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Orcs, Guardiões do Relâmpago – Stan Nicholls

Está aí mais um livro de fantasia “clássica”. Em Orcs, Stan Nicholls nos leva ao mundo fantástico de Maras-Dantia, um daqueles lugares habitados por humanos, elfos, trolls, dragões, anões e é claro: orcs.

Mudando a perspectiva usual dos protagonistas em épicos de fantasia, seguimos os Lobos Cinzentos, um bando de orcs comandado pelo Capitão Stryke. Este grupo recebe uma missão da maléfica rainha Jennesta, uma meio-orc bastante mal humorada. Mas durante a missão, uma série de situações carrega os orcs para um destino diferente do planejado. O autor dá algumas pinceladas interessantes sobre o mundo. O conflito de duas religiões, uma politeísta e outra monoteísta é outro tema importante abordado na obra. O mundo em declínio destruído pelo avanço da civilização é outro tem abordado.

A ideia de narrar sob o atípico ponto de vista dos orcs é uma boa premissa, no entanto, ao menos em relação à minha expectativa, a forma de retratá-los acabou não os distanciando muito dos humanos. A mesma trama e situações funcionariam bem se os Lobos Cinzentos fossem um grupo de mercenários humanos numa missão para um governante autoritário.

O fato é que este é o primeiro livro de duas trilogias. Para quem está acostumado e não se importa com ter a história sem uma conclusão, pode ser uma leitura casual interessante. Outro aspecto negativo é que ainda não há previsão para o lançamento dos demais livros da série em português. O autor é bom para descrever cenas de ação e situações peculiares, mas seus personagens ficam devendo um pouco em profundidade e o enredo não é bem amarrado. Mesmo com alguns problemas o livro é capaz de entreter e transportar o leitor para um mundo de fantasia que contém os clichês usuais, distorcendo apenas alguns pequenos elementos a fim de conferir um sabor ligeiramente diferente do esperado.

Um aspecto de que gostei foi a forma particular que o autor usou para retratar de um novo jeito as raças já vistas, tais como anões, trolls e kobolds. Enfim, é uma adição interessante ao espectro de obras de fantasia “clássica”. Para os que gostam do gênero, vale um conferida.

A Sombra dos Homens – Roberto de Sousa Causo

Sombra HomensA Saga de Tajarê: Livro 1

Editora: Devir
Páginas: 120
Ano: 2004

O livro narra a jornada do índio Tajarê, da Aldeia do Coração da Terra, que é convocado pelas forças mágicas da Terra como seu campeão para cumprir seus desígnios. A Tajarê não agrada cumprir o destino que lhe é apontado, lhe desagradam as mortes e o combate, mesmo assim, o chamado é forte e quase irresistível. O livro reune quatro partes narrativas, algumas das quais foram publicadas separadamente como contos na revista Dragão Brasil. Em A Sombra dos Homens, Tajarê e os seres da Amazônia mítica do século XI encontram-se com uma expedição de vikings vindos da Islândia chefiada pela sacerdotisa Sjala.

Nesta terra fantástica estão presentes criaturas do folclore brasileiro tais como os Uauiaras, botos que assumem forma de gente, antigos Guaranguás (peixes-boi) entre outros. Também se fazem presentes as Icamiabas, mulheres-sem-homem, as amazonas que se instalaram na região após o cataclisma que varreu do mapa a Atlântida. É do confronto de forças antagônicas e fusão de distintas mitologias que a narrativa se forma.

A idéia de resgatar e trabalhar possibilidades contidas num contexto de mitos brasileiros e não cair na “mesmice” de recorrer a referências estrangeiras tais como elfos, dragões, lobisomens e vampiros é louvável. Há muito potencial de desenvolvimento narrativas de literatura fantástica elementos do folclore brasileiro, ou mesmo da proto-nação brasileira.  A obra leva o leitor a um ambiente que recria uma espécie de mitologia brasileira, na realidade, dos povos indígenas que viviam no Brasil antes de seu descobrimento (e da formação da identidade da nação brasileira). Nesta linha o autor buscou incutir na linguagem utilizada trejeitos próprios de uma comunicação aproximada de linguagem indígena. Confesso que me falta conhecimento para atestar se é apropriada a forma pela qual o autor distorce o uso do português para aproximar de uma forma narrativa indígena. O efeito é curioso, mas trouxe consigo uma desvantagem que foi dificultar o entendimento da narrativa e, em alguns casos, torná-la um pouco enfadonha devido à repetição excessiva dos nomes dos personagens como forma universal de referência e tratamento. Outro aspecto negativo é a concatenação dos segmentos da história. Parece que como foram constituídos como contos separados, a junção das partes não cria um todo com continuidade fluida.

