Este livro de ficção científica me surpreendeu bastante pela inventividade do autor combinada com sua “nerdice”. Baixei uma cópia pelo serviço Kindle Unlimited apenas para ler um capítulo ou dois, sem muita fé que se tornaria uma leitura completa, mas fui fisgado quase imediatamente. Optei por fazer uma resenha que contém o minino de spoilers, mas devido ao próprio conteúdo da história ser de algum modo imprevisível, me parece difícil falar do livro sem contar um pouco sobre o enredo.

We are Legion conta a história de Bob Johansson, um empresário do ramo de TI que contrata os serviços de uma empresa de preservação por criogenia. A técnica consiste em congelar uma pessoa morta para que possa, talvez, ser revivida no futuro, se o avanço tecnológico permitir.

É claro que ele morre e volta, mais de um século no futuro, para descobrir que sua mente foi revivida num sistema computacional, que não possuiu um corpo e nem os direitos de uma pessoa. Nem seu país existe mais como ele conheceu, o mundo mudou muito durante seu sono criogênico, e onde ficavam os EUA existe um novo estado teocrático chamado FAITH. Bob agora precisa lidar com o fato de ser uma propriedade do Estado e obedecer suas ordens, mas isso não é nem 10% da história.

Bob se torna um replicante cuja missão é ser o controlador de uma sonda de Von Neumann, cujo objetivo é viajar para diferentes sistemas estelares em busca de mundos aptos para colonização humana.

O leitor, especialmente se já for fã de obras de ficção científica, irá se deparar um uma FC hard que irá envolver extrapolções da tecnologia computacional, física e astronomia, numa história que é basicamente uma aventura de exploração espacial.

O livro tem muitas dimensões e vai ramificando a narrativa em caminhos inesperados, na medida em que a exploração espacial vai crescendo de modo curioso e ao longo de décadas. Um aspecto especialmente estranho pra mim foi ver os brasileiros retratados como “vilões”. Entre as superpotências do futuro, o Império Brasileiro é uma das mais fortes e com inclinações belicosas. Devo dizer que o autor canadense possivelmente fez uma pesquisa razoável de nomes e termos, mas ainda ficou aquela sensação de que brasileiros e demais sulamericanos são farinha do mesmo saco.

Outro bom recurso utilizado pelo autor (com boa dosse de humor) é o fato do protagonista ser da nossa época, então nós vamos descobrindo esse futuro estranho sob a ótica contemporânea e também carregada de referências à cultura popular como Star Wars, Star Trek, Os Simpsons, entre outros.

Como resumo, é um livro surpreendente, inventivo, bem humorado, com boas chances de agradar leitores de ficção científica. É o primeiro livro da trilogia “Bobiverse” e seu final deixa isso claro, com muitos problemas em aberto a serem explorados nos livros seguintes. Então, se for embarcar nessa leitura se prepare para ler três livros.

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