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Caxinã – Vinícius Lobo

Essa foi mais uma das felizes aquisições do FIQ 2022. Caxinã é uma HQ nacional e independente sobre Kaijus, monstros gigantes inspirados em filmes da cultura pop japonesa, como Godzilla. É a segunda HQ do autor e foi publicada em 2020.

Caxinã é nome dado ao monstro e, na minha percepção, protagonista da história. No posfácio, o autor esclarece que “Caxinã é uma referência a Herpetotheres cachinnans, o nome científico do Acauã, a ave do sertão conhecida pelo seu canto de mau agouro que anuncia a aproximação da morte”. E realmente o Kaiju Caxinã é mesmo o arauto da morte!

Acauã (Portal Jeito Nordestino)

A história se passa no país fictício, Antipétria, semelhante ao Brasil em aspectos visuais e culturais, mas um pouco diferente, aqui e ali… A narrativa já começa com a crise estabelecida, ou seja, o monstro gigante está a solta e causando destruição por onde passa.

Os personagens da trama são principalmente políticos e militares. Podemos ver a trama de um lado, mostrando o comportamento dos personagens frente à crise, seus dilemas morais (ou a falta deles) e de outro, as cenas de ação que mostram as tentativas dos antipetrianos de resistir ao ataque do Caxinã.

A arte é toda feita à mão, em branco e preto, inclusive balões e efeitos sonoros, algo a mais a ser apreciado e valorizado na obra.

O desfecho da história é de algum modo poético e reflexivo trazendo algum pessimismo que parece pairar na zeitgeist brasileira… Se você curte Kaijus, fica minha recomendação! Logo mais, vamos comentar aqui sobre outra obra do autor, Ilhas dos Ratos.

Visite a loja do autor e seu perfil no Fliptru onde você poderá ler algumas HQs no formato digital.

Revista do Gato Preto / Ovelha Negra – Daniel Werneck

O gibi de tiras, dois em um, é a mais recente produção do quadrinista Daniel Werneck lançada no FIQ em 2022. O autor também assina produções como Shogum dos Mortos e Shogum dos Mortos – As Sete Faces do Horror.

As histórias têm um humor peculiar que vem desde a concepção dos personagens, às referências a outros personagens e também brinca com a linguagem visual de antigas edições de gibis e folhetins.

O Gato Preto é um personagem que já vimos aqui antes (também adquirido no FIQ, edição de 2018.)

“O lado” do Gato Preto traz tiras que fazem referências e reflexões sobre o nosso cotidiano. Falam de problemas do nosso tempo e constroem o humor baseando-se em acontecimentos e temas de um contexto social que, muitas vezes, não é tão engraçado assim, tais como, a mentalidade autoritária, escassez cultural e contrastes que vivemos na sociedade polarizada, com falta de diálogo e prisão das mentalidades às suas bolhas de conteúdos.

Já “no lado” da Ovelha Negra, temos uma coleção maior de personagens muito interessantes, que expressam um humor próprio das obras do autor, que em alguns casos é não convencional. E no centro da revista, uma surpresa para o leitor, uma incrível viagem interdimensional. Só lendo para ver como é!

O traço sintético do autor conduz o leitor para as piadas e/ou reflexões de cada uma das tiras. Um trabalho autoral que vale ser conhecido.

Contatos do autor:

O bar do pântano (e outras desgraças). Rascunho do inferno, vol.1 – Felipe Tazzo – Daniel Sousa

Com roteiro de Felipe Tazzo e arte de Daniel Sousa, esta HQ é composta por duas histórias e levará o leitor em uma viagem até o nono círculo do inferno. Ali ele poderá mergulhar numa visão peculiar do inferno e seus habitantes.

Em “O Bar do Pântano”, uma alma recém-morta chega a um boteco, no meio do nada, e num primeiro momento, até não acha o inferno tão ruim. Mas conforme as coisas andam, logo descobre haver motivos para o lugar se chamar inferno.

