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Categoria: Resenhas Page 33 of 38

Sagas vol 3 – Martelo das Bruxas

Martelo das Bruxas

E a série Sagas da Argonautas continua! O tema da terceira edição: Bruxas. Fiquei satisfeito de ver que o tema foi abordado de maneiras bastante distintas pelos cinco autores da antologia. Para você que já acompanhou nossos comentários sobre Sagas 1 – Espada e Magia e Sagas 2 – Estranho Oeste, já sabe que a série é muito boa, mas se está pegando o bonde aqui, saiba que esta nova publicação é uma ótima vitrine de contos de literatura fantástica por autores lusófonos que vale a pena acompanhar.

Sobre a capa, gostei mais do esboço incluído no final do livro do que a capa propriamente dita. Não acho que a capa representou bem, ou esteve alinhada com o conteúdo dos contos. É uma boa ilustração, mas não casou tão bem com conteúdo como as capas das edições anteriores.

Cada História Tem…
Por Christopher Kastensmidt

Em Olinda do Brasil colonial, em plena caça às bruxas, acompanhamos o confronto de Beatriz, uma bruxa e Pedro Luiz, um frei inquisidor português.

O conto é narrado dividindo o protagonismo entre os dois antagonistas. Alguns lapsos de tempo entre a narração dos dois pontos de vista foi utilizada de uma maneira habilidosa adicionando pitadas de suspense quanto ao desenrolar dos fatos. Trata-se de uma visão um pouco diferente da que estamos acostumados a ver quando o assunto é caça às bruxas.

O Quão Forte Pode Um Gigante Gritar?
Ana Cristina Rodrigues

Ana nos leva para a Irlanda numa história onde a caça às bruxas (no caso druidas) se cruza com o destino de dois seres encantados da mitologia céltica. É um conto de fantasia bem narrado e que faz uma correlação entre o desespero de bruxas e bruxos sendo caçados pesa inquisição e o declínio dos seres fantásticos que são dizimados pelo avanço da civilização humana. Gostei do conto e só ficou um estranhamento (penso ser questão de revisão) quanto a arma empunhada por um dos personagens que ora é uma espada, ora torna-se um machado.

Encruzilhada
Douglas MCT

Não dá para gostar sempre de tudo, dá? Acho que faltou alguma coisa neste conto para “dar liga” e melhor compreensão ao leitor. As cenas são bem descritas, e os personagens que aparacem chegam a despertar interesse, mas a falta de melhores explicações e direcionamento do que está acontecendo e o que esperar poderá deixar alguns leitores (como eu) perdidos. Bem, talvez outros leitores, acostumados com o estilo não linear e com as referências específicas usadas pelo autor tenham maior sucesso na apreciação deste conto.

A Justiça Deste Mundo
Ana Lúcia Merege

Este conto é o que mais se aproxima da abordagem “clássica” de caça às bruxas. Em 1645, em plena Inquisição, com pessoas sendo acusadas de bruxaria, nem sempre de maneira fundamentada, e, sendo presas, torturadas e, finalmente, executadas. O primo de um jovem reverendo encontra-se preso nesta situação. Este, tenta intervir a seu favor… Porém, acaba descobrindo coisas terríveis durante o processo. É um conto muito interessante que inverte as expectativas do leitor. Gostei bastante da reviravolta e desfecho.

Missa Negra
Duda Falcão

Em seu conto, ou autor nos leva ao interior do Brasil onde uma comunidade de agricultores tem uma série de desgraças ocorrendo em suas terras e que uma possível explicação para este fato, seja bruxaria, ou mesmo, o culto ao demônio. O tipo de narrativa feita pelo protagonista dá um tom de desesperança e depois horror e me lembrou bastante alguns dos escritos de H.P. Lovecraft. Um conto sufocante com um bom ritmo de desenvolvimento e desfecho igualmente desesperador.

Então, não quis contar muitos detalhes dos contos para não estragar a festa. Se gosta do tema, é uma boa aquisição! Esperamos pelo Sagas 4. Qual será o tema?

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The War Lord of the Air – Michael Moorcock

Warlord of the Air

Primeiro livro da série “The Nomad of the Time Streams”, The War Lord of the Air e é tido como um dos precursores do Steam Punk.

