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Categoria: Resenhas Page 2 of 36

Skyward – Conquiste as estrelas – Brandon Sanderson

Há algum tempo não lia um livro de Brandon Sanderson, que normalmente escreve fantasia, como o romance Elantris, as séries Mistborn e Stormlight. Entretanto, Skyward é uma ficção científica! Foi uma leitura muito prazerosa e que deixou um gosto de quero mais… Skyward, 606 páginas (Editora Planeta) marca o início de uma quadrilogia (algo que meu bolso não agradece). 😕

Direcionada ao público jovem, a série apresenta uma narrativa leve e divertida, permeada por ação e humor. Em um contexto altamente tenso, a trama desenrola-se em Detritus, um planeta alienígena isolado, onde a humanidade enfrenta constantes ameaças dos Krell. Especificamente, destaca-se a possibilidade de ataques por bombas extremamente potentes, conhecidas como ‘destruidoras de vida’. Em resumo, a humanidade está à beira da extinção.

A protagonista, Spensa, é uma jovem determinada a superar as sombras do passado de seu pai, piloto que ficou estigmatizado por uma atitude covarde. Ela que provar seu valor como piloto de caça estelar e também limpar o nome do pai. A narrativa tem um bom ritmo e mantém o leitor fisgado. 

Sanderson constrói um mundo fascinante, onde os descendentes de um naufrágio espacial lutam pela sobrevivência, estando sempre sob a sombra da derrota e extermínio. Um dos pontos fortes do livro são as batalhas espaciais entre os caças da resistência e as forças alienígenas. “Skyward” também destaca a habilidade única de Sanderson em criar sistemas de magia e ciência detalhados, mesmo que, neste caso, a ênfase esteja na tecnologia futurista e nas complexidades das batalhas no espaço. 

Ainda sobre a ambientação, Detritus é cercado por um cinturão de “lixo espacial”, parte dele ainda operacional, que atrapalha as comunicações e impede que os Krell tenham uma vantagem definitiva sobre os humanos.

Spensa Nightshade é uma protagonista forte, resiliente, um pouco engraçada e com um temperamento explosivo. O elenco de suporte e antagonistas também são memoráveis, sendo os destaques ficam para M-Bot, uma inteligência artificial divertida e sarcástica. Jorgen, rival de Spensa na academia de pilotos, é alguém com quem ela desenvolve uma relação complicada, mas interessante de acompanhar. A Almirante Ironside, líder militar da Defesa da Humanidade, destaca-se como uma figura autoritária que constantemente desafia Spensa, tornando-se sua principal antagonista.

Cruzando a trama principal, o livro explora temas como identidade, preconceito e esperança. Skyward é uma história sobre encontrar seu lugar no mundo, superar os obstáculos e nunca desistir de seus sonhos.

Por outro lado, em comparação com outras obras de Sanderson, Skyward tem uma escala mais modesta. A história foca em um grupo reduzido de personagens e em um conflito relativamente limitado, ao contrário de seus outros livros que apresentam narrativas épicas com personagens e conflitos mais extensos e complexos.

Enfim, “Skyward” é uma boa adição ao catálogo de Brandon Sanderson, sendo capaz de cativar os leitores e sendo também uma boa leitura de entrada para o gênero de ficção científica. Uma leitura obrigatória para aqueles que buscam uma aventura espacial, do tipo space opera, repleta de reviravoltas emocionantes e personagens memoráveis. 🙂

Solitude – Erick Santos Cardoso

Imagem retirada do financiamento coletivo da obra.

Desta vez, Erick “Sama”, o autor das fantasias Guirlanda Rubra e Lâmina Celeste, nos traz uma ficção científica fortemente inspirada em jogos de nave, como Gradius, Starfox, Xevious, Twin Bee, R-Type, Axelay, entre outros SHMUPS. Ainda que a história tenha um grande foco nas espaçonaves, seus pilotos e suas missões, ela também aborda temas como a “coletividade vs indivíduos”, inteligência artificial, entre outros.

Solitude faz parte da excelente coleção Dragão Mecânico, da Editora Draco, da qual falamos em nosso podcast da qual já resenhamos o excelente Pecados Terrestres, de Gerson Lodi-Ribeiro.

O início da leitura foi um pouco confusa, devido à escolha do autor em fragmentar a narrativa, não só em vários pontos de vista, mas também, em idas e vindas na linha temporal. Além disso, algumas coisas que ocorriam na narrativa, pareciam não ter um lastro de coerência clara. Com isso, nas primeiras páginas, tive uma impressão de que a história não teria um bom desenvolvimento, pela falta de coerência. No entanto, conforme o leitor avança na trama, percebe que há um aspecto engenhoso na forma que o autor introduz conceitos que começam a dar sentido e coerência para a trama como um todo. É uma história que se compõe com a sobreposição de diversas camadas, tanto no lado da trama, das referências aos jogos, temas, como a solidão, e presença da música, principalmente, o blues. Também não dá deixar de fora a inspiração em animes como Cowboy Bebop, Macross, entre outros. São elementos que se entrelaçam para composição da atmosfera da história.