Em “O Portão do Inferno”, temos um grupo de almas que se unem para tentar encontrar uma saída do inferno. A história, apesar de bem humorada, traz algumas visões perturbadoras do que seria o inferno.

Sendo o primeiro volume de uma série chamada “Rascunhos do Inferno”, a HQ tem desenhos muito interessantes. O traço é grotesco em muitos momentos e isto combina com a atmosfera sombria que a história procura transmitir. Entretanto, algumas páginas ficaram muito carregadas em tons escuros, dificultando a apreciação dos desenhos.

Na parte dos balões, em algumas páginas, é um pouco difícil seguir a sequência de leitura, mas não é nada que uma releitura de quadros não resolva.

A HQ autoral foi viabilizada por financiamento coletivo em 2018, mas ainda pode ser comprada aqui.

Areia – Bruno Marcello

A HQ escrita e ilustrada por Bruno Marcello (Bua) conta a história de uma androide que coleciona obras de arte da antiga civilização humana que ruiu. Neste futuro, a humanidade deixou como legado um ecossistema de androides que ainda mantém algumas coisas funcionando nas cidades.

A protagonista chega em Salvador procurando uma obra para completar sua coleção. Suas companheiras, Mala e Suporte são simpáticas e auxiliam a androide em diversas situações. O nome Areia vem do fato dos chips de computador terem areia como matéria-prima.

Em relação à linguagem gráfica da HQ, as páginas são ilustradas em aquarela, com exceção de um segmento da história que se passa num mundo virtual, ali, vemos o contraste da técnica manual com a ilustração digital, uma boa sacada do autor.

Esse futuro cheio de figuras estranhas e situações surreais nos remete a alguns dos problemas sociais que vivemos em nossa própria época. É interessante a exploração do conceito de liberdade e de como as máquinas conseguiriam exercer o livre arbítrio. Além disso, há uma crítica a uma herança de autoritarismo que seria legada às máquinas através da programação das IAs feitas pela humanidade.

Essa é uma HQ que traz um mundo com ação, humor e reflexões capazes de surpreender o leitor desprevenido.

Fica aqui nossa recomendação para conhecer o belo e instigante trabalho do quadrinista Bua. Você pode comprar essa HQ direto com o autor em sua loja:

http://www.brunomarcello.com/shop.html

Anna Saito – Journalist Fighter – Diego Sanches

Aqui temos mais uma publicação da Quadcomics!

Em Anna Saito, Jounalist Fighter, Diego Sanches (de Svalbard) nos introduz a um universo inspirado em jogos de luta. 

Os traços do artista, soltos e orgânicos criam uma narrativa visual impactante, especialmente nas cenas de luta.

Anna é filha do famoso lutador Jorge Saito que se dedicou muito a sua carreira deixando a filha de lado. Ela tem um grande ressentimento quanto à ausência paterna. Logo no início da história, vemos um lutador misterioso que enfrenta Jorge, no que seria sua última luta antes da aposentadoria. Durante a luta, Jorge desaparece.

Algum tempo depois, Anna viaja para os EUA a trabalho, para investigar uma pista para uma reportagem. Sua investigação vai levá-la mais perto de descobrir pistas sobre o desaparecimento de seu pai, mas também, a coloca frente-a-frente com poderosos inimigos e aí, não vai ter jeito, ela terá que lutar!

Curti muito essa HQ, os personagens, a ambientação, as cores… Perfeita e nostálgica. A edição é muito bem cuidada, desde sua capa, espetacular arte que aproveita o espaço interno das orelhas da revista e todos demais detalhes. Além disso, conta com a inclusão de uma galeria de artistas convidados, como os artistas da QUAD e Davi Calil… E para quem conhece a HQ Kung Fu Ganja, tem um belo dum easteregg nessa história.

Altamente recomendada! Agora é ter notícias de quando essa história vai continuar… (Já tem preview da parte 3 no Tapas.io)

A HQ está com um preço excelente:

https://www.quadcomics.com.br/product-page/anna-saito-journalist-fighter-digital

 

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