O livro tem também um interessante artigo por Bráulio Tavares intitulado: O herói e a sombra dos homens. Este procura situar a obra do autor e no contexto da literatura fantástica. Talvez, numa próxima edição, o artigo estivesse mais bem situado após a narrativa, na forma de apêndice (spoilers).

O balanço final é que é um livro um pouco difícil de digerir, apesar de ser curto. É corajoso no sentido de explorar uma temática pouco explorada por nossos autores de literatura fantástica. É um apontador de caminhos para que mais autores se desafiem a criar histórias fantásticas que escapem dos moldes de mitologias estrangeiras que muitas vezes tem pouca ou nenhuma relação com nossa identidade. Ainda há muito que explorar no fantástico e folclore brasileiro, em especial, neste subgênero de “capa e espada” (sword and sorcery) ou como o próprio autor chamou em seu fanzine, Borduna e Feitiçaria.

O Talismã do Poder – Crônicas do Mundo Emerso

Enfim a conclusão de mais uma trilogia: Crônicas do Mundo Emerso. O que me fez pensar: de veio esse gosto por trilogias? Um pequeno desvio e encontramos no verbete trilogia, da wikipedia em inglês, um pouco do histórico deste tipo de obra e um curioso caso explicando que “O Senhor dos Anéis” não é uma trilogia, como muitos pensam. Lá encontramos também (vale conferir) links para trilogias literárias e trilogias de fantasia.
Na conclusão da série, a semi-elfo, Nihal, o mago, Senar e o escudeiro, Laio, partem numa jornada para reunir as oito pedras que irão compor o talismã. Este artefato constitui o único poder capaz de fazer frente ao Tirano. As pedras são guardadas por oito espíritos localizados em templos, um em cada uma das terras do Mundo Emerso. Ael, água; Glael, luz; Sareph, mar; Thoolan, tempo; Tareph, terra, Goriar, escuridão; Mawas, ar; Flar, fogo.
Em paralelo a esta busca é evidenciada a jornada do gnomo, Ido, como Cavaleiro de Dragão e sua busca por redenção. O destino de Ido passa ser o confronto com um dos principais servos do Tirano, o Cavaleiro de Dragão Negro, Deinóforo.
Durante a aventura, completa-se o ciclo de apresentação de cada uma das terras do Mundo Emerso. Aos poucos, conhecemos sobre a história do Tirano, suas conquistas e da verdade sobre o extermínio dos semi-elfos, o povo de Nihal.
No terceiro livro o tom dos anteriores é mantido, porém um pouco mais sombrio e repleto de justificação filosófica. O tema da violência que esteve presente desde o primeiro livro torna-se mais evidente e no final a discussão gira em torno da civilização do mundo emerso, seus povos, terras e indivíduos que são capazes de amar, mas também de odiar. O que seria mais forte? O que prevalece, ódio ou amor? São todos seres vítimas do ódio? Os que tiveram vivências violentas e carregam sangue e morte nas mãos, podem ser perdoados? Podem se recuperar? Podem encontrar redenção e paz?

Estas não são questões respondidas, mas algo em que a autora nos convida a pensar, e, neste ponto, surge algo positivo desta saga. Poderia ser apenas
uma aventura em terras fantásticas, cheia de confrontos envolvendo criaturas fantásticas e estranhas raças, mas não. São histórias de personagens que vivem sob conflito e de alguma forma procuram por sentido em suas vidas, agarrando-se a ele ou sacrificando-se para conquistá-lo.

Enfim, a conclusão da série não traz muitas surpresas. É possível imaginar o desfecho da série desde o primeiro livro; e por falar em desfecho, o epílogo é construído de maneira interessante e dá notícia do destino dos principais personagens vistos durante a série. Abre-se também a perspectiva de continuidade de histórias no Mundo Emerso. Vale lembrar que a segunda trilogia (ah, trilogias) chamada Guerras do Mundo Emerso que se passa quarenta anos depois desta série já tem os dois primeiros livros editados pela Rocco: livro 1 – A seita dos assassinos e livro 2 – As duas guerreiras.
É isso! Balanço final: gosta de fantasia? Vale conhecer esta série e o estilo desta autora. Não se sobressai como outros autores de fantasia como
Tolkien, George R. R. Martin e Michael Moorcock, mas certamente ajuda a compor o gênero com seus personagens interessantes, alguns irritantes e outros memoráveis.
Michael Moorcock

Entrevista com Michael Moorcock

Michael Moorcock é um autor britânico que acompanhamos e admiramos. Infelizmente muito pouco da sua obra foi traduzida para o português. Outro dia esbarramos com uma entrevista que o autor concedeu à SFFWorld. (original aqui)

SFFWorld: Este ano a editora Tor está relançando seus populares romances do herói Hawkmoon. O que você acha da “série Hawkmoon”, um de seus primeiros trabalhos e sobre o escritor Michael Moorcock de quarenta anos atrás?

