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Tag: fantasia sombria

O Teatro da Ira (Chamas do Império) – Diego Guerra

Chamas do Império: o Teatro da Ira. São Paulo: Editora Draco, 360 páginas, capa Diggs (o próprio autor) e Camaleão.

“A coragem é o único caminho; o medo o único pecado”

Primeira coisa, uma das coisas me motivou a adquirir esse livro foi a arte de capa. Um trabalho belíssimo do ilustrador Camaleão. Ele saiu de minha fila de leitura, relativamente rápido, pois há muito tempo queria entrar numa série de leituras de livros de fantasia e ficção científica de novos autores brasileiros.

O Teatro da Ira é uma fantasia que segue a linha brutal, lembrando um pouco o tom da trilogia da Primeira Lei de Joe Abercrombie, com uma temática e linguagem adulta. Não se fixa num único protagonista, mas está centrado em torno do mercenário Jhomm Krulgar, um sujeito forte e bruto que vive à sombra de acontecimentos terríveis em sua juventude. Devo dizer que gostei bastante do personagem, o fato de ter sido criado com cães e sua natureza selvagem, lembrando um pouco personagens como Conan.

E até queria que ele estivesse mais presente… A inclusão de um elenco complementar de personagens, dos quais a trama dependia para avançar, chegou a me afastar um pouco da obra, em alguns momentos. A primeira metade do livro é constituída pela apresentação desses personagens, em alguns casos, aparentemente desconexos da trama, mas aos poucos as peças vão se juntando. Do meio até o final, a narrativa ganha um ritmo mais forte, fazendo o leitor querer virar as páginas.

O mundo criado por Diego possui magia, mas ela se manifesta de uma maneira não tradicional. Temos a personagem Thalla, filha de um rico comerciante e capaz de entrar nos sonhos das pessoas, influenciando suas motivações, uma coisa análoga ao que vimos no filme Inception. O outro tipo de magia mostrado é uma espécie de ilusionismo praticada por um mambembe errante chamado Ethron. Dão o nome a esta especialidade de teatro coen, presente na trama, e que acredito ter motivado a escolha do título do livro.

Falando sobre a composição do mundo, sabemos que há um império, mas que este enfrenta dificuldades para manter-se unificado. Há uma guerra ativa em sua fronteira norte, e ameaça de rebeliões nas províncias sulistas. Isto também é de importância para a trama, pois todos os personagens acabam convergindo para a cidade de Illioth, uma importante capital no sul de onde vem uma ameaça de rebelião.

Outro aspecto da construção de mundo, vem da existência de uma raça não-humana, os dhäeni (ou eldani, como eram chamados nas eras passadas). Em relação a estes, o livro discute o tema da escravidão e do que ocorre com um povo que foi escravo por muito tempo após sua abolição. O preconceito que permanece e a própria visão subserviente que possa ter se instalado naquela cultura. Os dhäeni, além de ex-escravos, são mágicos por natureza, realizando magia através de canções. Eles possuem o interessante conceito de unidade com o todo através do canto da Grande Canção. A pessoa que salva a vida de Krulgar, quando jovem, é um dhäeni chamado Khirk. É uma figura interessante, pois cometeu um tipo de crime contra sua cultura e perdeu a sua voz, tornando-se assim, um fahin, um dhäen que não consegue cantar em consonância com a Grande Canção. Há outros personagens dhäen que mostram a relação desumanizada, ainda cultivada pelos humanos em relação aos seres desta raça. O livro tem boas sequências de ação, em especial, algumas batalhas que ocorrem no meio do livro.

Mas deixa algumas pontas soltas, que talvez venham a ser explicadas nas sequências. O autor possui um prosa fluida, no geral, trabalhando bem sequências de ação e diálogo, mas achei que peca um pouco nas sequências descritivas, em especial em aproveitar-se disso para informar o leitor sobre a história e outros aspectos do mundo. Tais informações poderiam ser mais condensadas, ao meu ver, o que deixaria o ritmo de leitura mais fluido e ágil.

