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Categoria: Resenhas Page 31 of 38

O Festim dos Corvos – George R. R. Martin

O Festim dos CorvosBem, este foi o livro da série que menos gostei até agora. Não que seja ruim, mas a decisão do autor de dividir um livro em dois teve lá seus efeitos colaterais.
Neste livro, acompanhamos os eventos após A Tormenta das Espadas, mas apenas de alguns dos personagens, sendo eles: Jaime e Cersei Lannister, Samwell Tarly, Brienne de Tarth, Aeron, Asha e Vicktarion Greyjoy, Sansa e Arya Stark e alguns personagens de Dorne, Areo Hotah, Arianne Martell e Sor Arys Oakheart. Jon, Tyrion e outros ficaram de fora…

Bem, com algumas de suas estrelas de fora e novatos não tão cativantes a leitura do quarto volume pode se tornar um pouco penosa em alguns pontos. Diria que os pontos altos estão nas histórias de Arya, Sansa (e Mindinho), Jaime e Brienne. Cersei cumpre bem o papel de vilã na medida em que Jaime segue sustentando escolhas e honra que podem torná-lo mais apreciável por alguns leitores.

Samwell fica no meio do caminho e as linhas de história que se passam nas Ilhas de Ferro e em Dorne são a parte pior.

O problema deste livro, no meu ver, está relacionado a livros impressos. Os dois juntos ficariam enormes e não houve planejamento suficiente do autor para um ponto de corte ideal na trama. Num futuro de e-books, este funcionaria muito bem como volume único se juntado à Dança dos Dragões.

Mas o balanço geral é que é um grande livro que mantém o excelente nível de tramas, ambientações e personagens muito bem construídos.

Para meu alívio (e dos amigos leitores da série) o quinto livro tem funcionado muito bem até onde li (uns 70%) e volta ao mesmo patamar de qualidade dos três primeiros.

O Planeta dos Dragões – Jack Vance (The Dragon Masters)

Dragon MastersEste livro não estava na minha lista de leitura, mas me animei para ler por ser bem curtinho e por que o autor, Jack Vance, é citado no “100 Must Read Fantasy Novels”. O livro dele que está na fila é “The Dying Earth”. Mas voltemos ao planeta dos dragões (The Dragon Masters, no original).

A história se passa no planeta Aerlith onde vivem (talvez) os últimos seres humanos do universo. A tecnologia que levou os homens até ali já se perdeu há muito tempo e a sociedade tornou-se feudal. É uma mistura de ficção científica com fantasia. Joaz Bambeck é o senhor do Vale Bambeck, um feudo com histórico de lutas contra o governado por seu vizinho Ervis Carcolo. Joaz acredita que os Básicos, alienígenas escravagistas que fazem incursões periódicas em seu planeta, estão prestes a retornar. Carcolo não acredita em Joaz  e decide que é hora de acertar as contas com os Bambeck. Os senhores de Arlith criam e treinam dragões para guerras. Em meio à guerra indesejada entre os feudos vizinhos Joaz e Ervis terão de lidar com uma nova incursão dos Básicos.

Outra coisa que chama a atenção nele são os sacerdotes ascetas que andam nus em são devotos da verdade e conhecimento. O conceito de tand introduzido pelo autor no contexto destes sacerdotes é muito interessante.

O Planeta dos Dragões recebeu, em 1963, o prêmio Hugo de melhor conto (mas por seu tamanho beira o tamanho de uma noveleta). Enfim, é um livro curtinho e bom de se ler, com poucos, mas bons personagens e uma trama bem enxuta e sem enrolações.

Matadouro 5 – Kurt Vonnegut

Matadouro 5 Primeira coisa: este livro é sensacional!

