fbpx

Categoria: Resenhas Page 32 of 38

Orador dos Mortos – Orson Scott Card

Orador dos MortosEste romance se passa cerca de três mil anos depois dos eventos narrados em O Jogo do Exterminador. Ender e sua irmã Valentine continuam vivos e relativamente jovens, pois passaram milênios viajando entre mundos (em velocidades próximas a da luz) e pouco tempo em planetas. Com isso, envelheceram pouco, devido a distorção relativa do tempo.

Ender se converteu numa espécie de monge que visita planetas, conduz investigações e depois, “fala pelos mortos”. Uma cerimônia onde fala sobre pessoas que morreram recentemente, em geral, à pedidos de familiares.

O ritmo e temática desta sequencia diferem bastante do livro anterior, isto pode decepcionar alguns leitores que imaginem que se trata de outro livro cheio de ação. Porém, também tem boas surpresas nesta troca de estilos e o leitor que prosseguir poderá ser bem recompensado! Há personagens interessantes e temas que te fazem pensar um pouco. E principalmente, o instigante planeta Lusitânia, para onde Ender é convocado. Lá vivem os Piggies, a única raça alienígena inteligente encontrada pelos humanos além dos Buggers. A caracterização do autor para a raça alienígena é fascinante, e de fato, faz o leitor crer no quanto alienígenas eles são se comparados aos humanos. Outro aspecto interessante sobre Lusitânia é que se trata de uma colônia de descendentes de brasileiros em que se fala português. Penso que existe um divertimento em especial, para quem fala português nesta leitura, pois a mistura de português e inglês na narrativa é interessante. Imagino que tal dinâmica se perca com a tradução, pois não faz muito sentido traduzir português para português (se bem que o português usado pelo autor é tão esquisito que poderia até fazer sentido). Imagino que ele tenha levado muitas memórias do tempo que foi missionário no Brasil e acabou colocando isso em O Orador dos Mortos (e na sequencia, Xenocídio).

Ender é chamado especificamente para falar pela morte de Pipo, um xenobiologista que estuda os Piggies junto com seu filho, Libo. Os humanos criaram uma barreira é uma série de regras para regular seu contato com os alienígenas, temendo que pudessem contaminar sua percepção do universo e própria evolução, mas acontece que uma vez um contato entre espécies alienígenas é traçado, parece ser impossível acreditar que isso não cause impacto na forma de viver e pensar de ambos os lados.

Lá Ender vai conhecer Novinha, a menina que o convoca após a morte de Libo. Quando ela o convoca era apenas uma criança, mas quando ele chega, ela já é uma mulher adulta e mãe de uma família cheia de filhos com que Ender também terá de lidar. Além de falar por Libo, Ender fala pelo pai das crianças de Novinha, Marcão, a pedido de uma das filhas do casal. Este morreu próximo do final da viagem de Ender. Novinha e Ender possuem muito em comum: ambos tornaram-se órfãos quando crianças e ambos muito inteligentes, se destacando em suas áreas e expertise. É um livro que explora diferenças culturais e religiosas. É um pouco difícil de explicar (sem contar detalhes do enredo), mas o autor conduz o leitor criando empatia com seus personagens, problemas e dilemas, de modo que depois de certo ponto, fica praticamente impossível abandonar o livro. Você quer saber o que vai acontecer depois, mais precisamente, quer saber o porquê de determinados acontecimentos, em especial da relação entre os humanos e os Piggies.

Sinto que fico devendo muitos detalhes sobre o livro, mas o mais importante é que é um bom livro, recomendo. E o que mais gostei (assim como a sua sequência, Xenocídio) é que ele te faz pensar em uma série de questões que normalmente não paramos para pensar no dia-a-dia. Bem, mas estou me adiantando. Logo mais falo sobre Xenocídio.

O Jogo do Exterminador – Orson Scott Card

Capa - O Jogo do Exterminador(Ender’s Game)

Não sabia que esse romance havia sido premiado com o Hugo e o Nebula, e sua leitura foi uma grata surpresa. Nem sabia que era uma série quando comecei a ler… (Já estou no terceiro livro, Xenocídio).

Este romance de ficção científica narra a história da guerra entre a raça humana e os alienígenas insetóides apelidados de “Buggers”. Neste contexto, os estrategistas da terra criaram uma escola de combate espacial  na qual treinam jovens desde seis anos de idade para atuarem, quando formados na guerra contra os alienígenas (que vai mal, obrigado!).  A Frota Internacional precisa se preparar para a próxima invasão e monitora crianças em diversos pontos da terra através de implantes para determinar se possuem o perfil adequado para passar pelo duro treinamento e se converterem em soldados para defender a Terra.

