Dando sequência à criação de personagens, vamos começar a explorar o desenvolvimento destes. Falamos sobre visualizar, ouvir e cheirar seu personagem. Agora, vamos falar um pouco sobre como refinar e desenvolver nossos personagens. Não vou dar uma fórmula aqui, até por que isso não existe. Mas sim, falar do processo e das ferramentas que podemos usar. Ferramentas que estão dentro de nossa cabeça.

A primeira coisa é que há muito que sabemos e imaginamos sobre um personagem que não vai para as páginas de sua história. Além de visualizar e conceber é importante também saber o que excluir, ou deixar implícito. Se você pensa sobre seu personagem, ah ele é narcisista e arrogante. Poderia simplesmente dizer ao leitor: fulano é narcisista e arrogante. Mas toda a questão não estar em dizer isso diretamente, mas sim, em mostrar isso através de suas ações, através de seus diálogos.

Que coisas que sei sobre meu personagem e escolhi não dizer?

Além dessa reflexão inicial, vamos ver dois atributos que todo escritor precisa desenvolver para refinar e desenvolver seus personagens: observação e empatia.

Observação é olhar atentamente para as pessoas, sua aparência, o que dizem, como se comportam, como interagem. Sim, porque seu personagem não está mais sozinho. Para ele ganhar vida, precisa interagir com antagonistas, personagens primários e secundários. Essas relações, você como escritor, consegue construir graças a sua capacidade de observação.

Já a empatia é um exercício um pouco mais difícil. É entrar na pele dos personagens. Ver o mundo, vivenciá-lo e sentí-lo de sua perspectiva particular.

  • Como ver o mundo com os olhos de uma criança, ou de um vilão?
  • Como penetrar na alma desses personagens?
  • Como descobrir o que estão sentido? O que eles querem? Quais suas motivações? Ele sente-se empolgado, animado, em relação ao que deseja? Ou triste e frustrado?

Esse é o trabalho do escritor, exercitar sua imaginação: sentir, entrar na pele, criar e  imaginar. Isso é um treino, requer prática. É o caso de tirarmos um tempo para refletir sobre o personagem. Um pouco de cada vez, muitas vezes, não há tempo suficiente para ficar horas meditando sobre o assunto. Mas vale o exercício de tirar alguns minutos para fazer isso diariamente.

Mas é importante também selecionar. Seu personagem é parte essencial da narração. Então deve pensar em como fazer a história fluir, destacar o personagem, fazê-lo visível para o leitor. Fazê-lo avançar a história. Isso inclui pensar em deixar coisas de fora, você imagina, vê, ouve, cheira e depois, seleciona. O que fica? O que não entra na história diretamente, mas pode servir de referência, eventualmente?

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