Kurt Vonnegut Jr., americano, descendente de alemães lutou na segunda guerra mundial e foi um prisioneiro de guerra. Isto teve grande influência em seu trabalho. Como prisioneiro, testemunhou o bombardeamento de Dresden em fevereiro de 1945 que matou mais de 135 mil pessoas. Fato que foi mantido em segredo (para os americanos) por muitos anos, pois provocou mais mortes (de civis) que a bomba de Hiroshima. Este é um livro que aborda a guerra, e este episódio, de um modo deveras peculiar, misturando narrativa fictícia baseada em fatos reais com ficção científica. O título do livro vem do nome do local onde o protagonista estava preso e que lhe garante a sobrevivência ao bombardeio: Matadouro 5.

Conhecemos o relato através do protagonista, o soldado americano Billy Pilgrim. Para evitar os spoilers, não vou falar mais muita coisa sobre o enredo do livro, exceto que antes de conhecermos o protagonista, o autor, escreve um primeiro capítulo explicando sobre o processo que o levou a escrever este livro. E que sua intenção não era de glorificar a guerra, pois tal era a preocupação da esposa de um colega veterano de guerra do autor.

O que mais posso contar? Bem, um outro personagem que aparece na trama é o escritor de ficção científica chamado Kilgore Trout. Este personagem também aparece em outras obras do autor. Uma curiosidade é que o personagem é inspirado em um colega do autor de FC chamado Theodore Sturgeon, daí a relação entre (Esturjão e Truta).

A forma narrativa adotada é bastante poderosa e o autor domina a linguagem de tal forma que certas expressões e alguns bordões chegam a constituir um personagem à parte na trama. Um exemplo disso é quando usa a expressão pé azuis e brancos como marfim para descrever os pés de cadáveres que Billy viu na guerra. Depois o uso repetido de pés azuis e brancos como marfim em outros contextos sempre remetem a memória do leitor àquela situação original. Não só expressões são usadas para criar tais efeitos, mas conceitos que são introduzidos aos poucos e depois retornam, e retornam, adicionando novas camadas de significado.

Última coisa: foi muito difícil escrever sobre esse livro em entregar a história (spoilers), então repito: este livro é sensacional!

Não deixe de comprar e ler!

A Wizard of Earthsea – Ursula K. Le Guin

Capa de A Wizard of Earthsea

O livro conta a jornada do mago Ged, nascido na ilha de Gont da terra fantástica conhecida como Earthsea. É profetizado por outro mago, que Ged viveria para tornar-se o maior mago nascido em Gont. Ele vive num arquipélago cujas ilhas possuem poucos magos e estes são desejados e honrados por seus habitantes. Estes contam com a ajuda dos magos para lidar com questões cotidianas e até com problemas mais sérios, como ameaças trazidas por criaturas fantásticas como dragões, etc.

Não é um livro de muitos personagens, de trama intrincada ou épica, no sentido em que o que está em jogo não é o destino do mundo, mas sim o destino do protagonista. O leitor acompanha algumas fases da vida do jovem mago numa jornada cada vez mais pessoal e psicológica. Na medida em que avança a narrativa, este enfrenta uma série de desafios de autoconhecimento até cumprir seu destino como Arquimago da ilha de Roke, local onde há uma escola de magos na qual o próprio Ged estuda.

Uma das coisas interessantes no livro está relacionada à forma que a autora constrói o “sistema de magia”, ou seja, a lógica por trás do funcionamento da magia e o papel que os magos cumprem naquela sociedade. A magia, neste universo, está relacionada ao conhecimento do nome verdadeiro das coisas. Apenas após conhecer o nome verdadeiro de algo o mago consegue poder sobre tal objeto, seja ele um animal, coisa, dragão ou mago. Sendo assim, o nome verdadeiro dos magos, também é algo precioso e guardado muito bem por estes.

