Neste artigo, vamos falar sobre a magia e sistema de magia, considerando a ambientação do universo dos livros, O Bruxo e a Foice Sombria (beta) e:

O Velho e a Devoradora de Almas

Aqui, escrevi dois romances de fantasia medieval, o gênero mais confortável para mim como escritor.

Em O Velho e a Devoradora de Almas, o protagonista é um ex-soldado aposentado que se tornou um amolador de facas, uma pessoa comum, sem ímpeto algum para participar de uma boa aventura, como a maioria das histórias de fantasia demandam. No entanto, após uma invasão à sua cidade, ele perde seu lar e se vê forçado a “cair no mundo” e encontrar um novo lugar para morar. 

O grande “vilão” por trás dessa invasão, não é ninguém menos que Kurdis Le’Daman, o protagonista do outro romance, O Bruxo e a Foice Sombria, de modo que esses dois romances não são continuações, um do outro, mas se complementam de alguma forma.

A magia neste muito tem um papel importante para praticamente todos os reinos. No passado, quase toda humanidade era subjugada pelos dragões, sendo estes comandados pelo Deus-Dragão, Leviamut, um ser “imortal” que governou por séculos, quase todos os territórios do mundo. Foi através do desenvolvimento da magia, pela humanidade, que foram criadas armas baseadas em magia sombria, cujo propósito era derrotar a casta de dragões que governava e oprimia a humanidade. Duas dessas armas, a Vortumbra (Devoradora de Almas) e a Da’akuvacula (Foice Sombria), são co-protagonistas dos dois romances.

Antes de começar a escrita, eu concebi as seguintes diretrizes para a magia neste universo:

  • Existência de poucos magos;
  • Processo para se tornar um mago é doloroso;
  • Magia pode ser usada como forma de longevidade, mas se o mago se esvazia de magia, envelhece rapidamente e morre;
  • Pessoas que lidam com magia raramente são tranquilas, ela cobra seu preço, especialmente, sobre a paz de espírito;
  • A magia é muito forte.

Conforme desenvolvi a história, apareceu a necessidade de detalhar isso um pouco mais, de acordo com como os magos se organizavam em quatro diferentes reinos: Kedpir, Kunéria, Dera e Zanzídia.

Em Kedpir, a magia sombria que deu origem às matadoras de dragão, se tornou expressamente proibida. A questão é que para desenvolver tais armas, foi necessário aos primeiros magos fazer pactos com demônios do submundo. Apesar das armas e demais magias sombrias ensinadas pelos demônios serem úteis contra os dragões, tinham para os magos e humanidade, efeitos nefastos.

Também em Kedpir, não é possível um mago ser “independente”. Ou ele faz parte da Ordem Maihari, ou ele é morto pelos membros da ordem. É uma sociedade que tem controle total sobre os magos e seu comportamento.

Já no reino vizinho da Kunéria, a magia sombria não é proibida e uma ordem de magos, cultua e trabalha em favor dos Cinco Arcanos Sombrios:

  • Fre’garzam, senhor dos vermes e da decomposição.
  • Goltram, o sanguinário.
  • Hulbrigult, o embusteiro, mestre das ilusões, truques e enganações.
  • Skat’challur, senhor dos abismos, o tentáculo profundo do mundo inferior.
  • Sass’zassno’tor, do Caos, o coringa, o imprevisível.

Um conflito secular se instaurou entre Kedpir e a Kunéria no qual as ordens dos magos estão sempre envolvidas, manipulando os governantes, exércitos e população em busca da vitória.

Para os magos de Kedpir, apesar da longevidade que a magia traz, vem também a certeza de uma morte dolorosa, mas rápida. Toda magia que utilizam vai se acumulando nos ossos do usuário. Essa magia acumulada, em algum momento, pode fugir ao controle do mago, levando-o à morte quando a magia depositada nos ossos fica instável e flui de volta para o ambiente, provocando impressionantes explosões. É por isso que sempre usam magia por meio de um canalizador que ajuda a fazer o fluxo de magia se adequar, não sendo nem muito forte e nem muito fraco.

Outro aspecto em relação à magia, neste cenário, é ser um traço hereditário. A pessoa que possui essa herança, pode ou não desenvolver os poderes. Tudo depende da ocorrência de traumas na infância e adolescência.  Muitos bruxos e bruxas acabam tendo parentesco entre si e as linhagens (e casamentos) são cuidadosamente acompanhadas pela ordem.

Baseando na “parte 1”,  aqui vão algumas questões e respostas no contexto deste universo ficcional.

O que a magia não faz?

Ela não é usável por leigos, exceto por meio de itens encantados.

Aspectos visuais e sons

A magia neste universo é bem visual e sonora. Cascatas de fagulhas acompanham as magias, explosões fenomenais de fogo ou eletricidade podem ocorrer, entre outros.

Existem tipos diferentes de magia? De onde vem a magia? 

Neste universo temos bruxo treinados para atuar em combate, realizar curas, ilusões e metamorfoses. A energia mágica em sua forma primordial é chamada de Odarina. Esta energia, quando em grandes concentrações, pode ser vistas pelos bruxos, mas para os cidadãos comuns, a Odarina é totalmente invisível.

A sede da Ordem Maihari, na capital de Kedpir, é uma torre altíssima que parece que pode cair a qualquer momento, entretanto, ela é sustentada por correntes de Odarina. Tubos Odarina também são usados para canalizar a magia e transportar pessoas e objetos.

Para usar a magia é necessário algum tipo de instrumento, como cajados, varinhas ou anéis?

Como mencionado, existem tipos diferentes conforme a ordem. Há também a magia praticada pelos dragões e pelos xamãs da espécie, Noruk, uma das poucas espécies não humanas e inteligentes do mundo. Enquanto os magos das ordens aprenderam a manipular e guiar a energia por meio de cajados, varinhas ou até, tamancos de madeira, xamãs Noruk não usam esses objetos. Eles manipulam a magia de modo mais sutil (e fraco) por meio de cânticos.

Outra linha de uso da magia é a dos artífices, que usam a magia, em laboratórios, para fazer cirurgias e implantes.

O que é mais importante considerar quando trabalhamos magia numa história?

Não tenho uma resposta única e final, válida para qualquer caso, mas posso afirmar que, na minha experiência, é interessante pensar sobre a magia, como funciona, como afeta a sociedade, etc. Ou seja, tudo isso que vimos acima e nos artigos anteriores.

Entretanto, o mais importante, é trabalhar o arco de personagens. O assunto dos livros do “Velho” e do “Bruxo”, não são a magia, mas sim, imaginar um personagem, uma situação de vida e como ele vai lidar com isso durante a história. No caso desses dois romances, há uma relação de espelho. Um é espelho do outro, no sentido que trata de duas pessoas que tem sua vida afetada (de modo negativo) ao terem contato com as armas amaldiçoadas, construídas sob a influência de demônios para matar dragões. 

Ambos, perdem seu lar e precisam fazer jornadas pelo mundo. Jornadas que vão ressignificar suas existências. A magia é um acessório, um elemento da ambientação, mas a principal é a jornada interna desses personagens, suas decisões e suas perdas.

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