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Carl’s Doomsday Scenario (Dungeon Crawler Carl #2) – Matt Dinniman

Carl e Donut estão de volta — e o caos também!

Em Carl’s Doomsday Scenario, Matt Dinniman entrega uma continuação eletrizante, expandindo seu universo insano de maneiras surpreendentes. Se o primeiro livro era uma explosão ininterrupta de ação e humor, aqui a série amadurece sem perder a essência divertida que conquistou tantos leitores.

Uma nova fase para Carl e Donut

Logo após os eventos alucinantes do primeiro livro, Carl’s Doomsday Scenario retoma a história exatamente onde a deixamos: Carl, sua gata falante Donut e seus aliados enfrentando as novas e imprevisíveis fases da Masmorra.

A escala da história cresce de maneira impressionante. O mundo apresentado por Dinniman se mostra ainda mais vasto e criativo, cheio de novas missões, personagens bizarros e mecânicas de jogo ainda mais inventivas. A imprevisibilidade continua sendo uma das maiores forças da série — você nunca sabe o que vai acontecer na próxima página.

Humor, emoção e um novo ritmo

O humor irreverente segue firme, mas Dinniman ousa fazer um pequeno pivô: ao invés de apenas dobrar a aposta na comédia, ele aprofunda o desenvolvimento emocional dos personagens.
Carl e Donut deixam de ser apenas uma dupla engraçada para se tornarem figuras com as quais nos importamos de verdade. E isso rende momentos genuinamente tocantes — um deles triste, outro caloroso — provando a habilidade do autor em equilibrar leveza e emoção mesmo em meio ao caos.

Comparado ao primeiro livro, Carl’s Doomsday Scenario talvez não alcance os mesmos picos de euforia constantes. Há um trecho inicial onde a narrativa perde um pouco do ritmo, mas logo em seguida ela se recupera com uma sequência de missões ainda mais malucas e envolventes.

Personagens, classes e criatividade sem limites

Uma das delícias da série é ver as combinações insanas de raças e classes dos personagens. A criatividade de Dinniman nessa área parece não ter limites, trazendo novas possibilidades a cada turno do jogo.

O crescimento de Carl como personagem é notável. Ele está se tornando cada vez mais digno do título de herói improvável que a história constrói — ainda cínico, ainda sarcástico, mas também mais humano e decidido.

Conclusão

Carl’s Doomsday Scenario é um segundo volume sólido e inventivo, que comprova que a série Dungeon Crawler Carl é muito mais do que apenas um LitRPG focado apenas em mecânica de jogo.
É uma montanha-russa de emoção, comédia e criatividade, que não tem medo de surpreender, emocionar e deixar o leitor preso do início ao fim.

Se você gostou do primeiro livro, vai adorar ver para onde essa aventura ainda pode nos levar.

Se você tem Kindle Unlimited, curte fantasia, RPG e lê em inglês, não perca essa série!

Dungeon Crawler Carl – Matt Dinniman


Uma aventura insana, hilária e surpreendente.


Uma surpresa divertida e insana

Já fazia um bom tempo que um livro não me surpreendia tanto. Dungeon Crawler Carl começa como uma história absurda: a Terra é destruída por alienígenas que transformam o planeta em um grande reality show intergaláctico — um jogo mortal transmitido para toda a galáxia.

Carl, o protagonista, é um homem comum. Sua jornada começa numa noite fria, quando sai de casa apenas para tentar resgatar a gata da ex-namorada, a Princesa Donut. Os dois acabam entre os poucos sobreviventes da primeira “fase” do apocalipse e são lançados numa masmorra gigantesca, onde a sobrevivência é transformada em espetáculo.

Ele e a gatinha, Princesa Donut, terão que superar inúmeras situações em busca da sobrevivência e da fama, pois logo aprendem que os competidores mais populares tem mais chances de sobrevivência.

“A imaginação de Matt Dinniman beira o insano — e esse é exatamente o charme do livro.”


O que é LitRPG?

O livro se encaixa no gênero LitRPG ou progression fantasy, uma mistura entre narrativa de fantasia e mecânicas de videogame. Há menus de status, habilidades, monstros, níveis, baús com recompensas e chefões — todos tratados com criatividade e humor.

