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Categoria: Resenhas Page 25 of 38

Café-da-Manhã dos Campeões – Kurt Vonnegut


Voltamos com mais um título de Kurt Vonnegut. Neste livro, de narrativa fragmentada, muita crítica social e metalinguagem, acompanhamos Dwayne Hoover, um homem de negócios de uma cidade do meio oeste americano em seu curso de colisão com Kilgore Trout, o velho escritor de ficção científica citado em outros livros do autor.

Dwayne é bem sucedido no aspecto financeiro, mas está vivendo uma crise de entendimento em que questiona seu propósito de existência no mundo. Já Kilgore, é um escritor de ficção científica fracassado e que pela primeira vez está prestes a ter o valor de seu trabalho reconhecido. Através de Kilgore, em situações absurdas envolvendo povos alienígenas em seus livros de ficção científica, vemos muito da própria realidade estranha de nosso mundo e sociedade. Em torno dessas duas figuras flutuam uma dúzia de outros personagens interessantes. A narrativa é igualmente flutuante. Como o próprio autor defende, o livro brinca com a própria lógica de escrever livros com enredos engessados onde personagens cumprem seus papéis até que o enredo ganhe um desenlace. Ele propõe uma quebra, a realiza e até critica durante a realização.
A escrita inteligente e o livro tem umas passagens hilárias. Como é bom dar umas gargalhadas lendo um livro como este. Um uso de metalinguagem que achei genial é a introdução dele mesmo, o autor, entre seus personagens no meio da trama. É um pouco difícil explicar, ou mesmo falar, deste tipo de livro. O negócio é ler. É uma da obras mais conhecidas (e mais vendidas) do autor.

Link para comprar.

Então, boa leitura!

A Aprendiz – Trudi Canavan

A Aprendiz

A Aprendiz é o segundo livro da série Trilogia do Mago Negro. A série começa em “O Clã dos Magos”.

Neste segundo livro, seguimos acompanhando Sonea em sua tortuosa jornada para se tornar uma feiticeira formada pelo Clã dos Magos de Kyralia. Vemos o primeiro ano escolar de Sonea na universidade, sendo que suas principais dificuldades estão ligadas ao preconceito, pois ela é a primeira estudante pobre, proveniente das favelas, a ingressar na instituição.

Preconceito, exclusão, solidão, medo, dificuldade de autoafirmação e bullying são temas predominantes neste segundo livro. E não apenas o preconceito é tema relacionado à trama de Sonea, vemos também isto na trama do personagem Dannyl, que torna-se embaixador do clã em um dos reinos aliados, Elyne. Neste caso, surge o tema do preconceito contra homosexuais.

Além de Sonea e Dannyl, soma-se ao elenco de protagonistas o experiente feiticeiro Lorlen, o administrador do clã e melhor amigo do misterioso e sinistro Lorde Supremo, Akkarin. Muito da trama está justamente ligado ao fato de Sonea ter descoberto, sem querer, no primeiro livro que Akkarin é praticante de magia negra, algo expressamente proibido no clã. Já o amigo de Sonea, Cery, sai de cena, fazendo apenas uma ou duas pequenas aparições. O leitor tem a oportunidade de conhecer o Lorde Supremo um pouco melhor ao longo do livro. Isto pode gerar algumas dúvidas quanto as concepções feitas previamente a seu respeito. Algo que só vamos desvendar mesmo no terceiro livro.

Sonea encontra seu rival e opositor, o estudante Regin que toma como missão pessoal encontrar uma maneira de expulsar Sonea da universidade, ou ao menos, tornar a vida dela ali infernal. O ponto central da trama lembra muito Harry Potter onde vemos um mago de “classe baixa”, mas com grande poder sendo perseguido pelo “manda-chuvas” da classe (e sua turminha), apesar de suas tentativas de não chamar a atenção.