A narrativa é lenta e de certo modo contemplativa. Num certo momento, ainda no início do livro, chega a despertar uma pontada de tédio. Mas se o leitor persistir chegará finalmente ao conflito central da história, que demora um pouco a surgir. E depois disso, o clima e ritmo do livro mudam bastante. A história muda do acompanhamento da evolução de Ged como mago, sem muitos conflitos, para uma perseguição implacável que Ged sofre. O clima fica mais tenso na medida em que agora Ged luta por sua sobrevivência e precisa fazer uma jornada difícil e praticamente sem ajuda para confrontar não apenas uma criatura das trevas, mas também as próprias trevas que residem dentro de si. Para vencer as trevas, ele precisa mudar a si mesmo, superar suas falhas morais e encontrar a luz que lhe possibilitará confrontar as sombras.

É o primeiro de uma série (há também alguns contos do universo de Earthsea). Os livros são: A Wizard of Earthsea (1968), The Tombs of Atuan (1971), The Farthest Shore (1972), Tehanu: The Last Book of Earthsea (1990) e The Other Wind ( 2001). Também foram produzidos uma mini-série de TV (http://www.imdb.com/title/tt0407384/) e um anime, Tales from Earthsea, do Studio Ghibli, dirigido por Goro Miyazaki (filho de Hayao Miyazaki diretor de A viagem de Chihiro, Castelo Animado, entre outros).

ATUALIZADO. Já tem em português:

Veja um mapa de Earthsea: http://www.ursulakleguin.com/EarthseaMaps/
Leia mais sobre Earthsea em: http://en.wikipedia.org/wiki/Earthsea

Mais livros da autora:

Mais sobre a autora em: http://www.ursulakleguin.com/UKL_info.html

A Tormenta das Espadas – George R.R. Martin

Capa Tormenta das EspadasChegamos ao terceiro livro da série, Crônicas de Gelo e Fogo. O tipo de experiência do leitor é bem semelhante a dos livros anteriores. Continuamos a acompanhar Arya, Bran, Catelyn, Sansa, Jon, Tyrion, Daenerys e Davos e as novidades ficam por conta de Jaime Lannister e Samwell Tarly.

Um dos aspectos interessantes deste terceiro livro é que ele vai aos poucos revelando questões que eram mistérios do primeiro e segundo livros. Outra coisa é que a natureza mística e fantástica por trás do mundo vai ficando cada vez mais importante.

Neste volume nos aprofundamos em conhecimentos de Westeros e muito do que aconteceu no passado, antes e durante a deposição da dinastia dos Targaryen é revelado. Relações ocultas entre personagens vão sendo reveladas. A situação vivida em cada um dos arcos de história são bastante tensas. E é claro, aquele velho roteiro recheado de surpresas… George RR Martin continua nos mostrando uma história um bocado imprevisível. Ás vezes ficamos com aquela sensação de que os acontecimentos avançam em câmera lenta, queremos saber o que vai acontecer com determinado personagem, mas tem tanta coisa acontecendo em paralalelo que a história parece caminha num passo lento.

Sem querer colocar muitos spoilers, temos alguns pontos interessantes nesse livro. A batalha dos selvagens contra a patrulha da Noite no norte começa (mas ainda está longe de acabar). Os outros já marcam mais sua presença, mas parece que ainda há muito por vir. Daenerys começa a crescer em poder e fica a sugestão que em algum momento do futuro ela de fato irá conseguir marchar para reconquistar Westeros. Arya e Bran, continuam suas buscas individuais. Samwell ajuda a narrar mais acontecimento no norte e cada vez mais interessantes aspectos místicos se revelam. Tyrion divide o posto de melhor personagem agora ao lado do irmão Jaime, que tem um interessante arco de história neste volume. Ele evolui de um personagem secundário para principal e apesar de ter sido retratado como vilão nos livros anteriores, o leitor poderá se ver gostando dele, passando assim ao status de anti-herói. Catelyn segue por um caminho de sombras e culpas e continua tendo notícias ruins sobre a sua família. O arco com Davos e o Rei Stannis também evolui de forma estimulante a evolução deste arco de história promete!

Bem, se não leu nenhum dos livros, leia logo, é uma série muito boa e que vale ser lida. Até então, o autor consegue manter o bom nível dos romances. Penso que este último volume é o que mais gostei até então…

Compre o livro!

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