Business vector created by pch.vector – www.freepik.com

Você terminou de escrever seu livro e está pensando… Está na hora de enviar para os leitores beta?

Não faça isso! Não desperdice o tempo precioso deles mandando uma versão de seu livro que provavelmente ainda pode ser, em muito, melhorada. Antes de obter feedback de outras pessoas, faça uma mega revisão no seu manuscrito. Aqui vão algumas dicas (parte 1).

Comece com a parte fácil.

Uma revisão ortográfica e gramatical. Mesmo que não seja muito bom nisso, os corretores ortográficos dos programas podem ajudar. Além disso, é uma boa hora para reduzir o número de advérbios. Nenhum livro fica incrivelmente bom se estiver especialmente cheio de advérbios que podem ser potencialmente cortados solenemente, sem dó, dignamente. (Ops, me esqueci de remover os advérbios aqui!)

Remova palavras desnecessárias.

Analise cada frase. Esteja certo de que cada palavra é realmente essencial. O objetivo é deixar o texto enxuto e mais fácil de ler.

Valorize a percepção do leitor.

Corte os trechos onde você estiver deixando pouco espaço para o leitor pensar, sentir ou apreciar sua história. Isso está relacionado com aquela máxima: mostre, não conte. Ou seja, mostre o que está acontecendo com ações, diálogos, sons e cheiros. Coloque o leitor numa posição em que ele possa entender a cena e tirar suas próprias conclusões. Por exemplo, compare:

a) Fabiano estava muito nervoso, não aguentava mais aquela reunião chata. Ele pediu para os colegas focalizarem no assunto e logo depois a reunião terminou. Seus colegas de trabalho acharam que ele foi muito grosso.

b) Fabiano torceu os lábios e bateu com força no tampo da mesa. – Porra gente, vamos direto ao ponto, caralho!

Todos olharam para Fabiano com os olhos arregalados.

Judite sorriu amarelo — É gente, o Fabiano tem razão. Vamos ao que importa. Os clientes estão esperando.

Corte elementos muito óbvios. 

Por exemplo, se um personagem quer ir à cozinha comer algo não é preciso descrever todas suas ações físicas para que ele chegue lá.

a) Fabiano levantou da cama, acendeu a luz. Passou pelo corredor e desceu pelas escadas. Atravessou a sala se desviando dos brinquedos espalhados. Olhou o relógio da cozinha, eram 3:40. Abriu a geladeira e foi atacar os restos do bolo da festa de aniversário.

b) Em 3:40 da manhã e lá estava Fabiano sentado à mesa da cozinha comendo as sobras do bolo de aniversário. A cada dia suas chances de emagrecer só diminuíam. Ele comia com gosto, mas no instante que acabou, um Star Destroyer estacionou em cima de seus ombros. Era sempre assim, o vício e a culpa. Grandes companheiros de Fabiano.

Melhor que seguir os passos de um personagem é tentar aproximar o leitor de seus dramas e conflitos. Tente sempre levar o leitor para a mente ou para o âmago de seus personagens.

Garanta que a motivação de seus personagens é consistente.

Se um personagem fizer algo que ele mesmo não faria, deve ser porque ele evoluiu na trama, e não porque você se esqueceu de como seu personagem se comporta. Por exemplo:

Fabiano olhou para a linda fatia de bolo. Era magnífica, três níveis de recheio grosso, cobertura de chantilly esculpido com morangos e mirtilos no topo, partida num ângulo perfeito de quinze graus. Poderia estar numa vitrine de uma padaria chique. Ele disse — Não, muito obrigado. — Sua esposa olhou para ele, sem acreditar.

P.S: O que vocês deduziram sobre Fabiano? Dá para imaginar um arco para o personagem somente baseado nesses trechos de exemplo que dei acima? Gostaria de ouvir de vocês nos comentários.

P.P.S.: Que tal encontrar dicas dos mestres? Veja abaixo alguns de meus livros favoritos de escrita criativa: