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Categoria: Resenhas Page 20 of 38

O Teatro da Ira (Chamas do Império) – Diego Guerra

Chamas do Império: o Teatro da Ira. São Paulo: Editora Draco, 360 páginas, capa Diggs (o próprio autor) e Camaleão.

“A coragem é o único caminho; o medo o único pecado”

Primeira coisa, uma das coisas me motivou a adquirir esse livro foi a arte de capa. Um trabalho belíssimo do ilustrador Camaleão. Ele saiu de minha fila de leitura, relativamente rápido, pois há muito tempo queria entrar numa série de leituras de livros de fantasia e ficção científica de novos autores brasileiros.

O Teatro da Ira é uma fantasia que segue a linha brutal, lembrando um pouco o tom da trilogia da Primeira Lei de Joe Abercrombie, com uma temática e linguagem adulta. Não se fixa num único protagonista, mas está centrado em torno do mercenário Jhomm Krulgar, um sujeito forte e bruto que vive à sombra de acontecimentos terríveis em sua juventude. Devo dizer que gostei bastante do personagem, o fato de ter sido criado com cães e sua natureza selvagem, lembrando um pouco personagens como Conan.

E até queria que ele estivesse mais presente… A inclusão de um elenco complementar de personagens, dos quais a trama dependia para avançar, chegou a me afastar um pouco da obra, em alguns momentos. A primeira metade do livro é constituída pela apresentação desses personagens, em alguns casos, aparentemente desconexos da trama, mas aos poucos as peças vão se juntando. Do meio até o final, a narrativa ganha um ritmo mais forte, fazendo o leitor querer virar as páginas.

O mundo criado por Diego possui magia, mas ela se manifesta de uma maneira não tradicional. Temos a personagem Thalla, filha de um rico comerciante e capaz de entrar nos sonhos das pessoas, influenciando suas motivações, uma coisa análoga ao que vimos no filme Inception. O outro tipo de magia mostrado é uma espécie de ilusionismo praticada por um mambembe errante chamado Ethron. Dão o nome a esta especialidade de teatro coen, presente na trama, e que acredito ter motivado a escolha do título do livro.

Falando sobre a composição do mundo, sabemos que há um império, mas que este enfrenta dificuldades para manter-se unificado. Há uma guerra ativa em sua fronteira norte, e ameaça de rebeliões nas províncias sulistas. Isto também é de importância para a trama, pois todos os personagens acabam convergindo para a cidade de Illioth, uma importante capital no sul de onde vem uma ameaça de rebelião.

Outro aspecto da construção de mundo, vem da existência de uma raça não-humana, os dhäeni (ou eldani, como eram chamados nas eras passadas). Em relação a estes, o livro discute o tema da escravidão e do que ocorre com um povo que foi escravo por muito tempo após sua abolição. O preconceito que permanece e a própria visão subserviente que possa ter se instalado naquela cultura. Os dhäeni, além de ex-escravos, são mágicos por natureza, realizando magia através de canções. Eles possuem o interessante conceito de unidade com o todo através do canto da Grande Canção. A pessoa que salva a vida de Krulgar, quando jovem, é um dhäeni chamado Khirk. É uma figura interessante, pois cometeu um tipo de crime contra sua cultura e perdeu a sua voz, tornando-se assim, um fahin, um dhäen que não consegue cantar em consonância com a Grande Canção. Há outros personagens dhäen que mostram a relação desumanizada, ainda cultivada pelos humanos em relação aos seres desta raça. O livro tem boas sequências de ação, em especial, algumas batalhas que ocorrem no meio do livro.

Mas deixa algumas pontas soltas, que talvez venham a ser explicadas nas sequências. O autor possui um prosa fluida, no geral, trabalhando bem sequências de ação e diálogo, mas achei que peca um pouco nas sequências descritivas, em especial em aproveitar-se disso para informar o leitor sobre a história e outros aspectos do mundo. Tais informações poderiam ser mais condensadas, ao meu ver, o que deixaria o ritmo de leitura mais fluido e ágil.

Quanto à finalização, acredito ser a melhor parte do livro. O escritor entrega um final convincente, com uma boa reviravolta, deixando o caminho aberto para outras obras. O que gostei, em especial, foi do capítulo do epílogo, no qual constrói uma perspectiva histórica da narrativa e é irônico notar como os historiadores criam uma versão não que não adere aos fatos narrados na estória (usando a forma antiga aqui para diferenciar de história). Já vinha suspeitando, durante a leitura de influências de Bernard Cornwell neste livro e o epílogo ajuda a pensar assim. Será mesmo? Seria uma boa questão para uma possível entrevista com o autor.

O balanço geral é que é um livro de fantasia épica bem construído, com alguns personagens interessantes, uma trama bacana, construção de mundo que evita um pouco os pontos comuns do gênero e que é uma obra notável considerando o cenário do gênero no Brasil. Fica minha recomendação.

Site do autor:
https://www.diegoguerra.com.br

Ilustração (completa) por Camaleão:
http://camaleao.artstation.com/projects/zNkGZ

Meio Mundo – Joe Abercrombie

No segundo livro da série Mar Despedaçado, Jon Abercrombie renova o elenco de personagens, trazendo dois novo protagonistas, os jovens Thorn Bathu e Brand. O livro tem uma estrutura bem parecida com o primeiro. Yarvi ainda tem um importante papel na trama, mas o foco desse segundo livro se alterna entre a dupla de jovens guerreiros.

Thorn é uma aspirante a guerreira muito durona, que treinou duro e tem como ambição de vingar a morte de seu pai, mas antes disso, se vê acusada injustamente de um assassinato.

