Enfim a conclusão de mais uma trilogia: Crônicas do Mundo Emerso. O que me fez pensar: de veio esse gosto por trilogias? Um pequeno desvio e encontramos no verbete trilogia, da wikipedia em inglês, um pouco do histórico deste tipo de obra e um curioso caso explicando que “O Senhor dos Anéis” não é uma trilogia, como muitos pensam. Lá encontramos também (vale conferir) links para trilogias literárias e trilogias de fantasia.
Na conclusão da série, a semi-elfo, Nihal, o mago, Senar e o escudeiro, Laio, partem numa jornada para reunir as oito pedras que irão compor o talismã. Este artefato constitui o único poder capaz de fazer frente ao Tirano. As pedras são guardadas por oito espíritos localizados em templos, um em cada uma das terras do Mundo Emerso. Ael, água; Glael, luz; Sareph, mar; Thoolan, tempo; Tareph, terra, Goriar, escuridão; Mawas, ar; Flar, fogo.
Em paralelo a esta busca é evidenciada a jornada do gnomo, Ido, como Cavaleiro de Dragão e sua busca por redenção. O destino de Ido passa ser o confronto com um dos principais servos do Tirano, o Cavaleiro de Dragão Negro, Deinóforo.
Durante a aventura, completa-se o ciclo de apresentação de cada uma das terras do Mundo Emerso. Aos poucos, conhecemos sobre a história do Tirano, suas conquistas e da verdade sobre o extermínio dos semi-elfos, o povo de Nihal.
No terceiro livro o tom dos anteriores é mantido, porém um pouco mais sombrio e repleto de justificação filosófica. O tema da violência que esteve presente desde o primeiro livro torna-se mais evidente e no final a discussão gira em torno da civilização do mundo emerso, seus povos, terras e indivíduos que são capazes de amar, mas também de odiar. O que seria mais forte? O que prevalece, ódio ou amor? São todos seres vítimas do ódio? Os que tiveram vivências violentas e carregam sangue e morte nas mãos, podem ser perdoados? Podem se recuperar? Podem encontrar redenção e paz?

Estas não são questões respondidas, mas algo em que a autora nos convida a pensar, e, neste ponto, surge algo positivo desta saga. Poderia ser apenas
uma aventura em terras fantásticas, cheia de confrontos envolvendo criaturas fantásticas e estranhas raças, mas não. São histórias de personagens que vivem sob conflito e de alguma forma procuram por sentido em suas vidas, agarrando-se a ele ou sacrificando-se para conquistá-lo.

Enfim, a conclusão da série não traz muitas surpresas. É possível imaginar o desfecho da série desde o primeiro livro; e por falar em desfecho, o epílogo é construído de maneira interessante e dá notícia do destino dos principais personagens vistos durante a série. Abre-se também a perspectiva de continuidade de histórias no Mundo Emerso. Vale lembrar que a segunda trilogia (ah, trilogias) chamada Guerras do Mundo Emerso que se passa quarenta anos depois desta série já tem os dois primeiros livros editados pela Rocco: livro 1 – A seita dos assassinos e livro 2 – As duas guerreiras.
É isso! Balanço final: gosta de fantasia? Vale conhecer esta série e o estilo desta autora. Não se sobressai como outros autores de fantasia como
Tolkien, George R. R. Martin e Michael Moorcock, mas certamente ajuda a compor o gênero com seus personagens interessantes, alguns irritantes e outros memoráveis.