O autor usa um artifício interessante para a premissa da história. Em 1903, seu próprio avô, (também chamado de Michael Moorcock) teria coletado o relato da aventura temporal/dimensional do tenente Oswald Bastable do exército britânico que

foi enviado, um ano antes, para negociar paz com uma pequena cidade estado vizinha da índia, na região montanhosa próxima ao Nepal. Lá encontra uma cidade “impossível” chamada Teku Benga, isolada, antiga, de muitos deuses e cultos, de arquitetura esquisita e única, habitada por um povo estranho comandado por Sharan Kang, um rei/alto sacerdote (que dá medo).

Vítima de uma emboscada, Oswald e seus homens tentam escapar do Templo do Futuro Buda, e ao percorrer os labirintos subterrâneos do templo, acaba sendo atirado para o ano de 1973, numa versão alternativa da terra na qual o imperialismo não acabou, aviões não foram inventados, as grandes guerras mundiais não ocorreram e o progresso do mundo está ligado ao  desenvolvimento de aeronaves dirigíveis (mais sofisticadas que os nossos dirigíveis) e progresso sob orientação das grandes nações imperialistas como Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e Japão.

Oswald é resgatado por um dirigível (o Péricles), das ruínas isoladas da própria cidade de Teku Benga. Neste futuro, o tenente se vê maravilhado neste mundo que ele mesmo chama de Utopia, pois por exemplo, em Londres a pobreza foi erradicada. Mas também se vê num futuro no qual não pertence. Ninguém acredita em sua história e a versão dos fatos aceita é que ele teve amnésia. Acaba, depois de alguns meses se adaptando e vai trabalhar como oficial de segurança em linhas aéreas comerciais. Porém, uma série de eventos força o ex-tenente a rever seus conceitos sobre a política imperialista. É um livro recheado de reflexões sobre política e o funcionamento da sociedade.

O personagem se depara com algumas interessantes figuras em sua jornada, como Una Persson (recorrente em vários livros do autor), um Ronald Reagan alternativo muito interessante, entre outros.

A única coisa que parece ameaçar essa “Utopia” vista por Oswald, são os grupos anarquistas e terroristas que pregam o regime socialista/comunista. Um fervoroso defensor do império Britânico e dos ideais de justiça de sua época, Bastable aos poucos se desilude e suas crenças são abaladas após encontrar-se como o “Senhor da Guerra dos Ares” um revolucionário chinês que construiu uma cidade socialista utópica: a Cidade do Amanhecer. Lá convivem pensadores, cientistas, escritores, políticos e militares. Eles se preparam para assaltar o modelo político do mundo para derrubar o imperialismo e substituí-lo pelo socialismo.

Eu recomendo a leitura, pois é um livro de rápida e fácil leitura, com algumas boas discussões políticas, referências à cultura pop e onde pode se conhecer o gênero Steam Punk ainda em seu estado embrionário. Mas penso que essencialmente é uma narrativa de história alternativa.

O livro possui duas sequencias: The Land Leviathan e The Steel Tsar, sobre os quais falarei aqui em breve.

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Sagas Volume 2 – Estranho Oeste

Essa é uma série que estou curtindo pelo seu formato e proposta. Este é o segundo volume da coleção Sagas da Argonautas Editora (leia nossa resenha de Sagas 1). Saímos da Espada e Magia para o volume 2, Estranho Oeste (144 páginas).

O prefácio por Thomaz Albornoz é bom e se faz importante para os desavisados (como eu) se situarem quanto ao gênero dos contos que irão encarar adiante.

Em “Bisão do Sol Poente” de Duda Falcão (que também está aqui na Multivesos), acompanhamos a primeira aventura sobrenatural do pistoleiro Kane Blackmoon. Este tem como missão pegar um ladrão de bancos e seu bando, mas o que seria uma caçada comum, se transforma num enfrentamento com o estranho, sobrenatural e finalmente a descoberta da própria essência e novo propósito de vida do protagonista. O texto é gostoso de ler e nos faz mergulhar na ambientação e para mim foi o conto que se destacou nesta antologia. Afora disto, sinto que é melhor não dar mais muitos detalhes… Neste caso, penso que é melhor ler o conto ao invés de que ler sobre o conto.

Aproveite o Dia”, foi o primeiro texto que li do autor Christian David. É um bom conto e acho que o que melhor captou o espírito de Estranho Oeste. O protagonista , Jeremiah narra a estória em primeira pessoa e traz um toque de humor, que a princípio rejeitei, mas acabei abraçando, pois durante o conto devido à consistência de suas ações e modo de pensar, o personagem acaba tornado-se convincente.