Michael Moorcock: Penso que foi um trabalho honesto realizado em alta velocidade e que claramente resistiu ao teste do tempo. Ainda gosto da atmosfera e imagens que evocavam quase uma atmosfera steam punk. O que chamaria de ‘fantasia científica’ – uma ambientação sobrenatural (a little supernatural stuff) que se passa num futuro razoavelmente distante da Terra. Sempre fui um escritor ambicioso e aprendi alguma boas técnicas escrevendo esses romances. Mantenho-me afeiçoado por eles! São entretenimento e eu espero honestamente proporcionar entretenimento para os que pagam por meus livros.

SFFWorld: Em seu recente ensaio no website da Tor, você fala sobre o processo da escrita dos livros da “série Hawkmoon”, discutindo o quão rápido os produziu, e – incrivelmente – que nem mesmo os revisou, ou mesmo, leu o produto acabado, desde então. Poderia nos contar sobre como seus hábitos de escrita mudaram desde então e o impacto disto em seu trabalho?

Michael Moorcock: Não mudaram muito. Eu ainda escrevo rapidamente para minha idade. Um pouco mais de tempo do que os três dias que tomei para escrever muitos de meus romances de fantasia. Elric tendia a consumir três semanas, cada livro, mas “Cornelius quartet” levou basicamente 11 anos e os livros de Pyat 25 anos. P romance do Dr Who que acabei de terminar levou mais de seis semanas e ainda farei uma segunda versão do manuscrito. Claro, isto não conta com pensar no assunto ao longo do tempo, o que pode durar de meses a anos. Os livros de Hawkmoon começaram como uma introdução iniciada anos antes quando estava escrevendo para “Science Fantasy”. O novo editor não gostava de fantasia então as construí como um seriado de FC, “The Ice Schooner” que foi escrito como todos meus romances naquela época, também escrevi como seriado, um episódio de cada vez, geralmente pouco antes do prazo final. E escrevi as histórias de Cornelius desta maneira. Adoro escrever series semana a semana ou mês a mês. Neste sentido sou mais parecido com um escritor da época de Dickens.

Então, em sua maior parte, meus hábitos de leitura permaneceram os mesmos – apropriados à natureza do livro. “Mother London” levou seis meses e “Gloriana” seis semanas.

SFFWorld: Você teve muito de seus livros adaptados como graphic novels, e a recente reedição da “série Hawkmoon” possui ilustrações de página inteira por Vance Kovacs. Gosta de suas interpretações visuais? Como se sente, de modo geral, quanto às interpretações visuais de seu trabalho?

Michael Moorcock: Geralmente as amo. Fui abençoado por alguns artistas desde o início. As interpretações de Jim Cawthorn sempre serão as que amarei mais por que trabalhamos juntos desde os tempos antigos, mas gosto de Vance. As capas são provavelmente as melhores capas de Hawkmoon que já tive.

SFFWorld: Muitos de seus personagens e mundos foram usados por outros escritores, trabalhos para os quais cedeu permissão e fan-fiction. Poderia nos falar sobre como vê outros escrevendo em universos criados por você?

Michael Moorcock: Eu cresci num mundo no qual a autoria era algo vago. Víamos histórias de Tarzan na Tarzan Adventures não escritas por Burroughs, mas pelos artistas ou roteiristas, como nos filmes. Trabalhei numa série de thrillers, “Sexton Blake”, suas aventuras eram abertamente escritas por diversos escritores (meu primeiro romance foi um “Sexton Blake” sobre o pseudônimo Desmond Reid) e estou contente com a maioria de meus personagens e de ver o que outras pessoas realizam com eles. Dito isto, os experimentos não são tão abertos como eram, pois isto me levou a deixar a D&D, digamos, tomar minha ‘propriedade intelectual’ em troca de nada e deixou-me com alguns contratos de direitos terríveis, mesmo até agora.