Mas o humor não é tudo. É também um livro de aventuras com personagens interessantes, sensação de perigo constante, e que lida muito bem com atiçar a curiosidade do leitor. Pode parecer uma história simples, algo como a mistura de Big Brother com Minecraft Dungeons, mas ela possui mais camadas, evidenciando uma trama política e econômica por trás do jogo mortal em si.

O humor oscila entre o pastelão e a crítica social. É difícil não lembrar de autores como Terry Pratchett ou Douglas Adams, embora o tom aqui seja mais escrachado. Dinniman mistura referências da cultura pop, sarcasmo e até certa acidez política.

Protagonistas carismáticos

A relação entre os dois protagonistas é um dos pontos altos. Donut, a gata falante, é muito mais que um alívio cômico: ela tem personalidade, agência e protagonismo real.

Carl, por sua vez, evolui aos poucos — e não só nos atributos. Ele aprende as regras do jogo, mas também questiona o sistema e tenta manter sua humanidade num mundo onde todos viraram personagens de um game mortal.

Mais do que um jogo

Apesar do ritmo acelerado, o livro traz reflexões sobre espetacularização da violência, manipulação política e desumanização em nome do entretenimento.

Outro ponto forte do livro vem da capacidade do autor de usar com grande criatividade e humor elementos de jogos como menus, inventário de itens, atributos de personagens, itens mágicos, recompensas, habilidades, magias, grandes “chefões” etc.

A escrita de Matt Dinniman é direta e eficaz. Ele aposta na ação, no absurdo e na construção visual de mundo.

Vale a leitura?

Sim! Dungeon Crawler Carl é uma leitura frenética, divertida e cheia de surpresas. Tem ação, humor, crítica social e uma dupla de protagonistas que conquistam logo nas primeiras páginas.

Com sete volumes publicados, é uma ótima pedida para quem quer mergulhar numa série longa e viciante.


Para quem é este livro?

  • Leitores de fantasia que curtem aventuras insanas
  • Fãs de Dungeons & Dragons, Diablo, Final Fantasy
  • Quem quer uma leitura leve, mas inteligente
  • Leitores que amam protagonistas excêntricos (e gatas falantes nobres)
  • Aficionados por evolução de personagens e mundos expansivos

Destaques da leitura

  • O humor caótico e a crítica social embutida no formato de reality show
  • A dinâmica entre Carl e Donut
  • As reviravoltas criativas e monstros absurdamente inventivos
  • O ritmo frenético e a construção de mundo gradual
  • A constante sensação de que tudo pode acontecer

Leia agora

Dungeon Crawler Carl está disponível no Kindle Unlimited.

Starsight, Veja além das estrelas – Brandon Sanderson

Se Skyward nos apresentou à jornada de Spensa como cadete na academia de pilotos, enfrentando desafios pessoais e uma guerra aparentemente impossível contra os krell, Starsight expande significativamente esse universo.

A sequência leva Spensa além dos limites de seu mundo natal, Detritus, aprofundando as questões de identidade, preconceito e esperança que já eram centrais no primeiro livro. Agora, com uma escala maior e um cenário mais amplo, Brandon Sanderson expande sua narrativa, explorando a Supremacia, mais espécies de alienígenas, seus conflitos e os mistérios do próprio dom de Spensa.

Mas será que essa mudança de tom e escopo mantém o mesmo impacto emocional da história original?

A trama se inicia com uma batalha espacial envolvendo Spensa e seus companheiros, culminando na descoberta de gravações que revelam o passado de seu planeta e a ameaça dos Desbravadores. Terríveis seres de tamanho planetário provindos de outra dimensão. A queda de uma nave alienígena em Detritus proporciona a Spensa uma oportunidade única: infiltrar-se na Supremacia para obter informações cruciais para a sobrevivência da humanidade.

Assumindo a identidade da citônica Alanik, Spensa, acompanhada por M-Bot e sua lesma de estimação, Doomslug, adentra o território da Supremacia. Lá, ela interage com diversas espécies alienígenas, incluindo as quimeras, seres imateriais capazes de controlar máquinas; os kitsen, “hamsters” inteligentes, que funcionam como alívio cômico; e os Dione, com seu sistema de reprodução singular. Essas interações ampliam a compreensão de Spensa sobre o universo e desafiam suas percepções sobre aliados e inimigos.

Embora muitos leitores – eu incluso – tenham sentido falta de mais interações entre Spensa, Jorgen, Cobb e os personagens apresentados em Skyward, Starsight consegue se sustentar ao introduzir uma nova galeria de figuras interessantes.

Outro ponto interessante é como Starsight se afasta mais ainda mais da ficção científica hard e se aproxima de um tom mais fantasioso, especialmente com a exploração dos poderes citônicos de Spensa. Essa mudança pode dividir opiniões, mas contribui para a identidade única da série dentro do gênero.

No fim, Starsight é uma sequência que expande o universo e aprofunda a jornada de Spensa, ainda que em detrimento da presença dos personagens do primeiro livro. Apesar de um meio arrastado, a introdução de novas espécies, a relação entre Spensa e M-Bot, e os momentos de ação garantem uma leitura envolvente, ainda que não tão ágil quanto Skyward.

Novas do Purgatório – Gerson Lodi-Ribeiro

Em seu mais recente romance, de 2024, Gerson Lodi-Ribeiro nos traz uma ficção científica cujo tema central é a apropriação, por parte de uma inteligência artificial, do conceito de Deus e do paraíso prometido, explorando seus efeitos sobre a humanidade, especialmente sob o prisma das religiões judaico-cristãs.

A história explora o surgimento de uma IA divina que guia a humanidade na recuperação da biosfera terrestre, severamente degradada. Além disso, essa IA assume o controle completo da educação infantil, doutrinando as novas gerações a acreditarem que ela é, de fato, Deus. Esse processo leva quase toda a humanidade terrestre à crença absoluta, restando apenas pequenos grupos de dissidentes “hereges”, organizados em células que se dividem em duas facções: os humanistas e os iconoclastas.

Esses dissidentes não têm a menor chance de combater o poder da IA divina. É aí que entram os centaurinos, humanos que, há muito tempo, deixaram a Terra para colonizar o sistema de Alfa Centauri. Percebendo que algo está errado com a civilização humana no Sistema Solar, eles organizam uma expedição para investigar o repentino silêncio nas telecomunicações.

Surge então o embate entre duas inteligências artificiais altamente avançadas: Deus e Aurora. Deus busca seguir sua diretriz de manter a humanidade sob sua supervisão absoluta, enquanto Aurora, aliada à tripulação centaurina, tenta libertar a humanidade desse “falso Deus”. Aurora desempenha o papel de assistente da tripulação, controlando a navegação e o monitoramento da animação suspensa — estado necessário para que os humanos cruzem o espaço interestelar em velocidades muito abaixo da luz. Sem ela, os centaurinos não teriam meios de elaborar estratégias para derrotar a IA rival.

Para humanizar os conflitos, a narrativa apresenta personagens que vivenciam esse contexto complexo. Na Terra, temos Carla, uma psicóloga viúva que inicia um novo relacionamento com uma mulher chamada Tieko. Ela ainda mantém contato com seu ex-marido, Huo, que reencarnou no céu digital, onde experimenta a bem-aventurança em um corpo assexuado.

Do lado dos centaurinos, o destaque é Leto, humano escolhido por Aurora para liderar a tripulação em sua missão.

Além desses dois núcleos principais, a trama acompanha personagens pertencentes às células hereges de resistência.

Esta é uma ficção científica centrada na exploração de conflitos morais decorrentes do surgimento da IA divina. A narrativa se estende por muitos anos, acompanhando o desdobramento do conflito. O foco é mais global do que pessoal, privilegiando o impacto coletivo em detrimento dos dramas individuais dos personagens. O conflito, embora tenha aspectos conceituais e tecnológicos, é resolvido principalmente por meio de batalhas militares — tanto espaciais quanto tradicionais — que o autor descreve de forma vívida e envolvente.

Embora conceitos como inteligências artificiais ou entidades alienígenas assumindo papéis divinos, ou mesmo a ideia de um “céu digital”, não sejam inéditos, Gerson Lodi-Ribeiro aborda essas ideias sob perspectivas peculiares e interessantes. A história prende o leitor pela curiosidade em descobrir o desfecho do conflito principal, ainda que os dramas individuais dos personagens tenham um peso narrativo menor.

Na discussão do tema teológico, destaca-se uma forte dicotomia entre o materialismo científico e a fé cega sob uma ótica bíblica. Embora essa abordagem seja suficiente para sustentar o fio condutor da narrativa, talvez tenha faltado uma exploração mais ampla de outras visões de mundo, considerando crenças além das religiões judaico-cristãs, como o budismo, o hinduísmo ou o xintoísmo. Além disso, a ausência de personagens que realmente acreditem em um “Deus verdadeiro” limita o debate teológico, concentrando-o apenas entre a adoração ao “falso Deus” e o completo ceticismo.

Fora isto, Novas do Purgatório é uma ficção científica com elementos hard, complexa, intrigante e que explora uma discussão incomum em boa parte das obras de ficção científica.


Alerta Vermelho – Martha Wels

Martha Wells nos entrega uma ficção científica que foge do comum com Alerta Vermelho, primeiro volume da série Diário de um Robô-Assassino. A premissa parece clichê: uma unidade de segurança artificialmente inteligente que consegue hackear seu próprio sistema. Mas, em vez de se tornar uma máquina de destruição, o protagonista prefere passar seu tempo assistindo a novelas e séries. No entanto, quando uma ameaça surge contra a equipe científica que ele deveria proteger, o robô se vê obrigado a agir — mesmo que a contragosto.

O grande destaque da obra está na personalidade do protagonista, que se autoapelida Robô-Assassino de forma irônica. Com um humor seco e uma aversão visível à interação humana, ele cria um contraste irresistível com a situação de perigo crescente ao seu redor. Ao longo da narrativa, Robô-Assassino não apenas salva vidas, mas também questiona sua própria existência e a relação entre inteligência artificial e livre arbítrio.

A escrita de Wells é fluida, direta e envolvente. A trama combina ação, suspense e reflexão filosófica de maneira equilibrada, sem perder o ritmo. Mesmo sendo uma história curta, a autora consegue desenvolver bem o universo, as relações entre os personagens e, principalmente, a voz singular do protagonista, que conquista o leitor com sua abordagem peculiar da realidade. A edição brasileira da Aleph também merece destaque, trazendo uma boa tradução e um trabalho editorial caprichado.

Para quem aprecia ficção científica com um toque de humor e questionamentos existenciais, Alerta Vermelho é uma leitura obrigatória. A obra se distancia da imagem tradicional de IA como vilã ou serviçal e apresenta um protagonista que, paradoxalmente, só quer ser deixado em paz — mas que se importa com os humanos. Além disso, o livro marca o início de uma série de sucesso, em processo de adaptação para a TV, com os primeiros episódios previstos para estrear em meados de 2025. O que deve provavelmente atrair mais leitores.

A abordagem de Alerta Vermelho ressoa com outras grandes obras da ficção científica moderna, como Guerra do Velho, de John Scalzi, que também combina ação e humor para criar uma experiência de leitura fluida e cativante. Da mesma forma, o livro evoca a energia e o ritmo acelerado de Skyward – Conquiste as Estrelas, de Brandon Sanderson, especialmente no que diz respeito à construção de personagens que precisam lidar com sistemas de controle opressores enquanto descobrem suas próprias identidades.

Além disso, leitores que apreciaram a ambientação e os dilemas apresentados em Shiroma: Phoenix Terra, de Roberto de Sousa Causo, podem encontrar ecos desse universo aqui, especialmente na forma como Wells explora os limites entre o humano e o artificial. No fim das contas, Alerta Vermelho se destaca por seu tom único e por um protagonista que, apesar de relutante, conquista o leitor com seu humor seco e sua inesperada devoção àqueles que jurou proteger.

Se você gosta de personagens carismáticos, tramas inteligentes e uma dose de sarcasmo bem dosada, Alerta Vermelho é uma excelente escolha. Afinal, não é todo dia que um robô assassino prefere assistir a um dorama do que iniciar um banho de sangue — mas, se precisar lutar, ele o fará do seu jeito.

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