Conhecemos mais da política e detalhes do funcionamento da magia e seu papel na sociedade neste segundo livro. Ao terminar a leitura, tive uma sensação de que a escrita da autora evoluiu e que o segundo livro é um pouco melhor que o primeiro. O livro é bem escrito e prende o leitor, em alguns trechos, mas algumas partes são um pouco maçantes. É uma evolução feliz para a série. Esperamos comentar sobre o desfecho aqui em breve. Boa leitura! Link para comprar.

Horror na Colina de Darrington – M. V. Barcelos

Capa - Horror na Colina DarringtonDe uns tempos para cá, venho garimpado romances, contos, novelas e noveletas na plataforma Wattpad. Horror na Colina de Darrington, de M. V. Barcelos, é uma preciosidade achada nestas minhas leituras. É uma novela (cerca de 25 mil palavras) de Horror/Terror ambientada em New Hampshire, no nordeste dos Estados Unidos e narrada por um jovem de 17 anos chamado Benjamin Simons.

A trama se constrói à partir de relatos de memórias de Ben, intercalados por documentos, como reportagens de jornal, transcrições de ligações dos arquivos da polícia, etc. Ben vai passar uns tempos na casa dos tios numa cidadezinha de interior, South Hampton, para ajudar a cuidar de sua prima Carla, de 5 anos, e de sua tia Júlia, uma escritora que sofreu um derrame.

O clima de terror, antecipando acontecimentos terríveis, vai se construindo e lembra a obra de H. P. Lovecraft. As próprias locações e ambientação lembram algumas que vemos nos escritos de Lovecraft.

A escrita de Barcelos funciona bem para o gênero e promove imersão nesta ambientação sombria e na mente perturbada do rapaz. Ben passa por situações que vão além de sua compreensão e que ameaçam sua sanidade. Em alguns pontos da narrativa, sobreveio aquela sensação de enregelamento da espinha e temor. A obra possui um viés cinematográfico e evoca a um pouco da linguagem utilizada em filmes do gênero. Aliás, daria um bom filme!

Os fragmentos inseridos no princípio de cada capítulo vão ajudando o leitor a fechar os pontos em aberto da trama. A tensão vai aumentando até o clímax, quando ocorre a consumação de violência e vislumbre do sobrenatural.  Horrorizado, o protagonista é levado a tomar ações extremas e confrontar suas convicções íntimas.

Gostou? Vai lá no Wattpad e leia! Não gosta de ler em meio digital? Aguarde, pois em Outubro vem aí a versão impressa do livro.

Mais sobre o escritor:

Perfil no Wattpad – https://www.wattpad.com/user/MVBarcelos

Página do Facebook – http://www.facebook.com/escritormvbarcelos

O Clã dos Magos – Trudi Canavan

E mais uma trilogia de fantasia, eba! Eba? Deve haver uma teoria da conspiração que explique por que tantos autores (eu incluso) resolvem escrever trilogias de fantasia, né? Se alguém souber, me conte! Aff, hoje estou me desviando totalmente do objetivo, falar de “O Clã dos Magos”. É o primeiro livro da série Trilogia do Mago Negro, que se tornou um best-seller internacional. No website da autora é possível conhecer outras obras, entre estas, duas outras trilogias.

Seja bem-vindo a Imardin, capital de Kyralia, e local da sede do Clã dos Magos. Nossa protagonista, Sonea, é uma trombadinha que vem a ser despejada com sua família do circulo interior de Imardin para as favelas que a circundam. Num momento de fortes emoções, ela descobre seus poderes mágicos latentes, evento que coloca toda a trama em movimento.

Sonea, o pessoal de sua gangue e a população excluída de Imardin, teme e odeia os magos. Pela lei, não podem haver magos fora do Clã, então, uma caçada se inicia para a captura de Sonea. Na medida em que a perseguição se coloca, vamos conhecendo personagens que vão ajudá-la e também aqueles que estão em seu encalço. Na trama, não há uma clara oposição entre bem e mal, herói e vilão, mas sim, oposição de posições e pontos de vista.