A história segue a trajetória (errática) de Axel Vipero, um piloto de caça espacial e líder do esquadrão Raposas Estrelares. Ele e seus companheiros vivem numa recente colônia humana, chamada Eden. A humanidade que se desenvolve ali, já não é a mesma que vivia na Terra, uma notável diferença é a estrutura familiar. Muitos jovens são incubados e nascem por processos artificiais, sendo educados coletivamente em Centros de Criação, por muitos pais e mães. Assim, como Axel, seu melhor amigo, Luciano (Abelha) também não nasceu e cresceu numa família “tradicional”. Ele, Abelha, Gládio, Dário e Meadara são pilotos e os principais personagens da história. Destaque para a inteligência artificial, Coração, que é companheira íntima de Axel em sua jornada.

O conflito principal surge, quando alienígenas biomecânicos tentam invadir a colônia. A primeira tentativa é frustrada e dá oportunidade aos humanos de aprender sobre a tecnologia alienígena e compreender que estão condenados a serem destruídos ou assimilados brevemente. Neste contexto, é criada a Operação Salamandra, uma tentativa desesperada de resistir às forças superiores dos invasores.

Além do conflito de proporções épicas, há também os conflitos advindos da relação entre o elenco principal. Temos um típica trama conflituosa baseada num triângulo amoroso que envolve o protagonista e seu melhor amigo. E a relação do protagonista e do par amoroso com um simpático animal de estimação.

A narrativa é toda composta de cenas episódicas que se alternam no espaço, tempo e pontos de vista, mas que do meio para o final, começam a tomar mais corpo e coerência. Não quero dar spoilers, mas o autor introduz algumas ideias bem interessantes que explicam aspectos envolvendo as mortes e elos mentais entre os personagens.

Abro um parêntese para falar do ponto de vista de uma pessoa que foi muito fã de jogos de nave e jogou muitos deles. A maioria deles, não possuía uma camada de história muito bem desenvolvida, quando muito, sugeriam umas poucas linhas de texto e imagens. O jogador, talvez, pudesse unir os pontos entre o que estava expresso na história e o que se via visualmente nas fases para tirar algumas conclusões. Parece que o autor conseguiu encontrar inspiração, nas lacunas deixadas pelas histórias não contadas de tais jogos, para criar em cima de alguns conceitos “subentendidos”. Um salto dos pixels e sprites que compunham os jogos para a composição de uma história de ficção científica que aglutina muitos elementos já presentes em outras obras do gênero, mas totalmente alinhada ao seu principal tema da inspiração: uma ode aos “jogos de navinha”. Um dos resultados, que me surpreendeu, foi a criação de uma espécie alienígena “vilã” muito assustadora. Figura digna do horror cósmico e mais horrível que os Borg de Star Trek.

É um livro, curto, de poucos personagens, fortemente baseado na intenção de homenagear o construto cultural dos jogos de nave, amarradas por algumas ideias bem interessantes, que fazem a história transcender a simples dimensão de “história de ação espacial/combate de aeronaves”. Uma ficção científica que também traz suas reflexões sobre o impacto das tecnologias da informação e genética na vida humana, do indivíduo e sociedade, “teísmo vs ateimo”, amizade, amor, inveja e solidão.

Para completar, o autor nos deixa uma playlist, que ajuda ainda mais o leitor a mergulhar no universo da história. E ainda, para quem foi jogador desses jogos, é uma leitura muito nostálgica.

Gostou? Acesse o link do livro.

A Filha do Predador – Gerson Lodi-Ribeiro

Gerson Lodi-Ribeiro, um veterano da ficção científica brasileira, nos presenteia com mais uma obra intrigante. Tendo subtítulo: um conto na tramas de Ahapooka, o e-book tem 60 páginas e me deu a sensação de ter o tamanho de uma noveleta.

A história é narrada por Clara, uma adolescente que vive num planeta bastante peculiar. Uma espécie de planeta zoológico. Nos termos colocados pelo autor, ela vive em: “uma cidade poliespecífica da Grande Planície Vermelha de Ahapooka, um planeta habitado por milhares de espécies alienígenas e centenas de culturas humanas, numa época futura tão remota que a humanidade já esqueceu sua origem e se questiona sobre o mito da existência de um mundo original chamado Terra”.

O pai da Clara é um predador. Uma espécie de mercenário-sucateiro especializado em recuperar equipamentos de naves que são atraídas e caem no estranho planeta.

Clara tem que deixar sua vida escolar (e o bullying dos colegas) para trás e partir em sua primeira (perigosa) jornada acompanhando a profissão do pai. Fora das muralhas e da proteção de sua cidade, ela e o pai encontram batalhas contra concorrentes e também precisam lidar com espécies de centauróides bárbaros e belicosos.

