Não é todo dia que você põe as mãos num trabalho que pode chamar de obra prima. Não, não disse que esse livro é a obra prima de Moebius, até porque ainda não li nem metade da obra dele, mas certamente é uma de suas obras primas, uma coisa maravilhosa de se ver e com uma história tão louca que que deixa surpreso quanto aos limites que a imaginação humana é capaz de explorar.Capa de Edena

Foto de MoebiusAntes de entrar na obra em si, cabe falar um pouco sobre o autor, Jean “Moebius” Giraud. Foi um artista francês que trabalhou com quadrinhos e também cinema. Começou sua carreira desenhando um faroeste chamado Blueberry poduzido em parceria com Jean-Michel Charlier. Sua obra de maior reconhecimento, O Incal, foi feita em parceria com Alejandro Jodorowsky. Graças a Editora Nemo, temos acesso a algumas de suas obras aqui no Brasil, como Azrach, As Férias do Major, Caos e a série completa O Mundo de Edena em seis volumes.

Dito tudo isso, vamos dizer que o volume encadernado The World of Edena editado pela Dark Horse é um objeto bonito e bem acabado. Possui 360 páginas e reúne as histórias: Na Estrela, Os Jardins de Edena, A Deusa, Stel e Sra . A saga de Stel e Atan não foi algo planejado inteiramente pelo autor do início ao fim e também, não foi concebida e desenhada num único período. Há um elemento de caos proposital que é marca do autor. Tivemos a chance de acompanhar uma espécie de epílogo à obra na edição da Nemo, no volume 6, Os Consertadores, 54 páginas.

NOBODY MOVE! Quadrinho de MoebiusMoebius é um mestre na construção de personagens e ambientes exóticos. Em Edena, uma dupla de técnicos/mecânicos Stel e Atan, seguem uma estranha pista para uma ampla estação espacial que foi completamente evacuada. A jornada da dupla é longa e após superar alguns obstáculos eles chegam ao mundo de Edena, um planeta lendário no centro do universo no qual há uma natureza exuberante, mas estranha, e que faz referência ao mito do Jardim do Eden e Adão e Eva, porém dentro do contexto da ficção científica. Em Edena, Stel e Atan enfrentarão muitas transformações e provações ao entrar em contato com sua natureza íntima e também descobrir a esquisita civilização do Ninho dirigida pela figura conhecida como Paternum.

O livro é uma jornada visual, mas também existencial. Questiona alguns aspectos de nossa civilização e de seus indivíduos. Difícil não pensar em como nós mesmos somos criados e condicionados a viver dentro de um conjunto de sistemas: de moral, de crenças, de nações, econômicos e sociais. Como cada um de nós, em potencial, se abriga usando máscaras para se proteger do sistema, ou mesmo, para nos fundir ao sistema de modo quase robotizado e irracional. Assim com a sociedade onde vivem os estranhos Pif-Pafs.

Sinceramente, vale mais ver algumas imagens que selecionei da obra, do que continuar lendo qualquer texto meia-boca que eu consiga elaborar. 😉

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