O livro é dividido em duas partes, sendo que a primeira é um pouco arrastada e a segunda, bem melhor. O mundo possui um interessante sistema de magia e suas implicações na sociedade, mas certamente não é um dos melhores que já vi. Alguns dos personagens principais são interessantes, em especial a dupla, Rothen e Dannyl, magos que participam ativamente da busca por Sonea. Mas em geral, a caracterização dos personagens e suas funções na trama deixam um pouco a desejar. E isso inclui a própria protagonista.

Em relação a temas, O Clã dos Magos é uma história que trata de ética, inversão de valores, preconceito e lealdade. Muitos dos conflitos vividos são internos e funcionam de maneira satisfatória para promover tensão ao longo da trama.

Em vários sentidos é uma obra que segue fórmulas já bem conhecidas dos leitores de fantasia. Uma coisa curiosa é uma lista de nomes esquisitos para coisas que existem no nosso mundo, como bois, aranhas, ratos, cerveja, chá, etc. Mas para outras tantas coisas, o nome é o mesmo. Para quem não estiver buscando surpresas e inovação, é uma trama satisfatória capaz de constituir um bom passa-tempo e permitir mergulhar num ambiente fantástico a ser desvendado, pouco a pouco. Link para comprar.

The Farthest Shore – Ursula K. Le Guin

Voltamos ao ciclo de Terramar/Earthsea. Já vimos aqui A Wizard of Earthsea e The Tombs of Atuan e estória se passa 17 anos depois deste último. No terceiro livro da série, o arquimago Ged, também conhecido como Sparrowhawk, está de volta, e desta vez, enfrentará um perigo que ameaça o equilíbrio de todo o mundo. Para auxiliá-lo, vem o jovem príncipe Arren enviado por seu pai à ilha de Roke para averiguar junto aos magos uma solução para problemas relacionado ao sumiço da magia, em seu reino. A dupla parte da ilha de Roke para investigar a origem deste mal que se espalha e está eliminando a magia do mundo e deixando pessoas loucas. A primeira crise mundial vista na série. Um trabalho para ninguém menos que o próprio Arquimago Ged.

Como nos outros livros da série, há uma ênfase maior na introspecção, alguma melancolia e certos debates filosóficos, como a contraposição da vida e morte e do ciclo da vida como algo natural, contra a estranha ideia de imortalidade. Outro contraste explorado vem da relação entre os protagonistas, Ged, velho, experiente, sábio, e Arren, jovem, impetuoso e inexperiente.

É um livro com muitas passagens de contemplação, onde são exploradas as paisagens das ilhas de Earthsea e dos mares. Os mares chegam quase a ser um personagem na narrativa. A autora é habilidosa com seu texto, mas em termos de trama e tensão, (mesmo havendo uma grande e misteriosa ameaça) pouca tensão de fato ocorre. Toda ação vem no final do livro, e há momentos, durante o desenvolvimento que as cosias parecem se arrastar. Mas para quem resistir, há recompensas no final, como por exemplo, uma visão mais detalhada de quem são e como se comportam os dragões de Earthsea.

Dos livros da série é o que menos gostei. Muita coisa não fazia sentido, mas por outro lado, penso que é muito pessoal essa minha necessidade de estabelecer sentido nas minhas leituras. Assim como os protagonistas navegam, quase durante o livro todo, a trama parece ser soprada ao sabor do vento. Talvez essa falta de direção da narrativa, passo lento e falta da desconstrução progressiva do mistério proposto tenham me incomodado mais. Ainda assim, é um romance admirável em seu próprio sentido e adiciona muito à ambientação da série. Confesso que gostei muito mais do posfácio escrito pela autora do que do romance em si. Gostei tanto que pretendo traduzir alguns trechos para publicar como um artigo, em breve. Quanto a Earthsea, continuarei para o próximo volume, Tehanu. Até lá! Link para comprar.

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