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Fundação – Isaac Asimov

Essa é uma releitura. Li esse livro há muitos anos, não me lembro bem quando, mas há coisa de 20 a 30 anos atrás. Não me lembrava de nada, exceto três palavras (além do título): Trantor, Hari Seldon e Psicohistória.

A Ficção Científica envelhece mal, mas talvez a Fundação tenha envelhecido um pouco menos devido ao autor não focalizar muito em determinados aspectos da tecnologia. Causa um estranhamento a presença de microfilmes como meio de armazenamento e o estranho, e muito presente hábito, que vários personagens da trama tem de fumar charutos. É difícil visualizar um futuro com tantos charutos…

Mas anacronismos à parte, Fundação é um romance que se forma através do ajuntamento de histórias menores e saltos entre épocas diferentes, traçando uma cronologia acelerada do fim do império galático.

Conta sobre um futuro distante no qual a capital do império galáctico, Trantor, está em seu ápice. Um matemático e psicohistoriador, Hari Seldon, anteviu através de estatísticas e modelos matemáticos e históricos que o império irá ruir que que 30 mil anos de barbárie se seguirão antes que um segundo império se erga.

Para evitar isto, ele concebe a Fundação, que tem o propósito de ser uma espécie de guardiã do conhecimento científico, colocando-o à serviço do futuro da humanidade. A Fundação é estabelecido no planeta Terminus, no extremo da galáxia e tem como missão tentar encurtar os 30 mil anos de barbárie para apenas mil anos.

Asimov escreve muito bem, mas certamente gosto mais de outros livros dele do que de a Fundação. Ainda que a premissa seja genial, o desenrolar do romance, sem personagens muito aprofundados e saltos históricos, não favorece uma trama que acredito ser capaz de prender a atenção dos leitores contemporâneos mais ligados em enredos cheios de ação. Durante muito tempo, esse romance foi muito lido e celebrado, de fato, é um dos grandes livros da história da FC, mas penso que ele envelheceu um pouco.

Ainda assim, tem conceitos chave muito interessantes, como o da religião ser usada como uma forma de controle das civilizações menos avançadas. Além disso, há passagens interessantes e algumas frases memoráveis como: “A violência é o último refúgio do incompetente”. É também um livro dominado por personagens e conflitos masculinos.

Não estou aqui para dar duas, três, quatro ou cinco estrelas… Mas para reconhecer que em minha leitura anterior eu gostei muito mais do livro do que nesta releitura.

Ainda assim, reconheço que é um grande clássico da ficção científica, no qual Asimov trabalhou ideias ousadas e que contribuiu muito para a formação do gênero. É um clássico e leitura obrigatória para quem é fã do gênero. Recomendo, tanto para apreciar a inventividade e criação de um universo mergulhado em questões políticas complexas, como para ter conhecimento de uma obra icônica da história da ficção científica.

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  1. Interessantes, as suas observações. Costuma acontecer, esse tipo de desapontamento, especialmente quando a gente tem muita nostalgia a respeito de um livro ou filme. Mas este é um livro obrigatório. Na verdade, uma compilação de histórias publicadas na revista “Astounding Science Fiction”, costuradas pelo recurso engenhoso das mensagens do psico-historiador Hari Seldon, prevendo os pontos fulcrais da história do futuro. Muito bom que a Editora Aleph mantenha o título em catálogo — e melhor ainda que tenha lançado esta edição com a arte original do ilustrador americano Michael Whelan.

  2. Marcelo Bighetti

    Ao meu ver, depois de ter lido umas seis vezes toda a série fundação, começando aos 14 anos e terminando na casa dos 50, vejo que os personagens principais são o próprio império galático e a psico-história.

  3. Carlos

    De fato, terminei a leitura de Fundação e Império na minha resenha escrevi extamente isso: “a fundação como protagonista”.

    Obrigado pelo comentário!

  4. Carlos

    Sim, Roberto. Mesmo a releitura não tendo sido de todo prazerosa, eu concordo que é um título “essencial” da FC. Acho que é como o Marcelo Bighetti comentou, é preciso olhar sob a ótica de que “o próprio império galático e a psico-história” funcionam como protagonistas.

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