Profissão Cosplay

É possível ganhar dinheiro com cosplay?

No atual universo cosplay, existem três maneiras consideradas profissionais de se ganhar dinheiro com a prática do hobby. A primeira delas é tornar-se um cosmaker, que são os profissionais que ganham dinheiro fazendo a roupa para o cosplayer. A expressão cosmaker vem da junção da palavra costume e maker, aquele que faz a fantasia. Essas pessoas trabalham por encomenda e podem conseguir clientes fieis, já que muitos cosplayers não confeccionam seus próprios trajes.

A segunda maneira é tornar-se um prop maker, profissionais que são responsáveis por produzir os acessórios dos personagens como espadas, armaduras, báculos e outros objetos mais específicos. Prop, para os cosplayers, são os próprios acessórios usados pelos personagens das mídias, e que precisam ser feitos da melhor maneira e o mais parecido possível, para aqueles que procuram alta fidelidade.

Nestas duas profissões, a pessoa não precisa ser necessariamente cosplayer, podem se encaixar neste perfil costureiras e artesãos que trabalhem com madeira, resina e outros materiais. Mas alguns cosplayers resolvem, além de produzir suas próprias fantasias, encarar a produção de cosplays como uma profissão, ou um complemento da renda. Como é o caso de Jessica Nigri que produz grande parte de seus cosplays. Veja abaixo um de seus tutoriais:

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» Jessica Nigri por Dave Yang Photography

 
 
A terceira categoria que consegue ganhar dinheiro com cosplay são as personalidades da internet, ou cosplayers profissionais, que não fazem serviços para terceiros e concentram todos seus esforços em si próprios e na sua autopromoção como cosplayers. Dentro desde conceito, geralmente os cosplayers produzem suas próprias fantasias. Não que não possam fazer colaborações com outros profissionais ou comprar alguma peça pronta.

Os considerados cosplayers profissionais são pessoas que possuem uma quantidade considerável de seguidores em suas redes sociais, fazendo com que eles se destaquem e sejam convidados para estarem presentes em eventos, por serem personalidades dentro do mundo cosplayer. Os profissionais trabalham basicamente com aparições em eventos, promoção de marcas e produtos via redes sociais e alguns deles também produzem conteúdo em vídeo para o Youtube.


Cosplayers Maid of Might Cosplay de Spider Gwen, Courtoon de Batgirl e Vampybitme de Black Lady de Sailor Moon. Fotos: Saffels Photography

Como destaca o Especialista em Marketing Marcel Ayres, “De certo modo é o que fazem formadores de opinião (os chamados influenciadores online) que, através de uma produção de conteúdo contínua, em geral para um determinado nicho, ganham visibilidade e potencial de mobilização na rede.” Como deixa claro Ayres, os cosplayers profissionais geram conteúdo dentro da comunidade, ganhando espaço e reconhecimento através de seu trabalho não só como cosplayer, mas como agentes de sua produção nas mídias sociais.

 
 

Nos Estados Unidos, existem muitos tipos diferentes de convenções, as que são grandes e bem famosas e as de menor porte. Para um cosplayer considerado profissional, mesmo que não seja um dos maiores nomes da comunidade, precisa aprender a se adaptar aos tamanhos e necessidades das convenções, sabendo lidar com o preço do seu cachê e gerenciar suas necessidades para viagem até o local do evento.

O produtor de eventos Ricardo Silva, criador do evento soteropolitano Anipólitan fala sobre o crescimento do cosplay dentro dos eventos e da aparição dessas pessoas que estão em destaque na comunidade e são convidadas como atrações em eventos.

Cosplayer Jessica Nigri anunciando a venda de prints de seus cosplays em sua loja online.
 
 

Dentro do evento, o cosplayer pode desempenhar diversas atividades e é importante que tenha consciência do que irá fazer, propondo uma combinação prévia com a organização. Ele pode ser convidado para julgar os concursos cosplays, ser atração de palco ministrando palestras, pode dar workshops, ter um estande para conhecer e tirar fotos com o público do evento e vender suas fotos.

A gaúcha Giu Hellsing é professora e uma das cosplayers brasileiras com maior número de seguidores no Facebook. Em sua página com 74.208 curtidas, a cosplayer divulga seu trabalho, anuncia venda de prints e participação nos eventos. Ela conta que atualmente existe a possibilidade de trabalhar com cosplay no Brasil. "É sim possivel lucrar em cima do hobby. Eu ganho até mais trabalhando com cosplay em eventos do que com meu próprio salário no meu emprego fixo." revela Giu Hellsing.

Cosplayers ainda podem vender suas fotos fora dos eventos, pelo meio digital, abrindo lojas de prints. Prints são fotos produzidas em ensaios fotográficos com os cosplays já realizados pelos cosplayers, vendidas digitalmente e enviadas aos compradores via serviços físicos de entrega, geralmente autografadas.

Prints da cosplayer brasiliera Giu Hellsing prontos para serem enviados aos compradores. Foto: Reprodução/Facebook
Giu Hellsing com cosplay de Edward Mãos de Tesoura versão Kotobukiya. Foto: Everton Nunes
 
 

"Os eventos têm investido em contratar cosplayers. O maior ganho do cosplay é a venda dos prints, das fotos assinadas, que rendem mais do que o próprio evento", diz a cosplayer. "Mas o evento serve como uma divulgação. As pessoas querem ter as fotos por que se sentem mais próximas do cosplayer."

Outra maneira é usar a quantidade de seguidores nas redes sociais para atrair empresas e marcas através dos cosplayers. Isso tem acontecido com bloggueiras de moda, que com milhares de seguidores e uma forte rede de contatos, conseguem parcerias com marcas e lojas que enviam produtos para serem postados em suas redes sociais, sempre linkando com o perfil ou site onde aquele produto é vendido.

"As redes sociais sao fundamentais nesse ponto", afirma Giu Hellsing. "Não tem como não se engajar e se divulgar. Facebook, Twitter, qualquer uma é útil. Além de encontrar parceirias e o público alvo desejado. E para isso a rede social é essencial", finaliza.

Com cosplayers não é diferente, é possível enviar produtos como camisas ou roupas de temática nerd, produtos relacionados ao próprio hobby como perucas, maquiagem, cílios postiços, para que eles postem fotos e façam propaganda, às vezes até mesmo disponibilizando códigos de desconto escs acpecíficos daquele cosplayer, para ser utilizados pelos seus seguidores.

“As mídias sociais permitem que organizações e pessoas (celebridades, formadores de opinião, entre outras) possam produzir conteúdos próprios, originais e interagir com seus públicos de interesse”, complementa Marcel Ayres, Mestre e Doutorando em Cibercultura pela Póscom UFBA e Especialista em Marketing pela FGV. Por isso a importância destas ações com empresas que se interessem no público que determinado cosplayer atinge.

Giu Hellsing com seu cosplay de Scanty de Panty & Stocking With Garterbelt. Foto: Lua Morales
 
 

A última e mais moderna forma de lucrar com o cosplay são serviços de apadrinhamento online como o Patreon, uma rede social que permite que o usuário produza conteúdo exclusivo para seus assinantes que pagam por faixas de preço disponibilizadas pelo cosplayer, músico, ilustrador, youtuber, entre outros.

O Patreon funciona da seguinte forma, o cosplayer estabelece algumas faixas de preços com valores crescentes e, para cada valor pago, o contribuinte recebe um brinde equivalente ao valor pago. Assim, os cosplayer profissionais com alguma relevância no cenário podem colocar suas produções dentro do Patreon, gerar conteúdo exclusivo para seus apoiadores e levantar uma quantia para realização de produções propostas, oferecendo as recompensas para quem os ajudou.

A cosplayer Stella Chuu explica detalhadamente em seu vídeo no Youtube como ela e outros cosplayers considerados profissionais conseguem ganhar dinheiro com o hobby do cosplay.

Confira abaixo:

 
 

O Patreon traz um conceito interessante de fechamento de círculo, pois se usado corretamente, o dinheiro recebido pelo artista, no caso o cosplayer, pode ser diretamente aplicado nos seus próximos projetos de cosplay, fazendo com que cosplay gere cosplay, melhorando e aumentando a capacidade de um cosplayer de produzir seu material e aparecer na próxima convenção com um novo projeto.

 
 

Stella Chuu com seu cosplay de Supergirl. Foto: Saffels Photography
 

Sob o cenário com estas três maneiras possíveis de estabelecer o cosplay como profissão, alguns cosplayers foram reunidos para debater questões atuais sobre a profissão cosplayer. A comunidade está em constante mudança e vive um momento de evolução engrandecimento da prática.

 
 
 

Os próprios praticantes do cosplay estão em constante questionamento e discussão sobre o futuro que seu hobby pode seguir. O cosplayer hoje tem liberdade de escolher sua trajetória e projetar estratégias que sejam válidas para seu crescimento e evoluir no cosplay dentro de sua preferência.

Seja ele apenas um amante do hobby por sua simples execução ou diversão, ou pela decisão de estendê-lo para o campo profissional, o cosplayer está e estará envolvido nas transformações desta fantasia, sempre se aprimorando e adaptando-se às novidades e compromissos que venham construir sua escolha como tal.