Brandon Sanderson é certamente um expoente da literatura fantástica atual. Em sua nova série, The Storlight Archives, ocorre num novo mundo de fantástico que é revelado aos leitores gradualmente através de uma trama que envolve um conjunto de personagens sólidos e memoráveis.  Especialmente após a leitura do segundo volume desta série, Words of Radiance, ficam evidentes semelhanças de alguns aspectos estruturais que se mostram na trilogia Mistborn, que começou a sair no Brasil pela editora Leya. Certamente as séries de Sanderson estão entre as melhores obras de fantasia que venho lendo ultimamente… Recomendo muito!

O próprio autor diz que “Words of Radiance foi escrito como uma carta de amor ao gênero de fantasia épica. Continua The Way of Kings e é o tipo de livro atinge o potencial que sempre sonhei para fantasia épica”.

Mas vamos ao primeiro livro da série….

The Way of Kings

Este livro tem mais de 1000 páginas e é o primeiro de uma série (prometida) de dez livros. Então, dá para esperar muita coisa pela frente. Se passa no mundo de Roshar, um lugar assolado por tempestades mágicas onde já se travaram batalhas entre a humanidade e um terrível inimigo há muito desaparecido e que deixou em seu lugar apenas lendas.

Toda a criação de mundo é vívida, sendo Roshar um mundo de fauna e flora peculiares onde existem animais comuns como cavalos e galinhas, mas também outras criaturas fantásticas, como enguias voadoras e crustáceos gigantes. Alguns que servem de animais de carga, e outros que são temidos predadores. O clima é também um elemento relevante na trama (como eram as brumas da série Mistborn).

O sistema de magia também, como em outras obras de Sanderson, é bem elaborado, interessante e consistente. Uma das expressões do poder mágico na obra se materializa nas armaduras e espadas mágicas através das quais, poucos habitantes deste mundo conseguem expressar superpoderes que vão além dos tipicamente vistos em outras obras de fantasia. A própria descrição (e desenhos que vemos nas obras) destes artefatos parecem advir do gênero de super-heróis, ou dos animes.

O começo do livro é um pouco devagar, pois os fatos do mundo, seu funcionamento e problemas, são introduzidos juntamente com os personagens principais da trama. Dá para perceber que o primeiro livro é usado para estabelecer a base para o desenvolvimento da série. Há tramas e subtramas de cada um dos personagens, que vão eventualmente se entrelaçando e mais perto do final, o ritmo da estória fica frenético, do tipo, não consigo parar de ler isto, mas vale um pouco de paciência até chegar lá. Mas não digo isso como algo ruim, o livro é progressivamente envolvente e imersivo.

Uma das qualidades do autor são suas cenas de ação. Há muita ação no livro e de boa qualidade. Mas ao mesmo tempo, há muitos outros temas psicológicos que são desenvolvidos. Religião x ateísmo, preconceito, sexismo, destino, perseverança, confiança, liderança, etc.

Cada um dos personagens possui um campo de conflitos distintos e que os torna interessantes de se acompanhar. Há três protagonistas, Kaladin, Shallan e Dalinar, mas também um monte de outros personagens importantes que aparecem nos interlúdios e em torno dos protagonistas. O foco principal é em Kaladin, um escravo que sofre maus bocados, mas que de alguma forma luta contra o destino ruim que caiu sobre si. Dalinar é uma mistura de nobre e general e ele Kaladin mostram uma faceta dominante na estória: o militarismo. Há uma grande e extensa guerra em andamento e muito do que ocorre naquela região do mundo gira em torno disso. Shallan é acadêmica jovem da baixa nobreza que traz à trama temas fora do foco militar, mas que também evidencia que há uma outra dimensão de problemas que poderão vir à tona e que só estão sendo considerados no planos de pesquisas acadêmicas.

Haveria muito mais a falar sobre esse livro… A mensagem principal seria: é um livro de fantasia muito bom! Mas é melhor parar por aqui, antes que apareçam spoilers….

5 / 5 stars