Mesmo em suas poucas páginas, a história mostra uma ambientação muito interessante na qual são abordadas diversas espécies alienígenas, várias culturas, idiomas, o próprio mistério por trás da existência daquele estranho mundo, etc.

É uma história que traz uma sensação de estranhamento constante, bastante imaginativa, bem escrita e de rápida leitura. Deixa o leitor querendo saber mais sobre a personagem e este universo. Ainda não li, mas descobri que Clara é a protagonista do Romance “A Guardiã da Memória”.

No geral, a obra de Lodi-Ribeiro oferece uma experiência literária que transcende os limites do comum, acenando para uma jornadas profundas e empolgantes. Do mesmo autor, veja também a resenha de Pecados Terrestres.

O Ladrão de Casaca – Maurice Leblanc

Normalmente eu faço resenhas de livros de fantasia ou ficção científica, mas estou abrindo uma exceção para “O Ladrão de Casaca”, de Maurice Leblanc, que li pelo Amazon Prime Reading. Esse livro me remeteu a um dos poucos livros que li (e gostei) na minha adolescência, “O Paiol de Pólvora”, também do mesmo autor.

“O Ladrão de Casaca” é uma intrigante obra do escritor francês Maurice Leblanc, que introduz o leitor em um mundo de mistério, aventura e elegância. Publicado originalmente em 1907, o livro faz parte da série protagonizada pelo carismático e astuto ladrão cavalheiro, Arsène Lupin. É uma coletânea de nove histórias que constituem as primeiras aventuras de Lupin.

A trama gira em torno das façanhas de Arsène Lupin, um personagem complexo e carismático que se tornou um ícone da literatura de crime e mistério. Lupin é um mestre da dissimulação, um ladrão sofisticado que rouba apenas dos ricos e poderosos, em muitos casos deixando pistas e charadas para as autoridades perseguirem. Sua personalidade é uma combinação intrigante de inteligência, charme e habilidades atléticas surpreendentes.

No enredo de “O Ladrão de Casaca”, Arsène Lupin enfrenta um adversário formidável, o detetive inspetor Ganimard, que está determinado a capturá-lo. No entanto, Lupin não é um criminoso comum; ele é uma figura enigmática que mantém o leitor cativado com suas táticas engenhosas e escapadas audaciosas. O livro é dividido em episódios e é habilmente construído com reviravoltas inesperadas, jogos mentais e um senso de charme que é característico do personagem principal.

Maurice Leblanc tece uma narrativa envolvente, misturando aventura, suspense e um toque de humor, à medida que Lupin desafia as convenções sociais e embarca em uma série de roubos espetaculares. A prosa do autor é elegante e envolvente, pintando um quadro vívido da Paris da Belle Époque e dos cenários exóticos por onde o ladrão cavalheiro viaja.

“O Ladrão de Casaca” é uma leitura empolgante para os fãs de histórias de mistério e intriga. Tem até uma curiosa aparição de “Herlock Sholmes”, uma homenagem ao detetive fictício de Sir. Arthur Conan Doyle.

Maurice Leblanc criou um personagem icônico em Arsène Lupin, um mestre do disfarce e da astúcia, cujas ações contraditórias mantêm o leitor envolvido e adivinhando até o final. Com uma trama habilmente elaborada e personagens cativantes, o livro é uma adição notável ao cânone do gênero de detetive e certamente irá cativar os leitores com sua mistura única de charme e suspense.

O personagem foi adaptado ao cinema, TV e outras mídias. Uma das adaptações de que sou fã é a de Lupin III (sansei), neto de Arsène Lupin criada no japão como mangá e depois adaptada a vários filmes e séries de animação, incluindo o excelente “O Castelo de Gagliostro (1979)” dirigido por Hayao Miyazaki.

Porém Bruxa – Carol Chiovatto

Uma São Paulo fantástica é apresentada ao leitor em Porém Bruxa. Ísis é uma bruxa monitora, responsável por resolver problemas ligados ao sobrenatural em sua cidade.

Com sequestros, assassinatos e mistérios em seu caminho, Ísis conta com a ajuda de um grupo de amigos diverso para solucionar um grande mistério e enfrentar uma terrível ameaça sobrenatural.

Neste universo, um mundo mágico, bem brasileiro, se constrói misturando o cotidiano de nossa maior metrópole com diversos tipos de magia incluindo a presença de pajés, orixás, portais dimensionais, sociedades secretas, entre outros.

Além de tratar de um mistério, a trama percorre alguns temas atuais, como a diversidade, preconceitos, sexismo, intolerância religiosa, relações abusivas, as más influências que líderes religiosos inescrupulosos podem ter sobre seus fiéis etc.

A autora é habilidosa e combina humor, uma boa construção de personagens, os dramas da protagonista, com uma trama que mantém acessa a curiosidade do leitor.

Para quem curte fantasia urbana, é uma excelente oportunidade de ler uma obra do gênero que consegue se sustentar muito bem no contexto tupiniquim.

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