É uma história de fantasia com aspectos épicos ambientada num mundo inspirado na Europa, na era moderna, com presença de armas de fogo, instituições financeiras e religiosas, mas também, magia, tudo isso operando em regimes monárquicos decadentes.
No passado, o mundo foi atingido por um imenso desastre que o fez perder algo de sua magia e tecnologia, ainda assim, a continuidade do uso da magia é um dos temas centrais da trama.

Conta a história de Garlando Espendi, um jovem de família abastada que passou por perdas em tragédias na juventude, mas que foi acolhido por um velho sábio que lhe ensinou a usar magia. No reino em que vive, a magia é pouco tolerada e há perseguição de usuários de magia por parte da inquisição do Templo. E há um bom motivo para isso: coisas ruins acontecem quando a magia foge ao controle.

Ilustrações de Abel

Garlando é um bon-vivant, mas uma série de circunstâncias vão o retirando de sua zona de conforto e o levando a se envolver com as tensões que há entre os reinos. Os vizinhos têm maior aceitação quanto ao uso da magia e até defendem que seu uso seja ampliado de modo a favorecer toda a população. Essas tensões vão gerando as condições para a eclosão de uma guerra, mas o conflito vai além de uma divergência filosófica ou disputa por recursos, há outras forças antigas e poderosas envolvidas. Por trás das questões humanas, persiste o conflito entre duas linhagens de seres antigos e imortais, os Alvos e os (amaldiçoados) Albinos.
Ambos estão buscando as pedras mágicas dos elementos para usar sua poderosa magia.

O mundo criado pelo autor possui alguns elementos interessantes como ser governado por duas deusas, a quantidade de sóis que influenciam o calendário, as pitorescas noites banhadas pela luz rubra do sol mais fraco e os efeitos indesejados da magia quando esta foge ao controle.

A jornada de Garlando é melancólica e tortuosa. Ele é um personagem um pouco sem rumo, rebelde e que resiste a se envolver em conflitos ou mesmo a se enquadrar na posição social que sua família oferece. O que guia suas ações pela história é o desejo de reencontrar Celes, sua paixão da juventude.

Algo que é bem interessante na obra é o fato de não se prender a algumas fórmulas de enredo. Isso tem um lado negativo, pois em alguns momentos o leitor pode sentir que a trama não está indo para uma direção clara, por outro lado, permite a descoberta de um caminho pouco usual. A trama solta acaba se convertendo em ponto positivo na perspectiva dessa dimensão de eventos e evoluções inesperadas.

O livro é relativamente curto, o que tem um lado bom, pois torna a leitura ágil, porém, pela quantidade de personagens, locações e elementos de trama introduzidos, talvez os leitores pudessem ir mais fundo na trama, se fosse mais longo. Isso daria mais tempo para o leitor conhecer melhor o mundo e seus personagens.

Cabe comentar que o livro tem alguma dose de erotismo, assim, recomendamos a leitura para leitores maduros. Outra coisa que se nota é a inspiração, ou mesmo, referências a alguns jogos da série Final Fantasy, principalmente o VI.

O livro tem uma diagramação diferenciada, conta com belas ilustrações de Abel e arte gráfica e material promocional que lembram o trabalho do mestre Yoshitaka Amano.

Arte do próprio autor do livro

Vencedor do Prêmio Odisseia Fantástica de Narrativa Longa e o terceiro lugar do Prêmio Argos é uma obra que certamente se destaca pelo projeto gráfico, construção do mundo e trama solta, com surpresas, mas que gravita em torno dos passos dados pelo protagonista enquanto procura sobreviver, entender seu lugar no mundo e seu legado, enquanto se mantém firme na busca de sua paixão perdida.

A história de Guirlanda Rubra não se fecha totalmente no primeiro livro. Está em curso o financiamento coletivo para o segundo livro da série, Lâmina Celeste, que promete apresentar uma nova protagonista e fechar a trama iniciada no primeiro livro. Vale a pena apoiar e conhecer!

Conheça a campanha, nela você tem opção de adquirir num pacote ambos os livros.