Sua vida acaba caindo nas mãos do perspicaz Príncipe Yarvi (já mais maduro do que vimos em Meio Rei), e partem numa jornada em busca de aliados contra o Rei Supremo. Junto com eles segue Brand, um jovem guerreiro que odeia matar.

Eu Sou Grimalkin – Joseph Delaney

Essa é uma novidade na série, pois há uma inversão total de ponto de vista sendo a história contada na visão de Grimalkin, a temível bruxa assassina do clã Malkin. É uma personagem conhecida na série, que apareceu, primeiro como antagonista de Tom Ward e do Caça-Feitiço, mas acabou se tornando uma aliada, pois possuem um terrível inimigo em comum: O Maligno.

A principal virtude dessa história passa pela mudança de protagonista que dá novos ares à série. O autor consegue, com sucesso, estabelecer uma anti-heroína, assassina e que ainda assim, uma vez entrando em seu ponto de vista, consegue cativar a simpatia do leitor.

Os primeiros livros da série são excelentes, mas no decorrer dos demais, sentimos que algo ia se perdendo, talvez, a capacidade de introduzir elementos novos, mas neste novo livro tudo se renova e a série volta a vibrar.

A protagonista é muito bem construída, pois são introduzidos elementos do seu passado, passamos a conhecer melhor seu código de ética, um pouco mais de seus poderes mágicos e há também uma nova personagem, sua aprendiz Thorne. Tudo isso em meio a uma missão dificílima que é enfrentar um grupo de inimigos que querem de volta a cabeça do Maligno, mas que também são fortes o suficiente para torná-la fragilizada. Isto faz com que ela, a despeito de sua força e orgulho, precise buscar aliados para evitar que o Maligno retorne.

Não se trata de um conto à parte da série, mas uma continuação direta dos eventos do livro anterior. E em sua conclusão, deixa o leitor esperando pelos próximos volumes da série.

Compre o livro na Amazon.

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Meio Rei – Joe Ambercrombie

Meio Rei

Essa é a segunda série de romances que estou lendo do premiado e competente Joe Ambercrombie. A primeira foi a (ótima) trilogia da Primeira Lei. A trilogia, Mar Despedaçado, está sendo lançada aqui no Brasil, também pela editora Arqueiro.

O primeiro livro da série, Meio Rei, 288 páginas, já mostra que o tom da série é um pouco mais leve alinhado ao público adolescente/jovem adulto, mas ainda com um toque de brutalidade e sarcasmo característico das outras obras do autor.

Há um certo desafio em escrever sobre um livro evitando gerar spoilers. Tentaremos…

Meio Rei conta a história de um jovem príncipe que nasceu com uma das mãos inúteis e deformada. Seu destino não era o trono e foi treinado para assumir um posto de conselheiro religioso/político, mas uma reviravolta o coloca como sucessor direto do trono, sendo que muitos em seu reino, onde os reis por tradição precisam mostrar a força de guerreiro, não vêem com bons olhos a ascensão de um rei fraco e aleijado.

Crônicas do Espadachim de Carvão – Tamtul e Magano e a Ameaça de Rumbaba

Essa HQ, spinoff da série de romances, Espadachim de Carvão, de Affonso Solano, narra uma breve aventura da dupla de irmãos Tamtul e Magano. É uma história fechada com 32 página, publicada pela Leya, roteirizada por  L.G. Quélhas desenhada por Zécarlos e L.G. Quélhas.

É uma narração típica do gênero espada e feitiçaria, protagonizada por uma dupla, como nos escritos de Fritz Leiber. Tamtul e Magano são personagens literários em Kurgala, o mundo do Espadachim de Carvão, mas que como vimos em As Pontes de Puzur, não são tão fictícios quanto se imaginava. Tamtul é um espadachim mulherengo e um romântico, enquanto Magano um hábil arqueiro e que confia em suas habilidades. Nesta aventura, penetrarão na Floresta Vermelha, onde enfrentarão um ser ancestral, Rumbaba, no imponente palácio de Guazulum.

Para quem já leu os romances da série, é uma maneira interessante de ver alguns personagens e cenários materializados. É uma HQ bem desenhada e executada, com cenas mais focadas em ação e personagens, do que na construção do cenário. A paleta de cores escolhida dá um tom sombrio o sanguíneo à narrativa fazendo do produto final uma HQ bem legal de se ler e com um bom traço a se apreciar.

Como anunciado em O Espadachim de Carvão, ficamos na torcida e esperando pelo surgimento de mais aventuras dessa dupla. Os títulos são bem sugestivos: Tamtul e Magano contra a ampulheta da Rainha Estátua, Tamtul e Magano contra o terror do abismo vermelho, Tamtul e Magano em busca da torre invertida,  Tamtul e Magano e o elmo do imperador sorridente,  Tamtul e Magano e o elmo do imperador sorridente, Tamtul e Magano contra o gigante de vidro, Tamtul e Magano contra o olho de Pht’Angü, Tamtul e Magano contra o terror do abismo vermelho, Tamtul e Magano e o tesouro da ilha submersa, etc.

É uma HQ de arco curto, mas bem resolvido e que deve agradar aos fãs da série O Espadachim de Carvão.

A HQ está à venda na Amazon e outras lojas.

Na Amazon, também está à venda Olhos Negros, meu romance vencedor do prêmio Wattys 2015.

P.S.: Você gosta de desenhar? Escrevi um artigo contando um pouco sobre como aprendi e comentando sobre um curso legal que encontrei na web.

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