“Fé”, de Alícia Azevedo é um conto de vingança com uma pitada de pacto com o diabo. Também um conto sobre aqueles que tem fé e que de um jeito ou de outro, continuam mantendo esse modo de ver o mundo, mesmo que o objeto de sua fé se transforme. A freira Beatrix, busca vingança contra aqueles que destruíram a missão onde trabalhava e violaram seu corpo. Em seu caminho para atingir a vingança se disfarça de “inocente” viúva, mas na hora de fazer justiça com as próprias mãos, retoma seu velho hábito de freira. Encontrei algumas coisas interessantes neste caminho percorrido pela freira que fazem valer a leitura do conto.

Em “Justiça… Vivo ou Morto”, de M.D. Amado acompanhamos o pistoleiro Cole Monco que resolve tomar as dores de um garoto que teve a família morta. Mas algumas coisas estranhas começam a acontecer e Cole precisa de auxílio para resolver o caso. É um conto que começa de modo linear parecendo que vai para determinada direção, mas algumas reviravoltas (estranhas) fazem o leitor ficar sem saber o que poderá acontecer em seguida. Bem, no final, acaba o título do conto, “Justiça… Vivo ou Morto” acaba fazendo sentido.

E finalmente, “The Gun, the Evil and the Death” de Wilson Vieira que é um escritor desenhista com experiência no gênero western, acompanhamos o destino final do bandido Tom Ketchum. Com certeza é o escritor que mais arrisca no uso de meta linguagem para delinear seu conto. Diria que é um conto em que a forma de contar é tão importante quanto seu conteúdo e que ainda traz uma surpresa no final (um tanto bizarra), mas bem humorada que transforma o conto de algo esquecível em algo memorável. (Bom, pelo menos eu vou me lembra dessa doideira por um bom tempo). Enfim, talvez não tenha sido um conto carismático, daqueles que nos prendem ao enredo ou trazem identificação com suas personagens, mas que de algum modo, evoca imagens interessantes e recursos de narrativa incomuns.

Sagas, volume 2 é um livro que você lê “numa sentada” (ou cinco) e que constitui razoável divertimento. Confesso que gostei mais do primeiro (mas sou suspeito para falar devido a minha predileção pelo gênero Fantasia). Enfim, é um bom livro e eu recomendo, especialmente se tiver propensão a gostar do gênero western. Vai lá e pegue o seu e entre neste universo de tiroteios, espíritos indígenas, muito calor, desertos, pó, saloons, jogatina, whisky e outras bizarrices.

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The Broken Sword (A Espada Quebrada) – Poul Anderson

Broken SwordO que dizer sobre este livro? Em primeiro lugar: é muito bom! Foi escrito mais ou menos na mesma época em que o Senhor dos Anéis (pelo menos, foram ambos publicados no mesmo ano, 1954). Seu autor, Poul Anderson (1926 – 2001) foi um escritor norte-americano da Era Dourada da ficção científica, mas também escreveu alguns livros de fantasia. Este foi seu primeiro livro de fantasia após estabelecer-se como um escritor bem sucedido de ficção científica. Ele deve ter escrito uma boa centena de livros e recebeu diversos prêmios, como o Hugo (sete vezes!).

Tem uma narrativa bastante sombria e adulta e talvez a precursora de contos de fantasia neste subgênero. Muitos autores já citaram que este livro foi uma inspiração, ou mesmo referência, entre eles, Michael Moorcock. A história tem muitos elementos pesados e imagino que teriam sido mais pesados ainda na década de 1950, quando foi lançado. Ou seja, não é uma leitura recomendável para jovens leitores. No pano de fundo, há citação de algumas situações históricas, mitologia e cultura nórdica, céltica, escocesa e inglesa e lendas de fadas. No primeiro plano, personagens brutos e violentos que demonstram inveja, luxúria, vingança e amor.

O romance conta a história de Skafloc, um homem que é raptado quando bebê e antes de ser batizado. Imric, seu raptor é um conde entre os elfos que governa o território da inglaterra, cria o rapaz como seu filho adotivo. Um humano entre os elfos poderia representar uma vantagem no conflito travado entre elfos e trolls há muitas gerações. Porém, Imric não poderia apenas roubar uma criança humana, portanto ele o substitui por um changeling, um filho próprio seu com uma troll louca que o conde mantém na masmorra de seu castelo. A história se passa na Inglaterra, Irlanda e alguns países nórdicos e se passa ora no mundo dos homens e ora em Faerie, um local místico que somente seres míticos podem enxergar e uns poucos humanos dotados de “visão de bruxo”. Interessante é que aqueles que não a possuem enxergam no lugar de um castelo ou fortaleza, montanhas de formato curioso.

