fbpx

Categoria: Resenhas Page 34 of 38

Direitos Iguais Rituais Iguais – Terry Pratchett

Direitos Iguais Rituais IguaisOlá pessoal! Aí a última resenha de 2011. Que 2012 seja bom para todos vocês!

Direitos Iguais Rituais Iguais é o terceiro livro da série Discworld. Quanto mais leio, mais gosto. Nem deu para ficar com saudades do Rincewind na companhia da jovem Eskarina e da vó dela. Tá aí um aspecto legal deste livro, pode ser lido e apreciado sem a leitura dos livros anteriores, pois é uma estória independente e fechada.

O escritor é muito habilidoso e a leitura prende, não dá para discutir isso. A tradução do título não chega a ser ruim, visto que é um pouco difícil traduzir o trocadilho do título original, Equal Rites.

Eskarina é uma menina, oitava filha com sete irmãos homens, filha de um ferreiro. Quando bebê ela herda um cajado mágico que determina seu caminho para tornar-se uma maga. Acontece que no Discworld, (algumas questões de tradução aqui) tradicionalmente homens são magos (wizards) e mulhes bruxas (witches) e Eskarina tem que vencer muitas tradições e preconceitos, começando de sua avó que é uma bruxa, para conseguir ser aceita e tornar-se maga.

Depois de dobra a avó, partem numa jornada para a capital,  Ankh Morpork para tentar inscrever-se na  Universidade Invisível (só para homens/magos). Bem, daí acontecem muitas coisas divertidas, mas meu objetivo não é ficar falando destes pormenores, até por que senão correria o risco de começar com spoilers.

Pratchett é muito bom na criação de personagens e situações e sua técnica de metáforas (e outras figuras de linguagem) é algo sem igual. Ele é capaz de em simples sentenças (sobre coisas mundanas) descrever de uma forma tão viva e divertida de forma que não me lembro de um outro escritor com o mesmo nível de habilidade. É um show a parte que vale conferir.

Enfim, não deixe de ler essa excelente série! É coisa genial!

A Casa dos Muitos Caminhos – Diana Wynne Jones

Casa dos Muitos Caminhos

2008 – Editora Galera Record – 302 páginas.

Que satisfação ler um livro como este! É o terceiro livro da série que começou com o O Castelo Animado (que foi adaptado para o cinema pelo mestre Hayao Miyazaki) seguido de O Castelo no Ar.

Neste livro conhecemos Chairman Baker, uma jovem geniosa, que adora livros e foi superprotegida pelos pais. Ela recebe a tarefa de cuidar da casa de seu tio-avô, William Norland, um mago idoso que por conta de
uma doença busca tratamento fora da cidade junto aos elfos.

A casa contém muita bagunça, sujeira e muitos segredos também. Além da casa, Chairman também recebe a seus cuidados uma cadelinha capaz de enfrentar muita confusão. No decorrer da trama, Chairman explora a casa e acaba conhecendo a família real de seu país, a Alta Norlanda. O rei e sua filha enfrentam dificuldades e Sophie, o Mago Howl e o demônio do fogo, Calcifer, são chamados pela princesa para auxiliá-los.

Na investigação Chairman conta com a ajuda do futuro aprendiz do mago Norland, o jovem Peter, que ainda não consegue fazer uma magia se quer dar certo.

O perigo chega bem perto quando Chairman tem um encontro acidental com um Luboque, uma criatura perversa que pretende tomar para si todo o reino da Alta Norlanda.

É uma trama muito envolvente, leve e bem escrita, cheia de magia, mistérios, criaturas fantásticas e situações peculiares. Os personagens são muito bem construídos e carismáticos e apesar de ser uma história de fantasia a autora é tão competente que imprime um forte senso de realismo tornando as situações e ambientação muito coerentes. O desfecho, como na maioria dos livros da autora é bastante bom revelando os pontos misteriosos apresentados ao leitor durante o livro.

Se não leu os primeiros livros da série é recomendável lê-los em ordem, mas de algum modo, os três livros funcionam com histórias independentes entre si, não sendo necessário a leitura dos anteriores para a compreensão e bom proveito desta que certamente é uma boa leitura.

Se interessou? Compre aqui.

The War Hound and the World’s Pain – Michael Moorcock

War Hound Primeiro livro que li no meu Kindle. Simplesmente não dá para ficar sem a função de dicionário integrado. Bom, mas vamos lá!

Neste romance acompanhamos o Capitão Ulrich von Bek, um mercenário alemão que lutou em várias batalhas da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) uma série de conflitos de ordem religiosa envolvendo católicos e protestantes. Porém, não se trata de um romance de ficção histórica, mas sim de fantasia (algo a esperar de Michael Moorcock). De modo geral curti o livro pelas reviravoltas imprevisíveis e personagens e lugares exóticos. Mas não gostei tanto do vilão, Klosterheim. Como outros livros do autor sua maior virtude é apresentar personagens e lugares estranhos e tramas igualmente incomuns. É muito difícil falar desse romance sem algum nível de spoilers, mas vou tentar ao máximo. Mas se quiser ler o livro livre de spoilers, pare aqui.

O argumento central do livro é a busca de von Bek pelo Cálice Sagrado, uma missão encomendada pelo regente do inferno o anjo caído Lúcifer. Ao aceitar tal missão, von Bek parte numa jornada pela europa histórica com suas cidades reais como Madgeburgo, mas principalmente viajando através de terras fantásticas (Mittelmarch) que são fronteiras do nosso mundo com outros. Em nosso mundo ele se encontra com Grigory Petrovich Sedenko, um mercenário muscovita que passa a acompanhá-lo. Acompanhamos muitas viagens e algumas batalhas da dupla na busca do cálice. Ulrich e Sedenko estão longe de ser heróis virtuosos, antes disso, são soldados e pecadores. Ulrich teve uma criação com estudos e pensamentos filosóficos e teológicos sobre o bem e o mal, Céu e Inferno são temas recorrentes nos diálogos e indagações que ele próprio passa a ter após vender sua alma ao demônio. Mas o cálice pode lhe trazer redenção, assim como ao mundo e ao próprio Lúcifer.