Mas eu preciso deixar autores em que confio tomar suas chances e então tive ótimos escritores trabalhando em algum de meus personagens. Eu sou protetor quanto a meus personagens, mas não possessivo!

SFFWorld: Soube que escreverá um romance do Doctor Who. Com se sente ao acrescentar mais um capítulo a uma série tão longa e popular, sendo que você mesmo escreveu series que inspiraram outros a escrever em seus universos?

Michael Moorcock: É muito divertido. Um desafio. Cruzar Dr Who com o multiverso. Dei a mim mesmo o desafio de escrever como se P.G. Wodehouse e Arthur C. Clarke estivessem colaborando. É engraçado (me disseram) e é uma Space Opera barroca cinematográfica também. Muitos padrões literários que eu originei e popularizei entraram para a cultura comum e de certa maneira sinto-me oficialmente transmitindo alguns conceitos ao gênero. Mas admiro-o enormemente e há bons escritores trabalhando nele nestes dias. Estou desesperado por também conseguir fazê-lo tão bem.

SFFWorld: No New York Times você recentemente discutiu sobre suas músicas favoritas para escutar ao escrever. Como ou o que escuta depende do que você esteja escrevendo. O que tem escutado nestes dias?

Michael Moorcock: Muito das mesmas coisas. Muito de Janis Ian, John Prine e Willie Nelson no momento, mas também compositores como Mozart e Beethoven e outros construtores de obras sublimes. É o que quase sempre escuto – músicas de diferentes tipos, mas bem construídas.

SFFWorld: Você tem uma comunidade de fãs bem ativa na www.multiverse.org com a qual você interage de forma regular. O que pensa sobre o relacionamento do autor com fãs na Era da Internet?

Michael Moorcock: Eu cresci na era dos fanzines e então havia tão poucos fãs de FC que todos se conheciam. Sempre respondia às cartas de fãs e fazia muitas leituras e sessões de autógrafo e gostava da interação com os leitores. A internet tornou isto mais fácil de fazer. Tenho um grande website, gerenciado por grandes pessoas e eu gosto de “encontrar” os leitores lá. Mas outros escritores são mais reservados por natureza eu não acho que estejam errados quando preservam seu tempo e energia. Sou uma estranha mistura de recluso e performer

SFFWorld: Com o desenvolvimento de mídias digitais, a internet e leitores de e-books, o que pensa sobre o futuro do romance impresso?

Michael Moorcock: Penso que irá durar tanto quanto haja pessoas que prefiram o cheiro e a sensação de tato dos livros em papel e enquanto estiverem disponíveis na rede.

SFFWorld: Se você fosse um jovem desconhecido iniciando uma carreira de escritor hoje, como faria?

Michael Moorcock: A menos que haja algo novo e interessante que eu possa trazer para um romance, este não vale a pena ser escrito. Mas tenho dúvidas se escreveria FC/fantasia. Provavelmente buscaria alguma novidade em qualquer coisa em que estivesse trabalhando.

SFFWorld: Você é também um músico, sua mais famosa conexão sendo com a banda Hawkwind. Seus dias de música estão encerrados ou estaria aberto para novas colaborações?

Michael Moorcock: Estou trabalhando em alguns “álbuns conceito”, um deles com a “Spirits Burning” em São Francisco.

SFFWorld: Ainda há sempre rumores sobre um filme de Elric, última menção em 2007. O quão próximo estamos de ver Melniboné na telona?

Michael Moorcock: Não estamos próximo, eu suspeito. A recessão fez com que a maioria dos estúdios cautelosos quanto a histórias de fantasia não testadas, puro e simples.

SFFWorld: O que pode nos contra sobre a série (em produção) The Sanctuary of the White Friars?

Michael Moorcock: É genuinamente autobiográfica ao mesmo tempo sendo um verdadeiro romance de fantasia. Passa-se num ‘santuário’ real – que é parte da cidade que tradicionalmente permitiu-se autonomia, como um gueto do crime. O santuário (The Sanctuary of the White Friars) foi real e existiu ao sul da Rua Fleet, ao lado do rio, aproximadamente entre “The Temple” e a “Blackfriars Bridge”. Os frades brancos (White Friars/Ordem do Carmo) foram carmelitas para os quais se concedeu terra no século XIV e que foram notórios até a primeira parte do século XIX. A região era chama de Alsacia (depois disputada entre França e Alemanha) e que não estava sob jurisdição de nenhum dos dois países. È mencionada em alguns romances históricos como “Fortunes of Nigel” de Walter Scott. Eu descubro uma entrada para esta estranha religião nos anos 1950 quando trabalhei pela primeira vez na Rua Fleet.