O verdadeiro pai de Skafloc, Orm, é um guerreiro nórdico que resolve se estabelecer na Inglaterra após suas conquistas e acaba se casando com uma moça que adotou a religião cristã. A conquistada por ele era o lar de um pequeno senhor Inglês cuja família inteira é morta por Orm exceto por sua esposa vende a alma ao diabo, se torna uma bruxa e jura vingança contra Orm e toda sua descendência. No contexto da história, o “Cristo Branco” e sua religião que se espelhava pela Europa era responsável pelo enfraquecimento e eliminação dos povos míticos de Faerie da face da terra.

Na cerimônia de nomeação de Skafloc, um mensageiro dos Aesir, Skirnir presenteia a criança com uma antiga espada de ferro quebrada em dois pedaços. Em realidade uma espada de natureza maligna quebrada pelo próprio deus Thor e que um dia o rapaz resolve unir para cumprir um destino cruel. Do outro lado, entre os humanos, o changeling Valgard cresce um rapaz brutal o que agrada seu pai mas desagrada sua mãe. Valgard acaba cometendo crimes terríveis (induzidos pela bruxa) e parte numa jornada para juntar-se aos trolls.

A descrição e modos de agir dos elfos e trolls que o autor cria é muito diferente das usuais. Ambos são bastante inteligentes, organizados em civilizações porém amorais e orgulhosos. Ambos escravizavam raças menores que utilizavam em seu favor e nos conflitos. Há grande contraste entre a moral pagã destes seres e a moral cristã dos humanos que aparecem na narrativa. E do meio de uma guerra de vida ou morte para as nações élficas e dos trolls, o autor ainda encaixa de forma bem sucedida uma história de amor, bastante trágica, mas uma história de amor.

Uma sensação curiosa (e que se repetiu várias vezes) que tive lendo este livro era de que o livro teria de acabar, ou iria acabar logo, mas eu sabia que não. Senti isso de um terço até dois terços da evolução do enredo. A todo momento a narrativa parecia ter chegado a um beco sem saída. Eu pensava: “não vai ter jeito de continuar… está tudo acabado!”, mas alguma surpresa levava a história adiante.

A edição que li foi a revisada pelo autor em 1971. Muitos críticos (e o próprio Moorcock) dizem que a revisão empobreceu a obra original, o autor sustenta que não. Independente disso, The Broken Sword possui todos elementos de uma boa história de fantasia unindo magia, heróis, vilões, armas mágicas, criaturas e monstros míticos. É também uma obra de contrastes com momentos muito tensos intercalados por passagens mais amenas e tradições pagãs amorais contrastadas com a moral cristã. Enfim, é um grande clássico da literatura de fantasia e eu confirmo a indicação de Stephen E. Andrewsand e Nick Rennison como um dos 100 romances de fantasia que você deve ler (100 Must Read Fantasy Novels).

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A Recompensa dos Guerreiros – Fábio Rezende

A Recompensa dos GuerreirosEstá aqui um livro que me traz alguma dificuldade para traçar uma resenha, mas vamos lá! Bem, mas por que mencionar essa dificuldade ao invés de superá-la e escrever algo que vá “direto ao ponto”? Isso é para expressar minha impressão geral sobre a obra: contrastes. Gostei de vários aspectos e não gostei de outros tantos e desta disputa não emergiram com facilidade vencedores.

É um livro de fantasia daqueles com os tradicionais guerreiros, feiticeiros, exércitos e alguns não humanos como orcs e ogros, quase sem se desviar dos padrões estabelecidos para este gênero. É dividido em duas histórias quase independentes entre si em torno dos irmãos gêmeos Maxam e Millar que sempre estiveram juntos mas que se separam para perseguir destinos e missões diferentes. A história é ambientada num continente que era habitado civilizações humanas e que tinha uma cultura e cultos a deuses próprios e primevos até que foi invadido por uma civilização advinda de ilhas e que era mais avançada culturalmente, técnicamente e também em magia, estes chamados de Ilheus. A vinda dos Ilheus transformou em muito toda realidade, reinos foram criados, poderosas torres úteis aos magos foram construídas e uma nova nobreza se estabeleceu dominando o povo das civilizações cipestres. Assim como vieram sem explicações, a grande maioria dos Ilheus abandonaram o continente após um período de dominação. É bem depois desta época em que a história se desenrola.

