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Categoria: Resenhas Page 37 of 38

A Missão de Senar – Crônicas do Mundo Emerso

Missão de Senar * Leia também, a resenha do primeiro livro da série: A Garota da Terra do Vento.

No segundo livro da trilogia Crônicas do Mundo Emerso da italiana, Licia Troisi, acompanhamos duas histórias paralelas. De um lado, Senar, jovem mago do conselho, tem como objetivo alcançar o lendário Mundo Submerso e lá buscar ajuda para combater o Tirano. Para tal, precisa empreender uma perigosa viagem marítima. Do outro lado, Nihal, continua seu treinamento para obter o título de Cavaleiro de Dragão. Ela, cada vez mais, está presente na guerra contando com o apoio do escudeiro e amigo Laio.

Enquanto isso, o Tirano avança cada vez mais em seu propósito de conquistar todas as terras do Mundo Emerso. A autora mantém o contraste entre seres pacíficos, e pessoas comuns com a súbita e arrebatadora violência que cai sobre estes, derrotando-os, ou então, tornando-os igualmente violentos e belicosos.

Alguns novos personagens memoráveis também surgem, como o mago Megisto, a bruxa Reis e a pirata Aires. Ido continua sendo um personagem de interesse e neste livro conhecemos mais sobre seu passado. O mentor de Nihal, de fato, é um dos personagens mais fortes criados por Troisi. Todo o peso do mundo cai, cada vez mais, sobre os ombros de Nihal, que passa a compreender que o destino do Mundo Emerso pode de fato estar em suas mãos.

Enfim, as crônicas do Mundo Emerso, podem não agradar um leitor exigente, mas é uma aventura de fantasia suficientemente bem construída, com personagens interessantes, violência contrastada algum romance e amizade e elementos fantásticos capazes de tirar nossa mente da realidade para imaginar e construir outro mundo junto com a autora durante a leitura.

Logo mais, comentamos a conclusão.

The Titan of Twilight – Troy Denning

Titan Twilight

The Titan of Twilight

Na conclusão da saga, Twilight of Giants, Tavis novamente precisa agir para salvar não só sua esposa, a rainha Brianna, mas também para salvar seu filho. Na conclusão, a proporção dos inimigos aumenta absurdamente e a batalha final toma proporções épicas. De um lado um titã imortal do vale do crepúsculo que deseja criar o filho de Brianna para ser o próximo imperador do grande reino de Ostória, e de outro, uma aliança entre os “giant-kins” (chamarei de agigantados), das raças firbolgs, verbeegs e fomorians que desejam matar a criança, pois um respeitado profeta anteviu que a criança traria grande destruição ao mundo, e em especial, aos agigantados.

Neste contexto, o companheiro de Tavis, Basil sugere que a única forma de salvar sua família é encontrando uma arma mítica que teria sido de um deus, o machado Sky Cleaver, cuja lenda diz poder cortar qualquer coisa, até mesmo uma montanha inteira.

Um dos pontos altos da aventura é a perseguição que ocorre logo no início do romance, sendo Brianna ainda grávida, e prestes a dar a luz, o alvo de ataques de gigantes e agigantados. O nascimento da criança é todo um episódio muito tenso e (confesso) chegou a me deixar apreensivo e quase enjoado.

Acontecem muitas reviravoltas até o confronto final formando um desfecho proporcional para a saga. No final, a sensação de ter conhecido parte de um universo ficcional improvável, mas instigante. Como conjunto, para quem curte fantasia, definitivamente vale a leitura desta trilogia.

A Giant Among Us – Troy Denning

A história segundo livro da trilogia Twilight of Giants inicia-se um ano após os eventos de The Ogre´s Pact.

O reino de Hartsvale encontra-se em guerra contra as raças de gigantes. Tavis Burdun, Avner, a Rainha Brianna e o verbeeg Basil encontram-se com o príncipe Arlien de Gilthwit que busca uma aliança entre Hartvale e seu reino. Em meio a um ataque de gigantes, buscam refúgio no castelo de Cuthbert, um dos condados de Hartsvale. Perseguindo a rainha, os gigantes estabelecem cerco contra o castelo e Tavis, agora guarda-costas de Brianna, se vê entre o dilema de seu amor pela rainha e o dever de protegê-la. Neste sentido, decide afastar-se dela e precisa escapar do cerco e buscar auxílio do exército da rainha, em outro condado.