Para quem quer conhecer o personagem Elric, já saíram os dois primeiros livros da saga no Brasil (clica aí…):

A Garota da Terra do Vento – Crônicas do Mundo Emerso

Não se julga um livro pela capa, já diziam… Bem, o que me colocou em contato com este romance foi justamente a capa. Gosto muito de ilustrações de capa de livros de fantasia de boa qualidade. Comecei isso com a série Dark Sun/Prism Pentad que tem ótimas ilustrações do artista Gerald Brom. Anos atrás, vi “A Garota da Terra do Vento” e pensei: um dia eu compro.

A Garota da Terra do Vento é o primeiro livro da trilogia Crônicas do Mundo Emerso escrita pela autora italiana Licia Troisi.

A ilustração da capa, mostra a protagonista, Nihal a garota que sonha ser um guerreiro em uma terra machista, que não admite tal idéia. Nihal habita a cidade em forma de torre, Salazar, uma das muitas que compõe a Terra do Vento. Mora com seu pai Livon, um experiente armeiro e vive uma vida tranqüila, apesar da proximidade do Tirano, que ameaça a liberdade de todas as terras do Mundo Emerso.

O Mundo Emerso é uma terra fantástica habitada por homens, dragões, gnomos, ninfas, duendes e os terríveis fâmins. Das oito terras que circundam a torre do Tirano, Terra do Vento, Água, Mar, Sol, Dias, Noite, Fogo e Rochedos, apenas quatro ainda são terras livres da invasão e dominação dos exércitos do Tirano. O lar de Nihal é uma destas terras livres defendidas por magos, reis, exércitos e pela ordem do Cavaleiros de Dragão.

O livro tem um início bastante lento e se não fosse o fato de já ter adquirido toda a série, talvez tivesse desistido da leitura. Pode até fazer o leitor pensar que a história é inocente e idealizada, ou mesmo rasa. No entanto, conforme a história se desenvolve, torna-se cada vez mais sombria e violenta evidenciando o tema principal tratado pela autora: a transformação interior da protagonista, de uma menina inocente, romântica e que tem o sonho de tornar-se um guerreiro em uma mulher que aprende aos poucos sobre perdas, guerras, persistência, a conhecer seu íntimo e finalmente encontrar o sentido de sua existência.

Apesar de fortemente baseado em elementos comuns em tantos mundos de fantasia e transparecer um pouco de inspiração em características presentes em ambientações de RPG, a autora, aos poucos descreve e desenvolve sua ambientação distinguindo de outras com suas características únicas. A jornada de transformação de Nihal, pode aborrecer alguns leitores, uma vez que repete-se um pouco, oscilando entre ser privilegiada por coincidências que a favorecem no enredo e desastres que a desfavorecem devido à sua própria imaturidade.

É um pouco do que dá para contar sem entrar em detalhes da história. Vale destacar, além da protagonista, alguns personagens que acompanham a garota em sua jornada, tais como o mago Senar, o duende Phos e o Cavaleiro de Dragão, Ido.

O ponto forte do romance é justamente o segundo ato, sendo que o primeiro, como comentamos é um pouco lento e o terceiro deixa um pouco a desejar  pela ausência de um clímax. Mas devido ao segundo ato, ambientação interessante, alguns bons diálogos, desenvolvimento psicológico da personagem, bons personagens de suporte e a promessa dos livros seguintes, A Garota da Terra do Vento é um título que vale a pena conferir.

Um fato curioso sobre o romance, não sei se devido à uma escolha do tradutor, é que é todos os diálogos são em segunda pessoa. Algo incomum nas obras escritas em “português brasileiro”. Vejamos como segue a série. Logo mais conto por aqui.

Ilustrações

Veja também, as ilustrações de capa de todos os romances da escritora ilustradas pelo artista Paolo Barbieri.

Mais adiante

Já está disponível em português a segunda trilogia, Guerras do Mundo Emerso, que se passa 40 anos depois da primeira. E ainda apenas em italiano, Le leggende del Mondo Emerso (Lendas do Mundo Emerso) que se passa 50 anos depois da segunda. A mais nova saga da autora, La ragazza drago (A Garota Dragão) não é ambientada no Mundo Emerso, mas sim na cidade de Roma, num mundo inspirado na mitologia nórdica num mundo onde existem dragões.

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