Quanto à finalização, acredito ser a melhor parte do livro. O escritor entrega um final convincente, com uma boa reviravolta, deixando o caminho aberto para outras obras. O que gostei, em especial, foi do capítulo do epílogo, no qual constrói uma perspectiva histórica da narrativa e é irônico notar como os historiadores criam uma versão não que não adere aos fatos narrados na estória (usando a forma antiga aqui para diferenciar de história). Já vinha suspeitando, durante a leitura de influências de Bernard Cornwell neste livro e o epílogo ajuda a pensar assim. Será mesmo? Seria uma boa questão para uma possível entrevista com o autor.

O balanço geral é que é um livro de fantasia épica bem construído, com alguns personagens interessantes, uma trama bacana, construção de mundo que evita um pouco os pontos comuns do gênero e que é uma obra notável considerando o cenário do gênero no Brasil. Fica minha recomendação.

Site do autor:
https://www.diegoguerra.com.br

Ilustração (completa) por Camaleão:
http://camaleao.artstation.com/projects/zNkGZ

Joe Abercrombie – Mini Biografia, Obras e Entrevistas

Esse é um dos autores de fantasia mais excepcionais que conheci ultimamente. Eu já resenhei aqui, alguns de seus livros. Quando encontro alguém bom assim, fico com muita vontade de compartilhar e divulgar, então resolvi fazer uma pesquisa baseada em várias fontes e entrevistas para falar um pouco mais sobre ele. Então, vamos lá!

Um pouco de sua biografia

Abercrombie nasceu em Lancaster, no condado de Lancashire, noroeste da Inglaterra, mesma região natal de Joseph Delaney (postagem anterior). Nos seus anos de estudante, jogava muito videogame e RPGs de mesa, rolando dados e desenhando mapas de lugares que não existem. Sempre sonhou em conseguir redefinir o gênero de fantasia e assim, começou a escrever uma trilogia épica contando as desventuras do bárbaro Logen Nove Dedos. Mas sua primeira tentativa foi mal sucedida.

Ele mudou-se para Londres para tentar ganhar a vida. Anos depois, em 2002, sentou-se novamente para reescrever as desventuras de Nove Dedos. Desta vez, o resultado foi muito mais interessante.

Completou o primeiro volume O Poder da Espada (The Blade Itself) em 2004. Livro que foi rejeitado por muitas agências literárias da Inglaterra, até que em 2005, foi aceito pela Gillian Redfearn of Gollancz. Um ano depois, foi publicado como primeiro volume da Trilogia da Primeira Lei. Agora, já publicada em mais de treze países.

Em 2008, Joe foi finalista do prêmio John W. Campbell como melhor escritor estreante. No mesmo ano, contribuiu para a série da BBC Worlds of Fantasy ao lado de autores como  Michael Moorcock, Terry Pratchett and China Miéville.

De 2009 a 2011 publicou mais três livros do mundo da Primeira Lei, Best Served Cold, The Heroes e Red Country, todos ainda inéditos no Brasil.

Foi em 2014 que começou a publicar sua nova série, a Trilogia do Mar Despedaçado. Os primeiros dois livros, Meio Rei e Meio Mundo, já foram publicados no Brasil e Meia Guerra, ainda é um lançamento muito aguardado…

Em 2015, venceu o Prêmio Locus na categoria melhor romance Young Adult com Meio Rei.

No Brasil, seis de seus livros foram publicados pela editora Arqueiro.

Obras

Algumas capas nacionais e internacionais da maior parte das obras do autor.

Joe por Joe

Para essa seção, selecionei trechos de diversas entrevistas e bate-papos dos quais o autor participou ao longo dos anos.

Escrita

Você sente que se desenvolveu como autor durante a escrita de seus 5 primeiros livros? Em que mudou/se desenvolveu? Acha que ainda tem o que aprender?

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