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Criação de personagens – parte 4

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É preciso escrever o livro

Continuamos falando sobre a criação de personagens, é claro que não dá para criar tudo sobre o personagem antes de escrever o livro. Você pode definir muitas coisas: visualizar o personagem, procurar ouvir sua voz, pensar sobre vários aspectos de sua vida e relações, etc. Mas a criação de personagem, de verdade, toma forma na medida em que escrevemos nossas histórias.

E há ocasiões que podemos começar a criação à partir de uma ideia geral (contrariando o que vimos antes). Imaginar alguém, numa determinada situação, e a partir daí, expandir aos poucos a visão sobre quem é essa pessoa. Talvez alguém que está em casa, um momento antes de tomar uma importante decisão para sua vida. O peso de seu passado recai todo sobre aquele momento, o momento que ela decide tomar uma atitude diferente, mudar sua vida.

A importância da intuição

Nesse caminho vamos nos levando pela intuição. O personagem confronta uma nova situação e sentimos que ele não faria tal coisa, não diria aquilo. Um senso de existência e coerência começa a se formar. Não estou dizendo que neste caso você vai criando tudo do nada. O mesmo vale, se você já gastou algumas semanas rascunhando o personagem, como vimos nos capítulos anteriores. O ponto é que agora, estamos em ação, escrevendo uma cena, construindo um capítulo. E muitas vezes, apenas nesse momento, aspectos importantes do personagem começam a surgir. Ou seja, o que quero dizer é que não dá para ficar parado para sempre fazendo exercícios de visualização, é preciso sentar e escrever. Ver o que acontece. Realmente, este é o momento de entrar na pele do personagem.

Também, há momentos que vamos sentir que não dá para ir adiante. Que travamos em nossa história. Um bom artifício é ter um outro personagem na manga. Ao colocar esse segundo personagem em cena, de preferência em conflito ou numa situação desconfortável, fará vir à tona a manifestação de caráter do seu personagem principal.

A importância dos erros

Lembre-se de permitir que seu personagem cometa erros. Que faça coisas ruins, mesmo que não seja alguém mau. Seja capaz de escrever sobre eles fazendo coisas ruins e antipáticas, sem transformá-los em algo caricato demais.

Acessando a profundidade dos personagens

É importante fazer os personagens se destacarem para nossos leitores. Mostrar que possuem profundidade, suas complexidades e almas. Muito se fala sobre uma boa história ser composta de uma sequência frenética de ações. Mas às vezes, para penetrar na alma do personagem, é preciso desacelerar um pouco. É um caminho para  entrar na sua vida interior. Na cultura oriental existe um conceito de lugar vazio, momentos em que nada acontece. Mas ao mesmo tempo acontece algo nesses momentos de nada. Vemos isso na obra do diretor de cinema (animação) Hayao Myazaki (Meu Vizinho Totoro, A Viagem de Chihiro, Ponyo, Serviço de Entregas da Kiki, Castelo Animado, etc). Em todos seus filmes, há momentos de pausa, momentos em que os personagens param para apreciar o ar noturno, observar a natureza, ou fazer coisas comuns como ir à cozinha comer um biscoito (ou seria bolacha?). É o que chamamos de slice of life. Por que todas as sequências de ações são uma plataforma para o que acontece por dentro.

E o mundo interno de seu personagem, suas decisões e ações, são os instrumentos que temos para fazer o leitor se importar com seu personagem.

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  1. Muito bom! Ótimas dicas!

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