Ender Wiggin é um menino de seis anos que é recrutado para esta escola.É um romance de forte característica psicológica e que traz umas boas surpresas ao leitor. É provável que o leitor se identifique com o personagem e seus companheiros e rivais da escola de combate. Ender é um dos candidatos a desempenhar um importante papel de comando e sendo assim, é duramente cobrado durante seu treinamento. Em paralelo à atuação de Ender na escola outra trama, ligada a questões políticas, se desenvolve na Terra e cujos pivôs são os irmão de Ender, o sádico Peter e a empática Valentine. É um livro que funciona muito bem e prende o leitor do início ao fim (estimulando a leitura das continuações, também muito boas!)

Talvez devesse escrever mais sobre o livro, mas preferi parar para não trazer spoilers. Então para resumir: Se você ainda não leu este, arrume sua cópia e leia! É uma leitura bastante proveitosa para apreciadores de ficção científica.

The Steel Tsar – Michael Moorcock

The Steel TsarO terceiro e último livro da série Nomad in Time Streams que narram as viagens de Oswald Bastable. (veja a resenha da parte 1 e da parte 2)Em The Steel Tsar, Bastable, de algum modo chega a outra realidade alternativa e envia de lá seu último manuscrito que é entregue a Moorcock pessoalmente por Una Persson. Nesta realidade, o ano é 1941 e o mundo passa por uma guerra mundial entre o império Japonês, União das Repúblicas Eslavas (Rússia) e Reino Unido (e outras potências aliadas).

A partir daqui, tive dificuldade de isolar spoilers, tentei minimizá-los, no entanto, sem entrar em detalhes do enredo, muitos de seus personagens ou o modo que acontecimentos se desenrolam, mas ainda assim, alguns spoilers.

A narração de Bastable é dividida em duas partes. A primeira, na qual ele narra sua chegada nesta nova terra, sua fuga numa aeronave hospitalar a partir de Singapura, durante o ataque dos japoneses e algumas desventuras subsequentes até que consegue chegar na Indonésia, especificamente na ilha Rowe (local onde Bastable se encontrou com o avô de Moorcock para relatar sua primeira viagem). A ilha é lar de múltiplas etinias que a colonizaram para trabalhar no negócio de mineração. Com a guerra acontecendo, clima é tenso, mas há uma sensação de não saber para onde caminha a narrativa.

A transição entre a primeira e segunda parte se dá após Bastable ser capturado pelos japoneses e tornar-se prisioneiro em uma ilha próxima de Hokkaido e novamente escapar. É um dos pontos divertidos do livro, pois alí é introduzido Birchington, um prisioneiro “mala sem alça” que faz os demais detentos desejarem escapar da prisão, mais do que tudo. (especialmente engraçado, pois a prisão é bastante “confortável” supervisionada pela Cruz Vermelha).

Na segunda parte, chegamos ao “Tsar de Aço”, um revolucionário (versão alternativa de Stalin) que está lutando uma guerra civil contra o domínio do governo central. Bastable é acolhido pelos russos e arranja emprego em sua força aérea. Num confronto com o revolucionários passa a ter contato direto com seu lider e a visão de seus planos. Há algumas discussões morais e sociais sobre os sistemas políticos em especial, sobre anasquismo. Algumas coisas interessantes, como o retorno e o fim de Birchington, a revelação do verdadeiro “Tsar de Aço” (que me fez pensar em Mangas e Animes), o convite que Bastable recebe para integrar a Guilda dos Aventureiros do Tempo e alguma explicação de Persson sobre o ciclo de Hiroshima sob o qual ela vinha trabalhando em várias terras alternativas.

No fim, achei um pouco decepcionante o livro. Não chega a ser ruim, mas não é dos melhores de Moorcock. Pesquisando descobri que o próprio autor disse o seguinte sobre a versão do livro que li:  “Eu não deveria tê-lo escrito. O reecrevi bastante para a versão “omnibus”. (…) O editor ficou desapontado, mas acabei fazendo um acordo negociando o livro pela metade, e o livro saiu. Escrevi num momento em que haviam prazos curtos e algumas condições desfavoráveis. Sinto que deveria ter parado no segundo volume, cuja ênfase era o racismo (o primeiro, imperialismo) . Mas os editores queriam (imploraram por) um terceiro… Eu estava num momento frágil financieramente e ,de algum modo, moralmente. (…) Nunca estive satisfeito com a versão inicial de The Steel Tsar. Era um problema de estrutura. Mas, reescrevi depois e fiquei um pouco mais satisfeito com o resultado.”

O fato é que a versão reescrita é considerada virtualmente outro livro ( A Nomad of the Time Streams)  “ombinus/compilação” que saiu pela  Orion/White Wolf. Então, se puderem evitar a versão original e ler a versão compilada e reescrita, estou certo de que será um experiência mais agradável. Veja um pouco mais do que Moorcock comentou a respeito: “Na versão “omnibus” vocês escontrarão ideias adicionais sobre o multiverso que pensei valer a pena mencionar em algum lugar, mas não tinha encontrado o lugar ideal ainda…”
Veja mais em: http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=The_Steel_Tsar
e http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=A_Nomad_of_the_Time_Streams

{rating}

Reino das Névoas – Camila Fernandes

Reino das Névoas

Reino das Névoas

Contos de Fadas para Adultos

O livro tem a proposta de levar ao leitor (adulto) narrativas semelhantes aos contos de fada.  São sete contos com sabor de contos de fadas (ou seja, presença de princesas, príncipes, rainhas más, bruxas, magia, seres fantásticos, maldições, objetos especiais, etc) que de um modo variado, ora pelo tema, por meio de agir/pensar dos personagens ou presença de violência ou sexo, tornam-se pouco recomendados para leitores muito jovens.