Maxam e Millar são filhos (bastardos) de um nobre de sangue Ilhéu chamado Almitar, que é um dos membros da Liga Interna, a “tropa de elite” ligada ao rei de um dos reinos em guerra, Tantrania e Valdaria. A mãe deles, por outro lado, é uma bruxa do povo nativo de forma que os irmãos se posicionam como ponte entre os dois mundos, da elite e do povo. O título da obra vem de um ditado usado pelo pai dos protagonistas que fala da Recompensa dos Guerreiros. Diz que o que um verdadeiro guerreiro pode esperar como recompensa em sua vida é uma boa morte travando um bom combate.

 

Os reinos encontram-se em guerras entre si e Maxam e Millar resolvem abandonar o exército para atender ao pedido de sua mãe para proteger a ela, a irmã mais jovem e todos demais membros de sua vila natal. Seguindo a determinação do Rei, muitas vilas inteiras tiveram que ser deslocadas e para tal, organizaram-se uma série de caravanas. Os irmãos chegam até ao seu antigo lar e tornam-se os encarregados por conduzir as famílias até seu novo local de destino, a cidade de Ástoris. Uma viagem de muitos perigos, mas não o destino final das histórias dos irmãos.

Maxam apaixona-se por uma moça do povo errante, uma virgem prometida à deusa “Santa Virgem” que é capturada como prêmio pelo maligno feiticeiro conhecido como Abutre. É nesse ponto (ainda no início da trama) que os irmãos se separam. Maxam jura resgatar sua amada e vingar-se do feiticeiro enquanto Millar segue com seu dever de conduzir seu povo para um local seguro.

São duas histórias de natureza bem distintas neste livro “dois em um”. A jornada de Maxam vai se delineando como uma daquelas clássicas histórias do mocinho que deve resgatar a donzela em perigo e para tal, precisa enfrentar uma sucessão de perigos. Maxam encontra um companheiro de viagem um duende que lhe presta auxílio mágico, um serzinho adorável, brincalhão e inocente, mas que é também um pouco irritante e chato. O próprio estilo do autor, que em alguns pontos me fez lembrar de antigos heróis de seriados e quadrinhos “unidimensionais” (herói bom, vilão mau, preto no branco) e que neste ponto indicaria um desfecho “clássico”, traz algumas surpresas, o que é um ponto bom no livro. Mas também, um forte contraste, pois o tom sugerido inicialmente é mais leve, de aventuras mais inocentes e se converte em situações bastante sombrias, tornando o livro um pouco desaconselhável para leitores muito jovens.

 

Já a jornada de Millar torna-se uma trama de conspiração política envolvendo um número maior de personagens e situações. Tanto Maxam como Millar, são muito confiantes e até arrogantes o que não fez com que me identificasse muito com eles, o que é compensado pelo desdobramento das conseqüências que sofrem com o decorrer da história e como resultado de suas ações.

Mas vencendo minha indecisão, diria que o livro é bom. É bem escrito, tem uma boa ambientação e tem personagens bem desenvolvidas, apesar de que não consegui me identificar, ou mesmo gostar de nenhum deles. Tá bom, eu abro uma exceção, eu até gostei um pouco do Abutre. Mesmo sem essa identificação direta com os personagens, tanto os dois protagonistas, como os demais personagens de suporte, a trama tinha elementos que impulsionavam a leitura adiante. Talvez isso se deva a uma questão de gosto pessoal e que não bateu muito com o estilo de escrita do autor, mas não necessariamente a ter personagens, situações e ambientação de fraca construção. Ao contrário, a ambientação, eu diria que é o ponto forte do livro, o que nos leva a uma outra questão, ele não encerra definitivamente as histórias, deixando-as em aberto para o desenvolvimento em continuações.

Não consegui achar na internet notícias de continuações da obra do autor, mas espero que surjam. É um livro que já possui algumas boas qualidades considerando-se que é a primeira obra do autor. Penso que é um livro precoce da literatura de fantasia nacional (saiu em 2001 pela Record), e que merece uma reedição, mas talvez dividindo-o em dois volumes. Acho que o livro teria seu potencial de venda aumentado com um pouco de investimento na capa… A capa do livro não condiz com seu conteúdo e tão pouco tem apelo comercial.

E se as novas histórias e continuações não surgirem, fica o valor órfão de A Recompensa dos Guerreiros, que pode ser uma boa leitura para aqueles que curtem o gênero fantasia.

Saiba mais sobre o autor nesta entrevista que concedeu ao Valinor: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=2471&s=a30df807efaff51f36655f373026a199

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