Porém, além a ameaça do cerco dos gigantes, Tavis e seus companheiros descobrem que há forças ameaçando a rainha de dentro do castelo sitiado. Com o desenrolar da história mergulhamos um pouco mais no passado mitológico da região nórdica de Forgotten Realms. Mais detalhes sobre o espírito do crepúsculo (Twilight Spirit) são revelados e também sua relação com o antigo império de Ostória, governado pelos gigantes. Também conhecemos mais sobre os costumes e cultura belicosa dos gigantes de gelo e um pouco sobre os altos padrões de honra da raça dos gigantes de pedra.

O suspense se forma em torno das possibilidades de salvação da rainha, cuja situação torna-se cada vez pior. Ao mesmo tempo, a sobrevivência de Tavis é ameçada a cada passo, assim como de seus companheiros Basil e Avner. Um dos pontos fortes do segundo livro está justamente no clima tenso que é estabelecido ainda no início da trama e mantém-se até as últimas páginas. Outro, está relacionado ao vilão. Na medida em que vemos conhecendo o interessante antagonista este torna-se cada vez mais detestável, superando o papel ocupado pelo ogro Goboka, do primeiro livro, The Ogre’s Pact.

Seguindo o estilo característico do autor, A Giant Among Us apresenta muita ação, personagens cativante e cenas bem construídas. Após a metade, o romance assume um clima mais tenso que seu predecessor, fazendo com que não consigamos parar de ler, na expectativa de conhecer o desfecho da trama. A séria conclui no terceiro romance, The Titan of Twilight, que já estou lendo e estará aqui brevemente. Para saber mais sobre a série, o autor e outros títulos dele, consulte nossa resenha de The Ogre’s Pact.

The Ogre’s Pact – Troy Denning

Muitos talvez não conheçam o escritor Troy Denning, pois não existem títulos do autor traduzidos para a língua portuguesa. Troy começou sua carreira com designer de games na TSR em 1981, mas logo passou a se dedicar à escrita de romances como membro do departamento de livros da TSR. Escreveu cerca de 20 livros para três diferentes ambientações do RPG Dungeons & Dragons: Forgotten Realms, Planescape e Dark Sun. Um destes romances, Waterdeep, chegou à lista de best sellers do New York Times. Além disso, entre 2001 e 2009 escreveu cerca de 11 romances do universo expandido de Star Wars.

Meu contato com este ótimo escritor veio através da série de cinco livros que tive a sorte de adquirir, The Prism Pentad (1991-1993). Livros do cenário Dark Sun que Denning ajudou a criar juntamente com Tim Brown and Mary Kirchoff e que foi ricamente ilustrado pelo excelente, Gerald Brom. Tornei-me fã instantâneo.

Muitos anos depois, vi numa prateleira (e adquiri) os três livros da série The Twilight of Giants (1994-1995), cujo primeiro volume é justamente The Ogre’s Pact. Levou anos até a fila andar, mas fico feliz de finalmente retornar a ler este autor.

Recheado de ação, The Ogre’s Pact apresenta o reino de Hartsvale cuja dinastia de reis humanos conseguiu conviver em paz com seus vizinhos: diversas raças de gigantes e derivados. A princesa deste reino, Brianna, é raptada por ogros e cabe ao experiente batedor, Tavis, um gigante da raça firbolg, viabilizar o resgate. Porém, há algo a mais que um simples rapto e Tavis e seus companheiros deparam-se com um terrível segredo que pode por fim à dinastia de reis de Hartsvale ameçando a paz de toda a região.

As regiões ermas, com picos gelados, cavernas, cordilheiras hostis, rios e cachoeiras, florestas de clima temperado e vales gélidos próximas a Hartsvale são o cenário de boa parte da trama. Tavis e seus companheiros, Avner, um rapazote humano e Basil, curioso gigante da raça verbeeg, lutam para resgatar a princesa e ao mesmo tempo, limpar seus nomes junto ao guarda costas de Brianna, Morten, um firbolg como Tavis, e dos condes e tropas de Hartsvale, que os implicam como possíveis cúmplices do rapto da princesa.

Conforme o avanço de Tavis e seus companheiros, as dificuldades se acirram e um resgate e sua própria sobrevivência ficam cada vez mais difíceis. O autor provê boa ação, temperada com sacadas inteligentes do protagonista que através de suas habilidades como guia e escolta, consegue entender as intenções e movimentos de seus inimigos, ler sinais do clima e do terreno, usando-os a seu favor para garantir uma chance de sucesso em sua empreitada praticamente impossível.

Outro aspecto bem trabalhado na história é a presença de magia, que ora do lado de seu aliado, Basil e ora sob o comando do principal oponente, o xamã e ogro Goboka, produzem diversas reviravoltas que mantém um clima de ação e suspense. Além de confrontar os inúmeros ogros comandados por Goboka, Tavis e seus companheiros encontram aliados e oponentes entre os poderosos, mas estúpidos gigantes das montanhas.