Em alguns dos contos, é possível perceber referências diretas a algum conto de fada conhecido, como Branca de Neve ou A Bela Adormecida, mas em outros, temos a sensação de mergulhar num novo conto de fadas. Os próprios contos de fadas tiveram um bocado de seu conteúdo original, mas violento ou bruto, removido ao longo do tempo até que chegamos às versões “Disney”. Com a moral inserida do bem contra o mal e finais felizes para sempre. Muitos destes contos originais foram castrados de sua rudeza original. Em Reino das Névoas, temos a sensação de resgate forma desnuda de alguns dos contos originais, como no caso da versão de chapeuzinho vermelho em que a avó e chapeuzinho são mortas pelos lobo (e pronto… sem final feliz).

O livro contém os seguintes contos: O Chifre Negro, O Lenhador e a Sombra, A Outra Margem do Rio, A Torre onde ela dorme, A Filha do Fidalgo, A Espera e Reino de Névoas (mais para noveleta). A autora também é ilustradora e cada um destes contos é acompanhado de um bela ilustração.

É um livro de leitura rápida e prazerosa. Todos os contos são narrados de modo estimulante, com personagens, cenários e situações bem resolvidas. É uma boa surpresa no cenário de literatura fantástica nacional.

Compre o livro.

Saiba mais no site do livro: http://reinodasnevoas.blogspot.com.br/

{rating}

The Land Leviathan – Michael Moorcock

The Land LeviathanSegundo romance da série iniciada em The War Lord of The Air, The Land Leviathan narra mais uma viagem temporal/dimensional de Oswald Bastable. É interessante como o autor transforma o avô num personagem. Cansado de tentar publicar o manuscrito do primeiro relato de Bastable, o “velho” Moorcock sai à busca de Bastable. Ele faz uma viagem ao interior da China até o Vale do Amanhecer (citado no primeiro livro). Essa seção do livro é bastante interessante pelo tipo de retratação que é feita da China na época da revolução do início do século XX.

O “velho Moorcock” não consegue encontrar Bastable, mas uma outra versão da “crononauta” Una Persson que lhe entrega o manuscrito com o relato de sua segunda aventura (ou ainda, desventura). Desta vez, Bastable encontra um mundo devastado por uma guerra mundial em que novas potências estão a se confrontar defendendo seus ideais extremistas. Um tema forte neste livro é o racismo, ou a crítica a este. Uma destas grandes potências é a grande nação de negros comandados pelo Átila Negro, Cícero Hood, parece ser o grande vilão que quer fazer as raças brancas pagarem pelos crimes que cometeram contra a raça negra. Bastable tem uma passagem pela África do Sul (que nesta realidade tornou-se um país chamado Bantutstão e é um país pacífico e utópico comandado por uma versão alternativa de Gandhi.

Neste mundo, vemos a Inglaterra em ruínas tendo seu povo degenerado após ataques massivos de armas biológicas (e é sugerido que em outras partes do mundo o mesmo ocorre). Parte do mundo já vive num cenário pós-apocaliptico e a guerra em curso indica que as coisas podem ainda piorar. Bastable participa de uma grande batalha naval contra o império Autraliano-Japonês e depois da campanha terrestre contra os Estados Unidos. Do mesmo modo que no primeiro romance, Bastable é vítima de situações que não pode controlar e muda sua percepção aos poucos sobre aquele mundo e os ideais presentes nele, conforme tem experiências ruins. Quem seria pior? O conquistador e vingador Átila Negro vingativo, ou o povo americano mergulhado novamente no extremismo racial em que as tropas governamentais usam roupas e doutrina da Klu Klux Klan?

Um lado interessante na obra e que motivou tantas mudanças na história mundial foi o surgimento de um gênio da ciência, o Feiticeiro Chinelo chamado O’Bean. Que criou uma centenas de aparelhos e veículos tecnológicos muito antes do tempo destes, à partir do final do Sec. XIX. Então, por volta de 1906 vemos o mundo numa grande batalha com submarinos, veículos subterrâneos, aeronaves e com o famigerado, Leviatã Terrestre. Uma fortaleza de combate digna das animações japonesas mais exageradas.

As questões ideológicas (talvez duvidosas) e muita ação recheiam esse romance que é divertido e de leitura rápida.

{rating}

Leia mais sobre Michael Moorcock

 

Page 32 of 38

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén