforas. A obra aborda com maior ou menor profundidade temas como a lealdade, desigualdade, egoismo, religião, racismo, entre outros temas.

Na parte da arte da HQ, vê se os contrastes do preto e branco muito bem utilizados, excelente narrativa visual e cenários muito bem construídos, com destaque para a parte arquitetônica.

Fica aqui a recomendação para a leitura dessa excelente HQ.

Sobre o autor

Vinícius Lobo é autor de quadrinhos desde 2019, quando publicou “Um Apelo à Vadiagem”, história baseada em sua decepção com sua primeira relação profissional com a Arquitetura e Urbanismo. Continuou desenhando durante a pandemia, publicando outra obra, “Caxinã”, que refletia sobre a relação fetichista do Brasil com o militarismo durante a crise sanitária. Em 2021, terminou a “Ilha dos Ratos”, financiada coletivamente. Lobo se dispõe a pensar o mundo cotidiano de forma crítica, mesmo que não expresse diretamente. Suas histórias são construídas a partir de sua relação coma a realidade, quase sempre inconformado, mas sempre esperançoso na mudança.

Auto retrato do Lobo encontrado na lombada da HQ

Visite a loja do Lobo e seu perfil no Fliptru onde você poderá ler algumas HQs no formato digital. Instagram: https://www.instagram.com/lobo.arte/

Caxinã – Vinícius Lobo

Essa foi mais uma das felizes aquisições do FIQ 2022. Caxinã é uma HQ nacional e independente sobre Kaijus, monstros gigantes inspirados em filmes da cultura pop japonesa, como Godzilla. É a segunda HQ do autor e foi publicada em 2020.

Caxinã é nome dado ao monstro e, na minha percepção, protagonista da história. No posfácio, o autor esclarece que “Caxinã é uma referência a Herpetotheres cachinnans, o nome científico do Acauã, a ave do sertão conhecida pelo seu canto de mau agouro que anuncia a aproximação da morte”. E realmente o Kaiju Caxinã é mesmo o arauto da morte!

Acauã (Portal Jeito Nordestino)

A história se passa no país fictício, Antipétria, semelhante ao Brasil em aspectos visuais e culturais, mas um pouco diferente, aqui e ali… A narrativa já começa com a crise estabelecida, ou seja, o monstro gigante está a solta e causando destruição por onde passa.

Os personagens da trama são principalmente políticos e militares. Podemos ver a trama de um lado, mostrando o comportamento dos personagens frente à crise, seus dilemas morais (ou a falta deles) e de outro, as cenas de ação que mostram as tentativas dos antipetrianos de resistir ao ataque do Caxinã.

A arte é toda feita à mão, em branco e preto, inclusive balões e efeitos sonoros, algo a mais a ser apreciado e valorizado na obra.

O desfecho da história é de algum modo poético e reflexivo trazendo algum pessimismo que parece pairar na zeitgeist brasileira… Se você curte Kaijus, fica minha recomendação! Logo mais, vamos comentar aqui sobre outra obra do autor, Ilhas dos Ratos.

Visite a loja do autor e seu perfil no Fliptru onde você poderá ler algumas HQs no formato digital.

Revista do Gato Preto / Ovelha Negra – Daniel Werneck

O gibi de tiras, dois em um, é a mais recente produção do quadrinista Daniel Werneck lançada no FIQ em 2022. O autor também assina produções como Shogum dos Mortos e Shogum dos Mortos – As Sete Faces do Horror.

As histórias têm um humor peculiar que vem desde a concepção dos personagens, às referências a outros personagens e também brinca com a linguagem visual de antigas edições de gibis e folhetins.

O Gato Preto é um personagem que já vimos aqui antes (também adquirido no FIQ, edição de 2018.)

“O lado” do Gato Preto traz tiras que fazem referências e reflexões sobre o nosso cotidiano. Falam de problemas do nosso tempo e constroem o humor baseando-se em acontecimentos e temas de um contexto social que, muitas vezes, não é tão engraçado assim, tais como, a mentalidade autoritária, escassez cultural e contrastes que vivemos na sociedade polarizada, com falta de diálogo e prisão das mentalidades às suas bolhas de conteúdos.

Já “no lado” da Ovelha Negra, temos uma coleção maior de personagens muito interessantes, que expressam um humor próprio das obras do autor, que em alguns casos é não convencional. E no centro da revista, uma surpresa para o leitor, uma incrível viagem interdimensional. Só lendo para ver como é!

O traço sintético do autor conduz o leitor para as piadas e/ou reflexões de cada uma das tiras. Um trabalho autoral que vale ser conhecido.

Contatos do autor:

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