O desfecho é tenso e abre espaço para os romances seguintes da série, The Giant Among Us e The Titan of Twilight, que espero comentar aqui em breve.

Para quem lê em inglês e curte romances recheados de ação e fantasia, The Ogre’s Pact certamente não irá decepcionar, mesmo para aqueles (como eu) que saibam pouco, ou quase nada, sobre o cenário de RPG, Forgotten Realms. Algo que aprendi com os romances de Troy Denning é que eles transcendem o contexto dos cenários de RPG dos quais surgiram, constituindo boas histórias em si, com personagens bem elaborados, cenas de descrição muito vívida e tramas que capturam a atenção do leitor.

A Corrida do Rinoceronte – Roberto de Sousa Causo

A Corrida do Rinoceronte é apresentado como fantasia contemporânea, mas se aproxima mais de um thriller policial com um toque de fantástico.

O livro narra a jornada de Eduardo Câmara, um brasileiro recém chegado a uma cidade do interior da Califórnia chamada South River. Eduardo é programador de computadores e vai aos Estados Unidos por meio de um contrato temporário de trabalho numa firma de software, mas logo se envolve numa trama envolvendo corridas de carro, crime digital e até mesmo questões ambientais.

Como um estranho numa terra estranha e nada bem quisto em sua nova vizinhança, longe da família e de sua cultura, Eduardo percebe uma dimensão de si mesmo anteriormente ignorada: a questão racial. Um mestiço, como grande parte da população brasileira, o jovem nunca chegou a pensar em si mesmo como um negro, mas na sociedade americana, que dicotomiza ou rotula tudo, vencedor/perdedor, comunista/democrata, branco/negro/asiático/latino, Eduardo viu-se classificado como negro, e começa sentir um preconceito explícito anteriormente não experimentado.

Uma das temáticas abordadas no livro é da cultura americana que aprecia e cultua os carros possantes, ou street machines. Em South River é um ponto de encontro para corridas ilegais utilizando esses carrões envenenados. Eduardo, não pretende burlar a lei e participar destas competições, mas por oportunidade, acaba adquirindo uma máquina, um Chevrolet Camaro z/28. A aquisição deste carro é na realidade o ponto de partida da jornada de Eduardo, que precisa acertar a documentação de seu novo veículo e conhece a policial Jennifer Adams, responsável pela investigação das corridas ilegais.

Neste contexto, talvez por stress, ou por algum outro motivo desconhecido, ou sobrenatural, surge o Rinoceronte. Eduardo passa a ter visões de um rinoceronte negro que passa a ser um elemento condutor para dentro da trama. É uma alavanca que surge na história para despertar a curiosidade do leitor. Talvez, visto como um fantasma de uma espécie em extinção, significasse um grito da natureza pedindo ajuda. Eduardo passa a conhecer mais da história local de South River, suas famílias, estruturas de poder e antigas richas. E talvez o rinoceronte representasse o espírito de alguém envolvido nestas richas, ou ainda, algo de sua própria ancestralidade africana.

O mais importante de tudo é que no livro somos apresentados a cada um destes elementos de uma forma envolvente. Assim, passamos a conhecer um pouco mais sobre street machines, sobre a cultura e história de uma cidade do interior norte americana, sobre a geografia e também questões ambientais e raciais. Outro ponto forte do livro é a sólida construção de personagens. Estes se tornam vívidos na mente do leitor e passam a constituir a trama como elementos significativos, não meros figurantes, na medida em que são importantes peças da constituição do enredo. O autor constrói uma ambientação rica e elaborada que demonstra um cuidado com pesquisa e detalhes que conferem, apesar de se tratar de uma história fantástica, um bom senso de realidade. O autor utiliza a própria linguagem como elemento constituinte da história.

O uso de algumas expressões em inglês e também a consciência de Eduardo em relação ao seu domínio incompleto do idioma ajudam a conferir um grau maior de realidade de sua situação como estrangeiro.

Encontramos neste curto romance de imagens vívidas (que daria uma boa transposição para um filme) trama e personagens envolventes. Uma ambientação rica e um clima o misterioso de numa história que começa sem indicar para onde vai, cresce em riqueza de detalhes até formar uma trama cujo desfecho dá boa resposta às questões levantadas, mas ainda deixa no ar algo quanto às motivações pessoais do personagem e sua misteriosa relação com o rinoceronte de suas visões. Enfim, deixa a sensação de que esta dimensão da história poderia ter sido mais bem explorada, mas definitivamente constitui uma boa leitura.

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