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Vamos falar sobre as duas abordagens principais para a criação de ambientação. Essas abordagens diferem quanto a intenção que temos em relação à história que queremos criar.

Abordagem 1: Da história para o mundo

Se você já tem uma ideia da história que deseja criar em mente, é preciso avaliar quais são as características chave que seu mundo ficcional precisa trazer para ajudar essa história a acontecer. Você então começa por elas para somente depois desdobrar para o restante do mundo.

Por exemplo, você quer escrever um grupo de pessoas que possuem poderes psíquicos. Então a primeira coisa a se pensar muito bem é quais são esses poderes, como funcionam, quais são seus limites, quem pode manifestá-los, etc. Isso tem a ver com o centro da história que você quer criar. Depois disso, você parte para as considerações gerais: como isso afeta as culturas, religiões, governos, economia, tecnologia, educação, etc.

Abordagem 2: Do mundo para a história.

Essa é a abordagem usada quando estamos criando um mundo no qual queremos criar uma ou mais histórias. Normalmente você começa com aspectos de geografia, clima, fronteiras, territórios, países, que culturas existem ali, religiões e assim por diante.

É comum que autores que usam esse método criem mundos com muita profundidade de detalhes. Apenas quando o mundo ficcional está razoavelmente delineado é que começam a construir personagens e criar histórias nele.

Minha experiência

Essas duas abordagens podem trazer bons resultado, mas é possível trabalhar mesclando essas características. No meu maior mundo ficcional, A Terra das Nove Luas, eu comecei apenas com umas ideias gerais, um reino, umas duas cidades. Era um jogo de RPG, a princípio. E na medida em fazia os jogos, ampliava a construção do mundo. Depois de um tempo, comecei a escrever os romances, e ao fazer isso, criei ainda mais elementos, história do mundo, outros povos, delineei outras regiões, etc. Aproveitava algumas coisas dos romances para os jogos e vice-versa. Só depois de muitos anos comecei a chegar num consenso sobre algumas coisas do mundo, fazendo ajustes nos jogos de RPG para se alinharem mais ao mundo dos romances.

Já no último romance de fantasia que escrevi, O Velho e a Devoradora de Almas, usei a abordagem 1. Sabia que eu queria uma história num mundo de fantasia, mas tendo como protagonista um personagem idoso. Uma coisa que fugisse daquela ideia de que um jovem, ou um grupo de jovens estão numa missão para salvar o mundo. Meu foco foi totalmente na história. Eu criei os elementos do mundo na medida do necessário, conforme avançava na escrita.

Depois de concluir o primeiro manustrito, contratei uma leitura crítica e recebi feedback de que faltava acrescentar detalhes à ambientação. Então, reescrevi a história inteira mudando muita coisa e trabalhando mais os elementos de ambientação, como por exemplo, história do reino, nomes de algumas organizações, etc.

Vale sempre a experimentação e o que aprendemos com nossas criações. Pode levar um tempo aprender o que funciona melhor para o seu processo criativo, mas não sinta medo de experimentar!

Próximo: Worldbuilding parte III – Geografia, Natureza e Clima

Veja também a seleção de livros que fiz sobre worldbuilding.