Um aspecto divertido no livro, para quem já leu outros livros de Michael Moorcock e encontrar nas entrelinhas os temas mais desenvolvidos na série Eternal Champion. Neste livro, por exemplo, o patrôno de Elric, o demônio Arioch é um dos duques do inferno que contrapõe Lúcifer e apoia o antagonista de von Bek, Klosterheim. Os temas da Lei, Caos e Equilíbrio também aparecem, sendo que o Cálice representa o Equilíbrio, tratado neste livro como Harmonia. Outra figura que aparece é a rainha Xiombarg (em outros romances uma Lorde do Caos), mas aqui a rainha de um reino estranhamente tomado pela Lei e harmonia. É possível fazer conexões com a série de Dorian Hawkmoon e sua busca pelo Runestaff (que seria uma outra representação física do Cálice Sagrado).

Acho que é o melhor que consigo sem mais spoilers…

Mais da família von Bek aparce diversos contos e nos romances: The Brothel in Rosenstrasse (1982), The City in the Autumn Stars (1986), The Dragon in the Sword (1987), The Dreamthief’s Daughter (2001), The Skrayling Tree (2003) e The White Wolf’s Son (2005)

Leia mais sobre Michael Moorcock

As Vidas de Christopher Chant – Diana Wynne Jones

christopher_chant No segundo livro da série Os Mundos de Crestomanci conhecemos a infância de Christopher Chant que vem a se tornar o Crestomanci – mago responsável por regular o mau uso da magia no(s) mundo(s) – em Vida Encantada (e outros livros da série).

Christopher nasceu com nove vidas e é candidato natural ao cargo de Crestomanci. Porém, ele ainda não sabe disto, tão pouco sabe que é um mago. Com grande facilidade consegue viajar entre mundos em viagens espirituais que faz através de seus sonhos. O garoto tem uma relação difícil com os pais (que por sua vez tem uma relação difícil entre si) que desejam coisas diferentes para o seu futuro. Quando o tio de Christopher, Ralph entra em cena, a vida do jovem toma um novo rumo. Através do tio, Christopher fica conhecendo Tacroy e inicia sua jornada de aprendizados sobre as séries de mundos vinculados até topar o a Deusa viva e outros tantos interessantes personagens. A trama evolui de forma surpreendente com algumas boas reviravoltas introuduzindo aos poucos os estranhos conceitos dos mundos vinculados e suas implicações.

Uma das coisas boas sobre esta série é que os livros não sõa fortemente ligados. É possível ler quase em qualquer ordem, mas é interessante ler primeiro Vida Encantada.

Suponho que não dá para falar muito mais sobre o livro sem spoilers… Mas reforço: a trama do livro é muito boa e prende o leitor. Diana, como sempre, é capaz de encantar os leitores e transportá-los para mundos de fantasia cheios de vida e cheios de personagens memoráveis. Tem sido uma de minhas escritoras favoritas.

Acabei de comprar A Casa dos Muitos Caminhos o terceiro livro da série que começa com O Castelo Animado e continua em O Castelo no Ar. Em breve falo dele aqui.

Se interessou? Compre aqui.

Orcs, Guardiões do Relâmpago – Stan Nicholls

Está aí mais um livro de fantasia “clássica”. Em Orcs, Stan Nicholls nos leva ao mundo fantástico de Maras-Dantia, um daqueles lugares habitados por humanos, elfos, trolls, dragões, anões e é claro: orcs.

Mudando a perspectiva usual dos protagonistas em épicos de fantasia, seguimos os Lobos Cinzentos, um bando de orcs comandado pelo Capitão Stryke. Este grupo recebe uma missão da maléfica rainha Jennesta, uma meio-orc bastante mal humorada. Mas durante a missão, uma série de situações carrega os orcs para um destino diferente do planejado. O autor dá algumas pinceladas interessantes sobre o mundo. O conflito de duas religiões, uma politeísta e outra monoteísta é outro tema importante abordado na obra. O mundo em declínio destruído pelo avanço da civilização é outro tem abordado.

A ideia de narrar sob o atípico ponto de vista dos orcs é uma boa premissa, no entanto, ao menos em relação à minha expectativa, a forma de retratá-los acabou não os distanciando muito dos humanos. A mesma trama e situações funcionariam bem se os Lobos Cinzentos fossem um grupo de mercenários humanos numa missão para um governante autoritário.

O fato é que este é o primeiro livro de duas trilogias. Para quem está acostumado e não se importa com ter a história sem uma conclusão, pode ser uma leitura casual interessante. Outro aspecto negativo é que ainda não há previsão para o lançamento dos demais livros da série em português. O autor é bom para descrever cenas de ação e situações peculiares, mas seus personagens ficam devendo um pouco em profundidade e o enredo não é bem amarrado. Mesmo com alguns problemas o livro é capaz de entreter e transportar o leitor para um mundo de fantasia que contém os clichês usuais, distorcendo apenas alguns pequenos elementos a fim de conferir um sabor ligeiramente diferente do esperado.

Um aspecto de que gostei foi a forma particular que o autor usou para retratar de um novo jeito as raças já vistas, tais como anões, trolls e kobolds. Enfim, é uma adição interessante ao espectro de obras de fantasia “clássica”. Para os que gostam do gênero, vale um conferida.

Page 34 of 38

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén